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Equador confirma o assassinato dos dois jornalistas e o motorista sequestrados

O presidente equatoriano, Lenín Moreno, anuncia uma operação militar na zona fronteiriça com a Colômbia contra uma dissidência das FARC responsável pelo crime

Manifestação em apoio dos repórteres e motorista sequestrados, em 1 de abril, em Quito.
Manifestação em apoio dos repórteres e motorista sequestrados, em 1 de abril, em Quito.CRISTINA VEGA (AFP)

O presidente do Equador, Lenín Moreno, informou na tarde desta sexta-feira que os dois jornalistas e o motorista sequestrados havia 18 dias na fronteira entre a Colômbia e o Equador foram assassinados. Duas horas depois de concluído o prazo dado pelo mandatário para que fossem apresentadas provas de vida, as autoridades não receberam a comprovação. “Temos informação que confirma o assassinato. Os criminosos nunca tiveram a vontade de libertá-los, a única coisa que queriam era ganhar tempo”, disse Moreno em um pronunciamento público.

“Vão ser iniciadas imediatamente ações militares na zona fronteiriça, coordenadas com a Colômbia”, anunciou também o presidente equatoriano. O país vizinho havia enviado à primeira hora da manhã a Quito o ministro da Defesa, o comandante geral das Forças Militares e o diretor da Polícia para que se incorporassem ao Comitê de Segurança. “Já foram deslocadas para a fronteira as equipes necessárias para implementar as ações que forem decididas”, havia antecipado Andrés Michelena, o secretário de Comunicação do Equador.

Há alguns dias o sequestro dos dois jornalistas vinha mantendo apreensivas as autoridades e os cidadãos dos dois países andinos. Trata-se do repórter Javier Ortega, de 32 anos, sequestrado em 26 de março com o fotógrafo Paúl Rivas, de 45, e o motorista Efraín Segarra, de 60. Desapareceram ao entrar na conflituosa zona de Mataje, no norte do Equador, para fazer uma reportagem sobre o clima de violência na província de Esmeraldas, na região da fronteira, onde bandos de narcotraficantes se misturam com grupos de dissidentes das FARC que não aceitaram o processo de paz. Suas famílias vinham mantendo uma luta diária para que a preocupação com os sequestrados não fosse esfriando com o passar dos dias.

Desde o início as autoridades equatorianas atribuíram o sequestro a um grupo relacionado com o narcoterrorismo, liderado pelo dissidente das FARC Walter Arízala, a quem responsabilizam também pela onda de violência no lado equatoriano da fronteira norte desde finais de janeiro. O primeiro aviso foi um carro-bomba que explodiu diante do quartel da polícia de San Lorenzo, deixando cerca de trinta feridos e quase cinquenta casas destruídas.

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Na noite de quinta-feira Lenín Moreno adiou a incerteza sobre a possível morte dos funcionários do jornal El Comercio. "Dou um prazo de 12 horas a esses narcos para que nos entreguem a prova da existência de nossos patriotas”, afirmou o mandatário em uma declaração poucos minutos depois de aterrissar no aeroporto Marechal Sucre, de Quito, de regresso da Cúpula das Américas, realizada em Lima.

Com expressão de angústia e raiva, à beira das lágrimas, o presidente ameaçou quem fez circular três fotografias nas quais supostamente apareciam os corpos dos jornalistas e seu motorista. As imagens chegaram à televisão colombiana RCN e foram colocadas à disposição das autoridades para verificação.

Horas antes, o ministro equatoriano do Interior, César Navas, esteve com o responsável de criminalística que havia analisado as três imagens e também evitou confirmar ou desmentir o desenlace do sequestro. Saiu entre vaias dos jornalistas. O coordenador de Criminalística, Fausto Olivo, afirmou que havia grande probabilidade de que os corpos que aparecem nas fotografias fossem os dos três sequestrados, dadas as coincidências na roupa e no único rosto que se pode ver, mas que não era possível dar uma resposta “conclusiva”.

Na quarta-feira circulou também em redes sociais um suposto comunicado atribuído à frente Oliver Sinisterra, controlada pelo guerrilheiro dissidente das FARC conhecido como Guacho. Nele se dizia que seu grupo havia assassinado os jornalistas depois de uma intervenção das forças militares.

O ex-presidente do Equador Rafael Correa se manifestou em apoio aos profissionais sequestrados, depois de dias de silêncio quase absoluto. “Nestes momentos temos de superar qualquer diferença para que se faça justiça pelo assassinato de Javier, Paúl e Efraín”, escreveu no Twitter. “E, sobretudo, para garantir a segurança em nosso país, e que nunca mais nos faltem nem três nem ninguém. Nosso abraço fraterno a suas famílias.”

Os sequestradores enviaram há uma semana um vídeo como prova de vida, no qual divulgavam suas duas petições para libertar os equatorianos: que houvesse uma troca por três membros de seu grupo detidos nos últimos meses e que o Equador suspendesse o convênio de cooperação com a Colômbia para lutar contra o narcotráfico.

A Comissão Interamericana de Direitos Humanos havia emitido “medidas cautelares” em favor dos três sequestrados. “Esta decisão ordena aos Estados equatoriano e colombiano” fazerem o necessário “para salvaguardar a vida dos três jornalistas, garantir que estes possam desenvolver suas atividades jornalísticas sem intimidação, ameaças ou outros atos de violência e informar sobre ações adotadas para investigar os fatos”.

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