_
_
_
_
_

Como calar a boca dos machões que dizem que a Capitã Marvel não sorri

Assim fica evidente de modo ilustrativo e literal o sexismo que rodeia o primeiro filme da Marvel protagonizado por uma mulher, que será lançado neste 8 de março

Imagem de divulgação de Brie Larson como Capitã Marvel
Imagem de divulgação de Brie Larson como Capitã MarvelMARVEL STUDIOS
Mais informações
Carga mental: a tarefa invisível das mulheres de que ninguém fala
Por que Mulher Maravilha é a primeira super-heroína que busca a igualdade entre homens e mulheres
Chega ao cinema a primeira heroína ‘plus size’

Não chega nem a dois minutos, mas quando foi divulgado o trailer de Capitã Marvel, o primeiro filme do universo Marvel estrelado por uma mulher, que será lançado neste 8 de março, o quintal da Internet ficou mais do que alvoroçado.

Lá estão aqueles que gritaram aos céus ao ver Brie Larson, na pele da super-heroína protagonista, Carol Danvers, acertando um soco em uma simpática idosa. Não é motivo para pânico, pois a mulher, de acordo com a ficção, representa um Skrull, uma raça de alienígenas que mudam de forma. Há também os que demonstraram sua repulsa ao ver que Larson não sorri muito nas imagens do trailer, esfriando a boa acolhida que o projeto teve entre os fãs da heroína. Um usuário viralizou um tuíte em que recorreu a um aplicativo que transforma rostos para fazer Brie Larson sorrir em várias imagens promocionais do filme: "Eu consertei a Capitã Marvel", tuitou.

Passaram-se mais de seis anos desde a popularização da ação de protesto feminista da artista do Brooklyn Tatyana Fazlalizadeh, aquele que, sob o slogan Stop Telling Women To Smile, ("Parem de Pedir Que as Mulheres Sorriam) encheu várias cidades com cartazes de ilustrações femininas com esse lema. Quase uma década parece suficiente para avançar na igualdade nesse campo, mas alguns setores sociais não superam a necessidade de ver mulheres alegres e serviçais a todo o momento, até mesmo em um gênero em que claramente não se exige isso dos super-heróis.

Na revista The Mary Sue, que analisa atualidade cultural com um viés feminista, foi apresentada em setembro uma argumentação em favor da interpretação de Larson. Em Não Peça que a Capitã Marvel Sorria, Rachel Leishman comparou vários trailers de outros super-heróis do universo da Marvel (Capitão América, Thor, Homem-Aranha) em que os protagonistas não sorriem e isso não provocou a indignação de ninguém. "A verdadeira questão é: aonde você quer chegar? Nenhum desses homens sorri. A Marvel não precisa de heróis que sorriam nos trailers de seus filmes. Todo herói é sério e está pronto para salvar o mundo. Talvez Carol deva voltar para o espaço exterior e deixar que todos os seus personagens favoritos morram, se todos vocês vão ficar amargurados porque não sorri”, afirma Leishman.

Um debate machista que, além disso, foi encerrado com o clássico truque da inversão de gênero: uma usuária do Twitter decidiu fazer o mesmo com os cartazes dos heróis da Marvel. Isto é, alterar os seus rostos e fazê-los sorrir. O resultado mostra, de modo ilustrativo, o absurdo de todo este debate.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_