_
_
_
_

Direita chilena perde na Justiça e lei de aborto em caso de estupro entra em vigor

País sai do grupo de nações que punem as interrupções da gravidez em todas as circunstâncias

Rocío Montes
Manifestantes contra o aborto
Manifestantes contra o abortoAFP

O Tribunal Constitucional do Chile deu sinal verde ao projeto que permite a descriminalização do aborto em três casos concretos, uma iniciativa do Governo de Michelle Bachelet aprovada recentemente pelo Congresso e que aguardava o parecer constitucional. A decisão foi divulgada após o tribunal ter ouvido 135 organizações que, durante dois dias, expuseram seus prós e contras em relação à lei. A resolução descriminaliza a interrupção da gravidez em caso de risco para a vida da mãe, inviabilidade do feto e estupro.

Embora a nova lei tenha sido aprovada pelo Parlamento no início de agosto, a direita recorreu ao Tribunal Constitucional como última medida para impedir sua promulgação, argumentando que a Constituição de 1980 consagra o direito à vida.

Mais informações
Congresso do Chile aprova lei que permite aborto ao menos em caso de estupro
Congresso do Chile aprova lei que permite aborto ao menos em caso de estupro
Forçadas a ser mães no Chile
Casais já podem recorrer à barriga de aluguel em Portugal

Após quatro horas de debate no Tribunal, foi aprovado por seis votos a quatro o documento que descriminaliza a interrupção da gravidez, com opiniões favoráveis dos juízes Carlos Carmona, Gonzalo García, Domingo Hernández, María Luisa Brahm, Nelson Pozo e José Vásquez. Já os ministros Marisol Peña, Iván Aróstica, Juan José Romero e Cristián Letelier votaram contra o projeto.

No entanto, o Tribunal aprovou um ponto relativo à objeção de consciência, considerando uma exceção jurídica que permite, por motivos morais superiores, não agir conforme a lei.

Até agora, o aborto no Chile era proibido em todas as circunstâncias, embora sejam praticados cerca de 70.000 procedimentos por ano. Existia no país o direito ao aborto terapêutico desde 1931, inclusive antes que as mulheres conquistassem o direito ao voto (1949).

No entanto, seis meses antes do fim da ditadura de Augusto Pinochet, em setembro de 1989, o regime decidiu: “Não poderá ser realizada nenhuma ação cujo fim seja o de provocar um aborto.” A lei proíbe e pune a prática. Entre 2010 e 2014, 497 pessoas foram indiciadas por aborto consentido, segundo informações da ONG Miles Chile: 86% mulheres e 14% homens.

Até o momento, o Chile integrava o grupo dos sete países que punem as interrupções da gravidez em qualquer circunstância: Nicarágua, República Dominicana, El Salvador, Haiti, Malta e Honduras. Agora abandona a lista.

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo

¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?

Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.

¿Por qué estás viendo esto?

Flecha

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.

Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.

En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.

Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_