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Estupro coletivo choca o Chile

Mulher de nacionalidade argentina, de 28 anos, denunciou ter sido estuprada no domingo por um grupo de homens vestidos de torcedores da Universidad de Chile

Rocío Montes
Manifestação feminista no Chile.
Manifestação feminista no Chile.Esteban Felix (AP)

Depois de a polêmica condenação na Espanha do grupo de jovens autodenominado La Manada ter instalado no Chile um clima especialmente sensível à violência machista, um caso de estupro coletivo chocou o país sul-americano. Uma mulher de nacionalidade argentina, de 28 anos, denunciou ter sido estuprada no domingo por um grupo de homens vestidos de torcedores da Universidad de Chile logo depois do jogo que o time de futebol disputou contra a Universidad de Concepción. A vítima está internada em estado de choque em uma clínica na zona leste de Santiago e a identidade dos agressores é desconhecida, embora a polícia esteja estudando imagens que registraram a agressão.

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O ataque aconteceu nos arredores da estação de metrô Ñuble, perto do Estádio Nacional, na capital chilena, no município de Ñuñoa, onde aconteceu a partida que terminou por volta das19h15. O grupo de cinco homens levou a vítima a uma praça próxima para estuprá-la e roubar seus pertences, como o celular. A mulher conseguiu voltar para casa por seus próprios meios, onde contou o acontecido ao marido –também de nacionalidade argentina, segundo a polícia–, que a levou imediatamente a um hospital.

O caso está nas mãos do Ministério Público de Ñuñoa, que não pôde interrogar de imediato a vítima devido ao estado de choque em que ficou depois do ataque. As primeiras investigações foram feitas pela 35ª Delegacia de Crimes Sexuais dos Carabineiros. “Quando saiu do metrô na estação Ñuble para ir para casa, a mulher foi cercada por um grupo de indivíduos de um determinado time de futebol [da Universidad de Chile]”, disse a capitã Lisette Doubeoubril. “A vítima afirmou que três desses indivíduos a teriam intimidado com uma faca, levando-a para um lugar ermo, onde teriam roubado seu telefone celular e posteriormente abusado sexualmente dela”, disse a polícia.

A ministra da Mulher e da Igualdade de Gênero, Isabel Plá, condenou os fatos. “Faremos todas as ações necessárias para que todas as mulheres se sintam protegidas”, disse a secretária de Estado, que anunciou um trabalho conjunto com os funcionários do metrô para prevenir esses abusos, que, segundo a ministra, não são isolados dentro da rede e seus arredores.

A torcida organizada do time de futebol Universidad de Chile, Los de Abajo, repudiou o estupro coletivo. “Não toleraremos que covardes dessa laia vistam nossa camiseta. Se forem efetivamente torcedores de la U, saibam que vamos encontrá-los”, disseram em um comunicado os torcedores do clube, um dos mais populares do país. “Manifestamos nosso total apoio e solidariedade à vítima e pedimos desculpas aos torcedores de la U (...). Se não forem torcedores do clube, condenamos o fato da mesma forma, pois acreditamos em um clube e em uma torcida mais respeitosa e inclusiva com as mulheres, sem nenhum tipo de violência contra o gênero feminino, nem física nem psicológica. Continuaremos lutando para que nossas camaradas e todas as mulheres sejam respeitadas e que algo semelhante jamais volte a acontecer”, afirmou a torcida Los de Abajo.

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