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Peritos turcos procuram vestígios de jornalista desaparecido em van do consulado

Buscas também foram ampliadas ao bosque de Belgrado, situado na periferia de Istambul

Peritos policiais turcos deixam o consulado da Arábia Saudita em Istambul, nesta quinta-feira
Peritos policiais turcos deixam o consulado da Arábia Saudita em Istambul, nesta quinta-feiraOZAN KOSE (AFP)
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A polícia científica turca revistou nesta sexta-feira, 19, uma van com placas do consulado saudita em Istambul, devido às suspeitas de que o veículo tenha servido para transportar o jornalista Jamal Khashoggi, desaparecido e supostamente assassinado nessa legação diplomática. Segundo o jornal turco Yeni Safak, vários médicos legistas examinaram durante três horas a Mercedes Vito que aparece numa das gravações do dia 2 de outubro, quando o repórter foi visto pela última vez, entrando no consulado para resolver um trâmite burocrático.

Duas horas depois de Khashoggi chegar ao local, a van saiu de lá com direção à residência do cônsul, que fica a 200 metros. Os especialistas fizeram testes no veículo com produtos químicos usados para detectar restos genéticos. Os investigadores também analisam amostras de DNA colhidas no consulado e na residência do cônsul, para ver se coincidem com o DNA da suposta vítima. As forças de segurança turcas investigam outros veículos da legação diplomática que foram usados no dia do desaparecimento do jornalista.

As autoridades ampliaram a busca do corpo de Khashoggi ao bosque de Belgrado, situado na periferia de Istambul, e a uma zona rural próxima da cidade de Yalova, 100 quilômetros ao sul do Istambul, na costa do mar de Mármara. Espera-se que o inquérito sobre o caso seja concluído nos próximos dias.

Vários meios de comunicação turcos e estrangeiros revelaram nos últimos dias que a Turquia tem provas de que o jornalista foi torturado e assassinado no consulado, embora o Governo de Ancara não tenha se manifestado oficialmente a respeito. O ministro turco da Justiça, Abdulhamit Gül, declarou nesta quinta-feira, 18, que o Governo espera que “a investigação dê resultados dentro de muito pouco”, e atribuiu o atraso à dificuldade de entrar nos edifícios diplomáticos, o que exige uma autorização formal da Arábia Saudita.

Washington começa a assumir a morte de Khashoggi

Apesar das declarações públicas dos líderes dos EUA que pedem prudência em não apressar conclusões, os serviços de inteligência desse país estão cada vez mais convictos do envolvimento do príncipe herdeiro Mohamed bin Salman, homem-forte do reino, informa o The New York Times. Embora não disponham de provas que o envolvam diretamente, há “crescentes indícios circunstanciais” apontando nesse sentido. Entre eles que, entre os 15 sauditas suspeitos de serem autores materiais do crime, há várias pessoas muito próximas do príncipe.

Jornalistas indonésios protestam pelo desaparecimento de Khashoggi na embaixada da Arábia Saudita em Jacarta
Jornalistas indonésios protestam pelo desaparecimento de Khashoggi na embaixada da Arábia Saudita em JacartaBEAWIHARTA (REUTERS)

Donald Trump pediu à Turquia que lhe entregue uma suposta gravação que provaria que Khashoggi foi assassinado e esquartejado. Entretanto, os turcos ainda não mostraram essa prova a seus aliados norte-americanos e europeus, segundo sete fontes de segurança ouvidas pela Reuters. Nesta sexta, segundo a CNN turca, o chanceler Mevlut Cavusoglu reiterou que o Governo não compartilhou nenhuma gravação de áudio com ninguém.

Mas em Washington começa a se assumir publicamente que Khashoggi está morto. Trump afirmou nesta quinta que “certamente parece que sim” e alertou que, se confirmado o envolvimento dos sauditas, estudará “consequências muito graves” para seu aliado.

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