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Após guerra jurídica, Lewandowski garante entrevista de Lula ao EL PAÍS

Polícia Federal havia imposto presença de outros veículos em entrevista exclusiva ao jornal e à 'Folha de S.Paulo', que será realizada nesta sexta-feira em Curitiba

O ex-presidente Lula, no dia em que ele foi preso, em uma imagem de arquivo.
O ex-presidente Lula, no dia em que ele foi preso, em uma imagem de arquivo.NELSON ALMEIDA (AFP)

O ministro do Supremo Tribunal Federal Ricardo Lewandowski acatou nesta quinta-feira pedido da defesa do EL PAÍS e manteve a entrevista exclusiva que o ex-presidente Lula concede ao jornal e à Folha de S.Paulo nesta sexta-feira, 26 de abril, na superintendência da Polícia Federal em Curitiba. Anteriormente, o delegado da PF Luciano Flores de Lima havia transformado a entrevista em uma espécie de coletiva de imprensa, permitindo que outros veículos participassem da conversa na condição de ouvintes, sem o consentimento prévio dos advogados do ex-presidente. O EL PAÍS e a Folha de S.Paulo acordaram a conversa há mais de oito meses com a defesa do petista e, na semana passada, obtiveram no STF a autorização para encontrar Lula na sede da PF em Curitiba, onde ele cumpre pena de 8 anos e 10 meses de prisão no caso do triplex do Guarujá.

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"A liberdade de imprensa, apesar de ampla, deve ser conjugado com o direito fundamental de expressão, que tem caráter personalíssimo, cujo exercício se dá apenas nas condições e na extensão desejadas por seu detentor, no caso, do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva", escreveu Lewandowski, horas depois do despacho do delegado Lima.

A entrevista vinha sendo negociada com a defesa de Lula desde o ano passado. Em setembro, o doutor Cezar Brito, ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, entrou com uma reclamação constitucional alegando o direito do jornalista Florestan Fernandes, do EL PAÍS, entrevistar o ex-presidente. O ministro Ricardo Lewandowski acatou o pedido, mas o ministro Dias Toffoli suspendeu a decisão do colega acatando uma ação do Partido Novo, que alegava que o período eleitoral era inconveniente para a entrevista. Mas no dia 18 de abril o presidente da Corte, Dias Toffoli liberou os dois veículos a conversar com Lula.

A assessoria do ex-presidente criticou a decisão da PF de convocar uma coletiva de imprensa, afirmando que "a superintendência da Polícia Federal no Paraná determinou a constituição de uma plateia para jornalistas convidados por ela própria para assistir a entrevista sem direito de fazer perguntas". Ainda segundo a nota, a medida "desrespeita o trabalho dos jornalistas e dos veículos de comunicação que há oito meses obtiveram autorização para entrevista na época das eleições, ou seja, o El País e a Folha de S. Paulo, entrevistas que ficaram suspensas por oito meses devido a uma decisão liminar cassada na semana passada".

Em despacho feito nesta quinta-feira o delegado da PF Luciano Flores de Lima decidiu transformar a entrevista do ex-presidente ao EL PAÍS e à Folha em uma espécie de entrevista coletiva. A assessoria do órgão enviou mensagem para veículos de imprensa que também haviam solicitado entrevista com o ex-presidente dizendo que poderiam participar na condição de ouvintes. No texto a PF informa que "não se tratará propriamente de uma coletiva de imprensa, porém, jornalistas pré cadastrados poderão participar da entrevista, embora só poderão realizar suas perguntas se autorizado pelo entrevistando Sr. Luiz Inácio Lula da Silva".

Ao que tudo indica, a decisão de Lima foi motivada por uma petição feita por advogados da revista Crusoé e do site O Antagonista, que acionaram a Justiça para que também pudessem entrevistar Lula - sem a devida autorização do petista. A defesa de Lula já recorreu ao STF para que seja mantida a entrevista exclusiva ao EL PAÍS e à Folha.

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