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De Maduro a Bernie Sanders: as reações à libertação de Lula

Os mandatários do continente reagem à saída do ex-presidente brasileiro da prisão

Lula, após sair da prisão em Curitiba.
Lula, após sair da prisão em Curitiba.AFP
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Lula está livre. A notícia se espalhou nesta sexta-feira pela América Latina, uma região sacudida nas últimas semanas por protestos sociais e políticos. Após a crise pós-eleitoral na Bolívia, uma nova mudança política na Argentina, os açoites da violência no México e as manifestações sociais no Chile e no Equador, a libertação do ex-presidente brasileiro ocorre num cenário regional complexo e dividido. A primeira reação do ex-mandatário foi publicar um vídeo dentro da prisão fazendo exercício para comemorar o fim dos 19 meses de encarceramento, mas as respostas se multiplicaram dentro e fora das redes sociais.

Peronismo festeja a libertação

Neste sábado, Buenos Aires será palco de celebrações políticas. A soltura de Lula no Brasil coincidira com a segunda reunião do Grupo de Puebla, que reúne ex-presidentes como Rafael Correa, Ernesto Samper y José Luis Rodríguez Zapatero, além de outros dirigentes progressistas da região. A estrela do evento deveria se Alberto Fernández, o peronista que a partir de 10 de dezembro será o único integrante do encontro com o máximo cargo executivo, mas a libertação de Lula concentrará as atenções durante os dias de discussão. A ideia dos organizadores é que Lula mantenha um contato por videoconferência com o presidente eleito da Argentina durante o discurso de abertura, previsto para a primeira hora da manhã.

“É comovedora a fortaleza de Lula para enfrentar esta perseguição (só essa definição cabe ao processo judicial arbitrário a que foi submetido). Sua integridade demonstra não só o compromisso, mas a imensidão desse homem”, escreveu Fernández em sua conta do Twitter. O vencedor das eleições argentinas nunca ocultou sua preferência por Lula. Visitou-o na prisão de Curitiba durante a campanha eleitoral e pediu sua liberdade, um gesto que lhe valeu o desprezo público do presidente Jair Bolsonaro. O capitão reformado disse, após o triunfo de Fernández, que os argentinos haviam “escolhido mal”, advertiu que estava disposto a romper o Mercosul e confirmou que não pretendia comparecer à posse do seu homólogo argentino.

“Termina hoje uma das maiores aberrações do lawfare [perseguição política a opositores] na América Latina: a privação ilegítima da liberdade do ex-presidente da República Federativa do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva”, escreveu Cristina Fernández de Kirchner nas redes sociais. A ex-presidenta compartilhou mandato com Lula, a quem sempre considerou um aliado-chave nas tentativas de integração lideradas pelos governos de esquerda que dominaram a região na década passada. A prisão de Lula foi uma arma política de Kirchner para atacar os processos por suposta corrupção que ela enfrenta na Argentina.

Maduro, emocionado

“O povo venezuelano está feliz e saúda a liberdade do irmão Lula”, disse emocionado Nicolás Maduro, um aliado fundamental de seu antecessor, Hugo Chávez. No rádio e na TV, Maduro afirmou que a libertação do ex-presidente brasileiro era “uma notícia para o coração dos povos” e lembrou que é “muito emocionante” ver na rua Lula – amigo pessoal de Chávez –, qualificando-o como “um grande líder do Brasil, da América Latina e do mundo”.

O mandatário venezuelano emitiu essas declarações no salão rebatizado por Hugo Chávez como “Néstor Kirchner”, no Palácio de Miraflores, sede do Governo em Caracas, numa sessão do Conselho de Ministros. Maduro refletiu também sobre a importância da unidade latino-americana, “respeitando nossas particularidades e diferenças”, e deu vivas a Lula e ao Brasil.

Um exemplo para Correa e o entusiasmo de Mujica

“Você é exemplo e inspiração para todos nós. Os dias dos traidores estão contados”, escreveu no Twitter Rafael Correa, ex-presidente do Equador. Já o ex-mandatário uruguaio José Mujica afirmou que se trata de um “dia de festa para o povo brasileiro”. “Se eu tiver condições, certamente tentarei vê-lo”, disse o também senador à imprensa de seu país. “Se pudesse acreditar em Deus, teria que agradecê-lo por isso que está acontecendo no Brasil.”

Para Cuba, uma prisão injusta

A chancelaria cubana também celebrou a decisão do juiz de não reter Lula na prisão antes de findadas as oportunidades para recurso: “O povo de Cuba comemora a liberdade de Lula após 580 dias de injusto encarceramento.”

Prudência no México

As reações no México foram mais contidas. O presidente, Andrés Manuel López Obrador, e o chanceler, Marcelo Ebrard, não se pronunciaram nas horas posteriores à soltura de Lula em Curitiba. “A mentira e a manipulação da direita brasileira finalmente foram reveladas”, afirmou Ricardo Monreal, seguidor da política brasileira recente e líder no Senado do Morena, o partido governista e com maioria nas duas câmaras.

A comemoração de Sanders

“Como presidente, Lula fez mais que ninguém para reduzir a pobreza no Brasil e defender os trabalhadores”, disse no Twitter Bernie Sanders, aspirante democrata à presidência dos Estados Unidos. “Estou muito feliz que ele tenha sido libertado da prisão, algo que nunca devia ter acontecido.”

Outras figuras públicas se juntaram à onda de reações após a decisão judicial. “Hoje foi feita justiça”, afirmou Diego Maradona em sua conta do Instagram. O ator mexicano Gael García Bernal limitou-se a compartilhar o tuíte em que o ex-presidente aparece fazendo exercício com a legenda “Lula Livre”. Também houve quem lamentasse a decisão. “Grande dia para a impunidade”, afirmou Eduardo Bolsonaro, deputado e filho do presidente brasileiro.

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Hoy se hizo justicia ❤💪

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