Procuradoria da Colômbia confirma pagamentos da Odebrecht às campanhas do presidente e de seu rival
Os aportes foram feitos em 2014, quando Juan Manuel Santos concorreu e ganhou de Oscar Iván Zuluaga
A Procuradoria Geral da Colômbia conclui em documentos enviados segunda-feira, dia 10 de julho, ao Conselho Nacional Eleitoral (CNE) que a construtora brasileira Odebrecht financiou as campanhas presidenciais de 2014 do atual presidente, Juan Manuel Santos, e de seu principal concorrente, o uribista Óscar Iván Zuluaga. “Compartilhamos com essa instituição todos os elementos materiais comprobatórios de natureza testemunhal e documental que até agora a Procuradoria tem em seu poder e que permitem concluir, certeiramente, que em relação às campanhas presidenciais de 2014-1018 a Odebrecht assumiu custos relacionados às mesmas, e que os valores foram pagos pelo Departamento de Operações Estruturadas”, afirma o documento do Ministério Público, adiantado pelo jornal El Tiempo. No sábado, dia 14, vence o prazo legal para que a justiça sancione os fatos vinculados à rede de subornos que supostamente a companhia brasileira teceu em vários países da América Latina.
Na reta final desse procedimento, portanto, a Procuradoria colombiana confirma os pagamentos da construtora. A investigação já comprovou em março que a Odebrecht tinha assinado um contrato em fevereiro de 2014 com a sociedade panamenha Paddington, vinculada à empresa colombiana Sancho BBDO, por um milhão de dólares (cerca de 3,2 milhões de reais), para realizar uma pesquisa de opinião nas principais cidades da Colômbia. “Esta contribuição teria sido efetuada, segundo os dirigentes da Odebrecht, a fim de obter uma aproximação do Governo do presidente Santos”, afirmou então o órgão.
“No caso da campanha de Óscar Iván Zuluaga, do Centro Democrático, Mano Firme, Corazón Grande, acredita-se que quem recebeu o dinheiro pelos serviços de publicidade para essa campanha foi o senhor José Eduardo Cavalcanti de Mendonça”, afirma agora a Procuradoria. Cavalcanti de Mendonça é o beneficiário fiscal da sociedade panamenha Topsail Holding, que recebeu da Odebrecht 1,6 milhões de dólares (cerca de 5,2 milhões de reais) transferidos em três depósitos a uma conta bancaria na Suíça.
Quando mal se começava a conhecer a magnitude do escândalo da Odebrecht, que estourou em janeiro passado, o presidente Santos pediu à Procuradoria que investigasse os contratos que pudessem envolver funcionários ou contratos realizados na Colômbia. Meses depois ocorreu a primeira captura. As autoridades detiveram Gabriel García Morales, ex-vice-ministro dos Transportes durante o Governo do presidente Álvaro Unibe, nos anos 2009 e 2010. O político recebeu 6,5 milhões de dólares (quase 21 milhões de reais) da Odebrecht para garantir que o gigante brasileiro da construção fosse a única empresa habilitada para a licitação de um trecho da Rota do Sol, uma das principais vias do país. Depois veio a captura do ex-congressista Otto Bula devido a sua suposta participação no caso milionário de corrupção. É acusado de receber uma comissão de 4,6 milhões de dólares (14,8 milhões de reais) para favorecer a Odebrecht na concessão de uma rodovia.
O capítulo que envolve Santos foi aberto em fevereiro passado, quando o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) abriu uma investigação contra suas campanhas presidenciais e a do opositor na contenda de 2014, Zuluaga, pela suposta entrada de dinheiro proveniente da Odebrecht. Ambos negaram as acusações. No entanto, no caso de Santos, Roberto Prieto, que trabalhou como seu gerente de campanha, reconheceu que a companhia tinha lhes financiado de forma irregular, pagando os cartazes eleitorais em 2010.
Nas investigações divulgadas pelo CNE, para a campanha de 2014 e a reeleição de 2010, chamou Santos para depor voluntariamente pela suposta violação de tetos na campanha presidencial de 2014, que teria recebido um milhão de dólares (3,2 milhões de reais) da empresa brasileira.
Um relatório da Missão de Observação Eleitoral (MOE), uma organização independente, destaca que segundo dados oficiais os cinco candidatos “gastaram 66 bilhões de pesos na campanha no primeiro turno e quase 19 bilhões no segundo turno em 2014”. Em seu conjunto, os gastos chegaram a 85 bilhões de pesos, cerca de 110 bilhões de reais. Das contas da primeira votação, 45% foram cobertos por antecipações do Estado, mas nem Santos nem Zuluaga recorreram ao financiamento estatal na segunda. Esta circunstância, denuncia a MOE, “deixa entrever a magnitude de recursos que estão sob o controle estrito das autoridades e que poderia ser bem maior, levando em conta que persistem as dúvidas sobre o interesse das campanhas políticas em reportar publicamente os 100% de origem de seu financiamento às autoridades”.
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