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EUA lançam operação militar histórica para tirar Porto Rico do caos

Pentágono instala centro de comando e deve enviar milhares de soldados à ilha, que está devastada

Pablo de Llano Neira
Donald Trump chega à Casa Branca na quinta-feira
Donald Trump chega à Casa Branca na quinta-feiraREUTERS

Oito dias depois da passagem do furacão Maria por Porto Rico (3,4 milhões de habitantes), em meio a uma profunda crise de acesso a recursos como água, alimentos, eletricidade, combustível, assistência médica e moradia, o Governo da ilha e os EUA – dos quais o país caribenho é um Estado Livre Associado – decidiram lançar uma operação militar para “mitigar” uma situação que o governador local, Ricardo Rosselló, descreveu como “crise humanitária” incipiente. Até agora, foram registradas 16 mortes em consequência do ciclone. Os danos materiais são incalculáveis.

Cerca de 1.500 soldados da Guarda Nacional de Porto Rico já estão trabalhando no terreno, mas mais de 5.000 – muitos deles sem possibilidade de comunicação – ainda não deram notícia. Rosselló adiantou que nos próximos dias chegarão mais alguns “milhares” de soldados da Guarda Nacional de outros Estados dos EUA. O Pentágono anunciou que estabelecerá um centro de operações na ilha e vários militares de alta patente já foram enviados a Porto Rico pelo Departamento de Defesa. As autoridades afirmaram que será a maior operação militar em território porto-riquenho.

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Os esforços militares estarão a serviço da chefia do Governo da ilha e da Agência Federal de Gestão de Emergências (FEMA, na sigla em inglês), como salientou na manhã de quinta-feira em uma conferência de imprensa em San Juan o almirante da Marinha Jeffrey Hughes. O general de brigada Richard Kim, militar com experiência em áreas de combate, comandará a operação militar em Porto Rico. Na quarta-feira, o general de quatro estrelas – o maior grau – Joseph L. Lengyel, chefe da Guarda Nacional dos EUA, esteve na base militar de Salinas para inspecionar o terreno.

O objetivo da operação militar é desbloquear o colapso logístico. A totalidade da rede elétrica foi destruída, menos da metade dos hospitais está aberta, a falta de motoristas de caminhão está dificultando a distribuição de diesel e gasolina e os suprimentos básicos não estão chegando com suficiente rapidez para centenas de milhares de porto-riquenhos que ficaram desamparados depois da passagem do Maria, o maior furacão que atingiu a ilha desde 1929. De acordo com Rosselló, o Maria provocou um desastre comparável apenas ao causado pelo Katrina em 2005, na Louisiana. Porto Rico foi literalmente devastado pelo ciclone e suas chuvas torrenciais. O Governo da ilha reconheceu que todo o território deverá ser reconstruído. Na quinta-feira já havia 160 abrigos abertos e cerca de 6.000 pessoas haviam sido resgatadas.

O presidente dos EUA, Donald Trump, declarou todo o território de Porto Rico “zona de desastre” e visitará a ilha na próxima terça-feira. A pedido do governador Rosselló, Trump ordenou na manhã de quinta-feira que a ilha fosse liberada de cumprir as leis de cabotagem que obrigam Porto Rico a usar exclusivamente a marinha mercante norte-americana para suas operações marítimas. Ao flexibilizar essa regra, o chefe da Casa Branca permite, em caráter excepcional, a entrada de navios sem a bandeira dos EUA em Porto Rico para diversificar a necessária chegada de ajuda humanitária internacional.

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