EUA lançam operação militar histórica para tirar Porto Rico do caos
Pentágono instala centro de comando e deve enviar milhares de soldados à ilha, que está devastada


Oito dias depois da passagem do furacão Maria por Porto Rico (3,4 milhões de habitantes), em meio a uma profunda crise de acesso a recursos como água, alimentos, eletricidade, combustível, assistência médica e moradia, o Governo da ilha e os EUA – dos quais o país caribenho é um Estado Livre Associado – decidiram lançar uma operação militar para “mitigar” uma situação que o governador local, Ricardo Rosselló, descreveu como “crise humanitária” incipiente. Até agora, foram registradas 16 mortes em consequência do ciclone. Os danos materiais são incalculáveis.
At @ricardorossello request, @POTUS has authorized the Jones Act be waived for Puerto Rico. It will go into effect immediately.
— Stephanie Grisham (@PressSec) September 28, 2017
Cerca de 1.500 soldados da Guarda Nacional de Porto Rico já estão trabalhando no terreno, mas mais de 5.000 – muitos deles sem possibilidade de comunicação – ainda não deram notícia. Rosselló adiantou que nos próximos dias chegarão mais alguns “milhares” de soldados da Guarda Nacional de outros Estados dos EUA. O Pentágono anunciou que estabelecerá um centro de operações na ilha e vários militares de alta patente já foram enviados a Porto Rico pelo Departamento de Defesa. As autoridades afirmaram que será a maior operação militar em território porto-riquenho.
Os esforços militares estarão a serviço da chefia do Governo da ilha e da Agência Federal de Gestão de Emergências (FEMA, na sigla em inglês), como salientou na manhã de quinta-feira em uma conferência de imprensa em San Juan o almirante da Marinha Jeffrey Hughes. O general de brigada Richard Kim, militar com experiência em áreas de combate, comandará a operação militar em Porto Rico. Na quarta-feira, o general de quatro estrelas – o maior grau – Joseph L. Lengyel, chefe da Guarda Nacional dos EUA, esteve na base militar de Salinas para inspecionar o terreno.
O objetivo da operação militar é desbloquear o colapso logístico. A totalidade da rede elétrica foi destruída, menos da metade dos hospitais está aberta, a falta de motoristas de caminhão está dificultando a distribuição de diesel e gasolina e os suprimentos básicos não estão chegando com suficiente rapidez para centenas de milhares de porto-riquenhos que ficaram desamparados depois da passagem do Maria, o maior furacão que atingiu a ilha desde 1929. De acordo com Rosselló, o Maria provocou um desastre comparável apenas ao causado pelo Katrina em 2005, na Louisiana. Porto Rico foi literalmente devastado pelo ciclone e suas chuvas torrenciais. O Governo da ilha reconheceu que todo o território deverá ser reconstruído. Na quinta-feira já havia 160 abrigos abertos e cerca de 6.000 pessoas haviam sido resgatadas.
O presidente dos EUA, Donald Trump, declarou todo o território de Porto Rico “zona de desastre” e visitará a ilha na próxima terça-feira. A pedido do governador Rosselló, Trump ordenou na manhã de quinta-feira que a ilha fosse liberada de cumprir as leis de cabotagem que obrigam Porto Rico a usar exclusivamente a marinha mercante norte-americana para suas operações marítimas. Ao flexibilizar essa regra, o chefe da Casa Branca permite, em caráter excepcional, a entrada de navios sem a bandeira dos EUA em Porto Rico para diversificar a necessária chegada de ajuda humanitária internacional.