Trump lança informativo de “notícias reais” no Facebook
Em sua cruzada contra a imprensa tradicional, o presidente divulga um boletim propagandístico só com notícias boas sobre sua gestão

Dura um minuto e meio e imita o formato de um boletim informativo na televisão. Começa com o título Notícias da semana e narra três informações sobre o presidente norte-americano, Donald Trump. Combina música de fundo e imagens. Mas não é um boletim qualquer. Termina com uma mensagem da apresentadora: “Estas são as notícias reais”.
Em sua cruzada contra os meios de comunicação tradicionais, Trump criou seu próprio informativo, divulgado em sua página do Facebook e financiado por sua campanha. O republicano distorceu o conceito de notícias falsas, qualificando como errônea qualquer informação que seja crítica a ele. Trump faz alguns grandes anúncios pelas redes sociais, mas principalmente ataca a cobertura midiática, de tal modo que se questiona seu respeito pela liberdade de imprensa. Exibe sua obsessão e aversão pelo que considera uma guerra contra ele para encobrir suas conquistas na Casa Branca.
Em seu boletim no Facebook, publicado pela segunda vez no domingo, tudo são boas notícias. Não há contextualização da informação, nem indícios de crítica. “O presidente Trump claramente recolocou a economia na direção certa”, diz a apresentadora Kayleigh McEnany sobre os últimos dados de criação de emprego. É óbvio, por exemplo, que a melhora nos índices trabalhistas manteve o ritmo dos últimos meses de presidência de Barack Obama.
Weekly Update 8.6.17Join Kayleigh McEnany as she provides you the news of the week from Trump Tower in New York! #MAGA #TeamTrump Paid for by Donald J. Trump for President, Inc.
Gepostet von Donald J. Trump am Sonntag, 6. August 2017
McEnany, até recentemente comentarista na rede CNN – o arquétipo das “notícias falsas” para Trump –, acaba de ser nomeada porta-voz do Partido Republicano. No informativo, fala-se dos dados de desemprego e do apoio do presidente a uma proposta de lei que reduziria a imigração legal nos Estados Unidos porque “achatou os salários dos trabalhadores norte-americanos”. O boletim termina com a condecoração de um veterano da guerra do Vietnã pelo presidente.
Wow. Feels eerily like so many state-owned channels I've watched in other countries https://t.co/dqsLEfuLj8
— Michael McFaul (@McFaul) August 6, 2017
As redes sociais foram uma plataforma fundamental da campanha de Trump que lhe permitiram uma conexão direta com seus eleitores. Assim como os canais de televisão tradicionais, que o magnata imobiliário soube seduzir com suas frequentes saídas de tom e sua experiência como showman da televisão.
É habitual que os políticos norte-americanos tenham uma estratégia ativa de comunicação na Internet. O que é insólito é promoverem seus próprios canais para denegrir os veículos tradicionais e divulgar propaganda a seu favor. “Tem uma semelhança sinistra com canais estatais que vi em outros países”, escreveu no Twitter Michael McFaul, ex-embaixador dos Estados Unidos na Rússia.
“Aposto que não ficaram sabendo de tudo que o presidente conseguiu nesta semana porque há muitas notícias falsas por aí”, proclamou Lara Trump, nora do presidente, no primeiro informativo de “notícias reais”, divulgado no final de julho.
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