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Três livros para entender a África de hoje

Os ensaios da jornalista Michela Wrong ganham atualidade com as notícias das últimas semanas

Gonzalo Fanjul
Protestos contra o presidente Kabila na República Democrática do Congo. Foto: JOHN WESSELS/AFP.
Protestos contra o presidente Kabila na República Democrática do Congo. Foto: JOHN WESSELS/AFP.
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Etiópia, Quênia e a República Democrática do Congo foram notícia internacional nos últimos meses. Em 3 de janeiro as autoridades etíopes anunciaram a libertação dos prisioneiros políticos e o fechamento do centro de detenção de Maekelawi, um dos mais infames do país. Em uma nação célebre pelo autoritarismo e a longevidade de seus governos, os protestos da população se multiplicaram desde o final de 2015, e com eles as prisões, as torturas e as mortes de opositores. Apesar de o compromisso do governo ser vago, a decisão deu esperanças a muitos oposicionistas.

Já o Quênia se esforça por encontrar a calma depois do terremoto político das eleições de agosto, as acusações de fraude, a repetição do pleito em outubro, o boicote do principal partido oposicionista e os violentos confrontos civis que se seguiram a tudo isso. Nada leva a pensar que o segundo governo de Uhuru Kenyatta vá ser muito melhor que o primeiro.

E na República Democrática do Congo se repete a mesma melodia, com uma letra diferente. O presidente Joseph Kabila — no poder desde 2001 e cujo mandato terminava formalmente em dezembro de 2016 — rompeu o compromisso de convocar eleições antes do final do ano passado e agora anuncia dezembro de 2018 como data provável. Somente nas últimas semanas sete oposicionistas morreram em confrontos com a polícia, em uma nação que tem conflitos de baixa intensidade em vários pontos de seu território.

Cada um desses países é um mundo em si mesmo, com particularidades históricas, geográficas e culturais que ajudam a explicar o ponto em que se encontram. Mas em todos eles existe um denominador comum no papel que desempenharam durante os anos da Guerra Fria e nas cicatrizes que o colonialismo direto ou indireto deixou em suas culturas políticas. Não é em absoluto uma desculpa para o comportamento de seus dirigentes, mas explica o contexto de realidades complexas.

Para ajudar a entendê-las, recomendo-lhes que leiam Michela Wrong. Nas palavras de John Le Carré, esta soberba escritora britânica consegue “entreter, informar e enfurecer”. Seus três ensaios jornalísticos sobre a África são lidos como verdadeiros thrillers, mas o conteúdo está cheio de dados e argumentos que oferecem ao leitor uma verdadeira lição de história:

Todas as informações sobre os livros estão disponíveis no site da autora. Os três foram publicados em espanhol pela Oxfam Intermón, em uma coleção que infelizmente não existe mais, mas cujos títulos ainda podem ser adquiridos online. Não deixem de lê-los. Garanto que vão gostar muito.

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