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Com Lula prestes a ser preso, PT encara insólita decisão de definir candidatura à presidência

Lideranças se reúnem em São Paulo para definir futuro após decisão do STF e falam em “prisão política”. Iminência de Lula na prisão não muda planos de mantê-lo candidato

Apoiador de Lula, em ato nesta quarta em Brasília.
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Lideranças do Partido dos Trabalhadores viajavam na manhã desta quinta para São Paulo, para participar de uma reunião do diretório para analisar a decisão da Corte Suprema que coloca o ex-presidente Lula mais perto da prisão. Um quadro insólito foi aberto para a legenda, com a rejeição do pedido de habeas corpus do ex-presidente Lula pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento desta quarta. Petistas ainda guardavam alguma esperança que a ministra Rosa Weber pudesse seguir suas convicções a respeito da prisão apenas após o trânsito em julgado – com possibilidade de recursos no Superior Tribunal de Justiça ou até no próprio STF – , mas Weber seguiu a decisão colegiada de 2016, que prevê a prisão do réu logo após a segunda instância. Por 6 votos a 5, a Corte frustrou o sonho do partido de ver Lula livre e mais perto das urnas.

Por ora, os petistas assimilam o peso da derrota na Corte que, em tese, mexerá nas peças do xadrez eleitoral do PT. Respaldado pelas pesquisas, que mostram o ex-presidente em primeiro lugar em todos os cenários, o partido sustenta que Lula continua seu pré-candidato e descarta qualquer possível plano B, caso a candidatura de seu maior líder seja impedida. “Lula continua nosso candidato porque ele é inocente. Será candidato porque não é o desejo só do PT mas de boa parcela da população”, disse a presidenta da legenda, Gleisi Hoffmann. O último levantamento do instituto Datafolha, de janeiro, mostrava o petista com 36% das intenções de voto.

A decisão de desistir da candidatura caberia somente a Lula. Ou seja, a depender do PT, tudo fica como está, ainda que ele venha a ser preso. Contam, assim, com os recursos cabíveis para se registrar como candidato no Tribunal Superior Eleitoral – inclusive recorrendo ao STF – e para “driblar” a Lei da Ficha Limpa, que proíbe candidatos com problemas na Justiça de concorrer. Segundo Hoffmann, a defesa do ex-presidente está analisando as medidas cabíveis depois da decisão do STF. Em comunicado, os advogados de Lula afirmaram que vão tomar as medidas legais para evitar “que a antecipação da pena imposta automaticamente pelo TRF-4 seja executada, porque é incompatível com a Constituição Federal e com o caráter ilegal da decisão que condenou Lula por crime de corrupção baseado em 'atos indeterminados'”, escreveram os advogados Cristiano e Valeska Zanin Martins, pontuando que eles têm “a firme expectativa de que essa condenação será revertida por um órgão justo, imparcial e independente.”

A presidenta do PT, por sua vez, procurou destacar o cerceamento da liberdade à luz da Constituição. “Se acontecer qualquer violência com o presidente [em referência à detenção], será uma prisão política”, completou Gleisi Hoffmann. A chance de isso ocorrer, no entanto, é incerta, uma vez que a definição da data da prisão de Lula está nas mãos do juiz Sérgio Moro.  O juiz de Curitiba emitiu ordem de prisão no final da tarde desta quinta. Antes disso, o Tribunal Regional Federal da quarta Região (TRF-4) havia publicado o acórdão [decisão do colegiado] negando os embargos de declaração do ex-presidente no dia 27 de março, solicitados por sua defesa questionando pontos da condenação determinada por essa corte para o caso de crime de corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do triplex do Guarujá. Em tese, o petista já poderia ser preso desde então. Mas, uma liminar garantiu que a sentença só fosse cumprida após análise do habeas corpus pedido pelo ex-presidente no STF, o que aconteceu nesta quarta dia 4.

A militância já conta que o ex-presidente pode ser preso a qualquer momento. Nos bastidores, a imprensa política noticia que Lula estaria finalmente pronto para abrir mão de sua candidatura e abrir caminho a outro nome. Tudo ainda no campo das especulações que podem ser esclarecidas ao longo desta quinta.

O ex-presidente passou o dia do seu julgamento do Supremo na sede do sindicato dos metalúrgicos em São Bernardo do Campo, ao lado de lideranças do partido, incluindo a ex-presidenta Dilma Rousseff e o ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, e o candidato ao governo de São Paulo, Luiz Marinho. Após a decisão do Supremo, optou por manter o silêncio. Por ora, o único certo é que diante da possibilidade de um pedido de prisão, as caravanas que o Partido dos Trabalhadores vinha realizando desde o ano passado pelo Brasil, devem ser suspensas. Outra possibilidade que não está descartada é a de o ex-presidente se entregar espontaneamente, evitando assim, uma operação da Polícia Federal para levá-lo à prisão. Um final dramático para o líder que desperta paixões, para o bem e para o mal, no Brasil e no exterior.

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