Suprema Corte da Colômbia convoca Santos para depor no caso Odebrecht
Através de questionários, Presidente contará sua versão sobre supostos subornos recebidos
A Justiça colombiana volta a vincular a gestão do presidente Juan Manuel Santos com o escândalo de corrupção da Odebrecht na Colômbia. A Suprema Corte de Justiça enviará um questionário ao mandatário para conhecer sua versão sobre os supostos subornos recebidos pelo contrato que a empresa brasileira assinou no país para a construção da via Ocaña-Gamarra, na Ruta del Sol II, um dos maiores projetos de infraestrutura viária da Colômbia.
“O presidente Santos disse repetidas vezes que as decisões da Justiça têm que ser respeitadas e acatadas, e que ele mesmo pediu à Justiça que aja e tome as decisões, independentemente de quem possam afetar”, afirmou Guillermo Rivera, ministro do Interior, em nome do Governo. Até o momento, esta é a única resposta oficial ante a petição da Corte. O organismo judicial não apenas intimou o presidente a depor, mas também pediu o comparecimento de vários ministros do Gabinete, incluindo o ex-vice-presidente Germán Vargas Lleras, atual candidato à presidência para 2018 e homem forte em todos os projetos de infraestrutura durante esta legislatura.
A Corte Suprema responde, assim, à demanda da defesa do senador Bernardo “Ñoño” Elías, detido pelo Ministério Público na quinta-feira e acusado de ter recebido 17 bilhões de pesos colombianos (cerca de 18 milhões de reais) em subornos da Odebrecht relacionados com diversos contratos de obras. Esse político do interior do Caribe colombiano foi fundamental na segunda reeleição de Santos em 2014, graças aos votos que atraiu em sua região.
“Ñoño” Elías, como é conhecido no país, foi o último a ser preso pelo escândalo da Odebrecht na Colômbia. A investigação sobre seus supostos crimes de conspiração para delinquir e corrupção teve início depois que outro ex-senador, Otto Bula, entregou ao Ministério Público 16 giga de informações envolvendo políticos e gestores públicos. Bula foi preso em fevereiro por receber mais de quatro milhões de dólares (12,8 milhões de reais) em subornos da construtora brasileira. Em sua declaração, afirmou ter entregado mais de um milhão de dólares (3,2 milhões de reais) à campanha de Santos. Meses depois, em julho passado, a Procuradoria-Geral da Colômbia concluiu, em documentos enviados ao Conselho Nacional Eleitoral (CNE), que a Odebrecht financiou as campanhas presidenciais de 2014 de Santos e de seu principal concorrente, o uribista Óscar Iván Zuluaga.
A investigação já havia comprovado, em março, que a Odebrecht assinou um contrato em fevereiro de 2014 com a sociedade panamenha Paddington, vinculada à empresa colombiana Sancho BBDO, no valor de um milhão de dólares, para a realização de uma pesquisa de opinião nas principais cidades da Colômbia. “Esse aporte teria sido feito, segundo os diretores da Odebrecht, com o objetivo de conseguir uma aproximação com o Governo do presidente Santos”, afirmou na época o organismo.
Naquele momento, o CNE também convocou o presidente para depor em virtude da suposta violação de tetos na campanha presidencial de 2014. Com a intimação da Corte Suprema, será a segunda vez que Santos dará sua versão sobre os subornos que a Odebrecht pagou na Colômbia.
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