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EUA revogam visto de agentes sauditas suspeitos de matar o jornalista Khashoggi

Secretário de Estado diz que outras sanções serão adotadas, mas Trump evita culpar diretamente Riad

Amanda Mars
Mike Pompeo nesta terça-feira em Washington, durante uma entrevista coletiva
Mike Pompeo nesta terça-feira em Washington, durante uma entrevista coletivaAndrew Harnik (AP)
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Arábia Saudita admite, pela primeira vez, que jornalista desaparecido morreu em consulado
Erdogan aponta premeditação no “selvagem” assassinato de Khashoggi
Jornalista saudita foi torturado e esquartejado ainda vivo, diz a imprensa turca

A crescente pressão pelo brutal assassinato do jornalista saudita Jamal Khashoggi, crítico da monarquia absolutista do seu país, obrigou a administração de Donald Trump a mover as peças e anunciar uma primeira medida de resposta. O secretário de Estado Mike Pompeo informou nesta terça-feira, 23, à imprensa que será revogado o visto dos funcionários do país supostamente envolvidos na morte do repórter, que vivia nos EUA e era colunista regular do The Washington Post. Trata-se de uma penalização leve, embora Washington advirta que outras medidas surgirão à medida que as investigações avançarem.

“Estas sanções não serão a última palavra dos EUA sobre este assunto”, disse o chefe da diplomacia norte-americana. “Estamos deixando claro que não toleraremos esta forma desumana de silenciar o senhor Khashoggi, um jornalista, por meio da violência”, acrescentou. Pompeo informou que os EUA tinham identificado como supostos responsáveis não só agentes de inteligência, mas também funcionários da corte real e de diferentes ministérios.

Pela manhã, o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, qualificou como “selvagem” o episódio, ocorrido no consulado saudita de Istambul, e assegurou que, contra a versão do regime saudita, tratou-se de uma morte planejada e não fruto de uma briga. Riad demorou mais de duas semanas para admitir que o jornalista morreu no consulado, e agora atribui a culpa a agentes que, segundo sua versão, não atuaram sob as ordens do regime.

Trump se referiu na tarde desta terça-feira ao ocorrido como “o pior acobertamento da história”. “Foi um fiasco total”, acrescentou. Mesmo assim, não apontou o dedo para o regime, um de seus sócios comerciais mais valiosos, com um contrato de venda de armas de mais 100 bilhões de dólares assinado em 2017, e um aliado-chave contra o Irã. Mesmo assim, vários legisladores norte-americanos, tanto democratas como republicanos, pressionaram para que o Governo responda com dureza a uma morte que atribuem à monarquia saudita. Perguntado sobre isso, o presidente disse que deixaria a aprovação de possíveis sanções nas mãos do Congresso.

Khashoggi foi em 2 de outubro à missão diplomática da Arábia Saudita em Istambul e nunca chegou a sair do edifício. Os investigadores turcos acreditam que foi torturado e esquartejado para facilitar a saída ou desaparecimento de seu cadáver. O Governo de Ancara advertiu que não aceitará que os funcionários com as mãos manchadas de sangue sejam os únicos responsáveis pelo ocorrido. “Culpar alguns agentes de segurança e da inteligência por este caso não nos satisfará, nem à comunidade internacional”, disse Erdogan durante a manhã.

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