_
_
_
_

Arthur, o xodó de Messi que organiza o meio-campo da seleção de Tite

Criado pelo Grêmio, o goiano de 22 anos chama a atenção pela capacidade de armar o jogo desde adolescente e, após uma temporada no Barcelona, é elogiado pelo argentino

Arthur em sua estreia pela seleção, contra os Estados Unidos.
Arthur em sua estreia pela seleção, contra os Estados Unidos.Lucas Figueiredo (CBF)
Diogo Magri
Mais informações
Arthur: “Não sou Xavi nem Iniesta, mas vou trabalhar para chegar no nível deles”
As oito apostas de Tite que projetam a seleção brasileira de 2022

Arthur, você é nível Barcelona! Você é Xavi, você é Iniesta!”. Em se tratando de um meio-campo que defende a equipe catalã há uma temporada, o elogio parece atual, mas é de 2014. Na época, quando defendia a equipe sub-20 do Grêmio, Arthur já encantava seu treinador, André Jardine – autor dos incentivos e hoje técnico da seleção brasileira de base – pela qualidade do seu passe e pela importância na manutenção da posse de bola da equipe, características que lembravam o estilo de jogo do Barça eternizado pela dupla de meias espanhóis. Pelo Grêmio, o volante se tornou titular em 2017, mesmo ano em que ganhou a Libertadores e foi eleito o melhor jogador do torneio. Em junho de 2018, cumprindo a profecia de Jardine, ele desembarcou na Espanha como novo jogador do Barcelona. Desde que vestiu a camisa blaugrana, com a qual provou para os europeus ter o “DNA Barça” e rendeu elogios até de Messi – “me lembra o Xavi” –, Arthur esteve em todas as convocações para amistosos do Brasil e se tornou peça-chave, mesmo com somente 22 anos, para o meio-campo de Tite na Copa América 2019.

“Ele tem, mesmo, um pouco de Iniesta e um pouco de Xavi. Mas, se fosse para escolher um dos dois, ele tá mais para Xavi”, opina Guila Bossle, treinador da equipe sub-19 do Grêmio, concordando com Messi. Bossle foi auxiliar técnico da equipe de aspirantes gremista entre 2015 e 2016, quando trabalhou com Arthur. O atleta, mesmo com 19 anos, já fazia parte da categoria sub-23. Era a última etapa da formação do jogador antes de chegar à equipe profissional, onde ele encontrou o treinador Renato Gaúcho. “Ele é um jogador moderno. Clareia o jogo quando as coisas estão difíceis em campo”, completa Renato.

Arthur tem essa qualidade desde a pré-adolescência. Vindo de Goiânia, ele se mudou com o pai para Porto Alegre para ingressar na equipe sub-14 do Grêmio, onde chegou a enfrentar Guila Bossle, então treinador desta categoria no Juventude de Caxias do Sul. “Tudo que ele faz hoje ele já fazia com 14 anos. Sempre me dava problemas; eu mandava dois marcarem ele, mas ele fugia muito fácil. Depois, foi uma honra trabalhar a seu favor”, admite o treinador. Bossle revela que o clube sempre teve uma expectativa alta em cima da promessa, graças ao seu “entendimento de jogo avançado e comprometimento com o trabalho”. Não à toa, Arthur, com 19 anos, já treinava com a equipe profissional e fazia parte do time de aspirantes.

Como auxiliar dos aspirantes, Bossle viu Arthur aprender nos treinos com os treinadores Roger Machado, Renato Gaúcho e todo o time tricolor principal e, quando não era relacionado para partidas no profissional, descer para manter o ritmo de jogo com os mais jovens no sub-23. Foi assim durante 2015 e 2016, quando o volante jogou apenas duas vezes na equipe de Renato; 45 minutos na derrota contra o Aimoré por 2 a 1, em fevereiro de 2015, pelo campeonato gaúcho, e mais 36 minutos na derrota por 1 a 0 contra o Botafogo, na última rodada do Brasileirão de 2016. Arthur só foi vencer pela primeira vez vestindo a camisa gremista em seu quinto jogo profissional, já em fevereiro de 2017. Nos meses seguintes, explodiu. Tornou-se titular, homem de confiança no meio-campo do Grêmio e terminou a temporada como campeão e melhor jogador da Libertadores. “O Renato soube a hora certa de usar ele e seu estilo de jogo casou completamente com o time, que prezava pela posse de bola”, elogia Bossle.

Foram as características de Arthur que colocaram o Barça como destino certo do jovem jogador. Lesionado na final da Libertadores, o volante foi desfalque do Grêmio no Mundial de Clubes, quando os gaúchos perderam a final para o Real Madrid. Seis meses depois, figurou na lista brasileira de suplentes para a Copa do Mundo e foi apresentado pelo Barcelona, que pagou 31 milhões de euros, em julho. Seu valor subiu imediatamente para 400 milhões de euros mesmo antes de Arthur começar a ser comparado pelos espanhóis a meio-campistas do nível de Guardiola, Xavi, Iniesta, Busquets e Thiago Alcântara: todos moldados pelas canteras do Barça. “Gosto muito dele”, revelou Messi apenas dois meses após a chegada do brasileiro. “Me surpreendeu e é muito seguro”.

Foram 44 jogos pelo Barcelona na temporada e um título espanhol. Uma lesão em fevereiro de 2019 fez com que Arthur perdesse alguns jogos e acabasse preterido por Vidal no time titular dos confrontos mais decisivos da temporada, como contra o Liverpool, mas nada que impedisse o meia de estar presente em todos os amistosos pós-Copa do Mundo da seleção. Jogou os oito jogos, cinco como titular. “Se eu fosse escolher, com certeza ele estaria no time titular [para a Copa América]”, afirma Guila Bossle. Para o treinador, ele se encaixa perfeitamente no trio de meias centrais que Tite normalmente escala. “Não tem a intensidade de um Paulinho, por exemplo, mas evoluiu muito na Europa jogando de segundo volante. E também pode substituir Casemiro, numa função mais de marcação”, diz Bossle.

Arthur concorre com Lucas Paquetá, Allan, Casemiro e Fernandinho pela vaga de titular na seleção. Pela temporada que fez, é favorito para começar jogando as próximas partidas da seleção, incluindo o último amistoso antes da estreia na Copa América, no dia 9 de junho, contra Honduras, no estádio Beira-Rio. A casa do Internacional, maior rival dos gremistas. É lá que Bossle planeja rever o pupilo. “Depois que ele foi para o Barcelona, nunca mais nos encontramos, apesar de sempre trocarmos ideias pelo direct do Instagram”. No calendário do torneio, a seleção visita São Paulo e Salvador na primeira fase, e voltaria a Porto Alegre nas quartas de final caso se classifique com a melhor campanha do grupo – desta vez, jogando na Arena do Grêmio. Um confronto que marcaria a volta de Arthur para o gramado onde surgiu para o futebol e foi campeão estadual, nacional e continental, mas agora com a projeção internacional de uma estrela para valer do Barcelona e da seleção brasileira. E somente com 22 anos.

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo

¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?

Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.

¿Por qué estás viendo esto?

Flecha

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.

Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.

En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.

Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_