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Wangari Maathai, a queniana que semeou árvores e ideais

Quando essa Nobel da Paz morreu, havia mais de 47 milhões de árvores plantadas graças à sua iniciativa

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A vida de Wangari Maathai foi muito diferente da de outras meninas africanas de sua geração. Essa distinção a ajudou a seguir um caminho que terminou por lhe dar o Nobel da Paz em 2004 — a primeira mulher africana a recebê-lo. Nascida e criada no distrito de Nyeri, na época parte da colônia britânica do Quênia, entrou na escola aos oito anos –— um internato da Missão Católica Mathari, onde aprendeu inglês e que lhe abriu as portas para a única instituição preparatória católica de mulheres no Quênia, o Colégio Loreto, em Limuru. Naquele momento, o colonialismo estava chegando ao fim na África Oriental, e os políticos lutavam para dar educação a suas jovens promessas; foi quando John F. Kennedy, então senador dos Estados Unidos, decidiu financiar um programa para que estudantes africanos estudassem no país. Maathai foi um dos 300 escolhidos.

Graduou-se em Biologia no atual Benedictine College, no Kansas, com especializações em química e alemão. Depois, passou para a Universidade de Pittsburg, onde fez um mestrado também em Biologia, em 1966. Ali, pela primeira vez, participou de um evento relacionado com o meio ambiente. Voltou à África e ingressou como ajudante no Departamento de Anatomia Veterinária da Universidade de Nairóbi. Depois de alguns anos ali, fez um doutorado nas universidades de Giessen e Munique, na Alemanha. Foi a primeira mulher da África Oriental a ter um doutorado. Lutou sempre a partir da Associação de Mulheres Universitárias, onde ampliou sua visão como ativista. Fundou em 1977 o Movimento Cinturão Verde, um sistema de plantação de sementes para as mulheres. Ingressou também na política. Foi parlamentar no Quênia e integrou o Conselho de Honra do World Future Council. No dia em que Maathai morreu, por câncer de ovário, em 2011, havia mais de 47 milhões de árvores plantadas graças à sua iniciativa e à ideia de que a luta pelo planeta em que vivemos é a soma de muitas pequenas batalhas.

“Os seres humanos passam tanto tempo acumulando, pisoteando, negando a outras pessoas. E, no entanto, quem são os que nos inspiram mesmo depois de mortos? Os que serviram aos outros, e não a si mesmos.”

Maathai se soma à lista de três mulheres cientistas cujas histórias já foram contadas pela série Mulheres na Ciência, que será publicada pelo EL PAÍS até o dia 8 de março. Este especial, inspirado pelo livro As Cientistas: 50 Mulheres que Mudaram o Mundo, de Rachel Ignotofsky (editora Blucher), já destacou estudiosas como Rosalind Franklin, que ajudou a desvendar o DNA, e Grace Hopper, que tornou a linguagem do computador mais humana.

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