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Mangueira, levantando a bandeira de Marielle, é a grande campeã do Carnaval Rio 2019

Escola de samba carioca homenageou heróis da resistência, negros e índios, que não saíam nos livros

Bandeira com o rosto de Marielle Franco no desfile da Mangueira.
Bandeira com o rosto de Marielle Franco no desfile da Mangueira.Leo Correa (AP)
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A Estação Primeira de Mangueira se consagrou como a grande campeã do Carnaval do Rio de Janeiro em 2019. É o 20º título da escola, que deixou a Marquês de Sapucaí aos gritos de "é campeã" vindo das arquibancadas na madrugada de terça-feira. A Mangueira defendeu o enredo História para ninar gente grande, criado pelo carnavalesco Leandro Vieira, que exaltou líderes que influenciaram a história do Brasil, especialmente índios e negros. Um dos momentos mais marcantes do desfile foi a inclusão de uma homenagem à vereadora Marielle Franco, assassinada em março de 2018 e cujo crime permanece sem solução.

"É um recado político para o presidente Bolsonaro. Isso daqui é a festa do povo. Carnaval é a festa do povo, não o que ele acha que é", disse o carnavalesco em provável referência ao tuíte com material obsceno emitido por Bolsonaro, no qual ele diz que cena é emblemática do que tinha "virado muitos blocos de rua". "O Carnaval da Mangueira é o Carnaval do povo, da arte, da cultura popular!", seguiu Vieira.

"A Mangueira chegou/ Com versos que o livro apagou/ Desde 1500 tem mais invasão do que descobrimento/ Tem sangue retinto pisado/ Atrás do herói emoldurado/ Mulheres, tamoios, mulatos/ Eu quero um país que não está no retrato", diz a letra do samba vencedor de 2019. “Um enredo emocionante”, comemorou Alcione na terça. A cantora representou Dandara, a mulher de Zumbi dos Palmares. “Foi uma honra representar Dandara, uma líder das pessoas escravizadas”, afirmou. A cantora Leci Brandão, que é mangueirense, disse ter sido tomada por um misto de sentimentos durante o desfile. “A gente entra para a ala dos compositores nos anos de 1970 e, em 2018, ter o nome no samba é para gente chorar, principalmente porque vim representando Luiza Mahin”, afirmou a artista, se referindo a uma escrava que lutou pela libertação dos negros brasileiros também homenageada no desfile.

As escolas foram avaliadas quanto a bateria, samba-enredo, harmonia, evolução, enredo, mestre-sala e porta-bandeira, alegorias e adereços, fantasias e comissão de frente. A Mangueira teve nota máximo em todos os quesitos. Em segundo lugar, ficou a Unidos do Viradouro e, em terceiro, a Vila Isabel. As três campeãs voltam à Sapucaí no sábado, dia 9, para um novo desfile, ao lado de  Portela, Salgueiro e Mocidade.

Com Agência Brasil.

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