Terrorismo leva medo de volta à França às vésperas da eleição
Franceses vivem desde 2015 sob o estado de exceção e com medo de outros atentados
O medo volta à França. Dois anos de atentados terroristas não alteraram a vida cotidiana dos franceses, mas deixaram as pessoas em estado de alerta extremo, uma aguda sensibilidade a qualquer possibilidade de que o drama se repita. O tiroteio quinta-feira em Champs Élysées – no lugar mais turístico de Paris e a três dias do primeiro turno da eleição presidencial – desencadeou temores de que o pior volte a acontecer.
O autor do atentado terrorista foi identificado pela imprensa francesa como Karim Cheurfi, um francês de 39 anos com antecedentes penais e que pelo menos desde o começo do ano estava na mira das forças antiterroristas por sua possível radicalização e ligação com o grupo autodenominado Estado Islâmico. O ataque armado contra policiais certamente vai perturbar uma campanha eleitoral que aconteceu à sombra de um possível ataque terrorista.
O símbolo é duplo. Pelo lugar, a avenida central da capital francesa, centro de lazer e comércio que conecta o Arco do Triunfo à Place de la Concorde, ladeada pela residência presidencial, o Palácio do Eliseu. E simbólico pela data, 72 horas antes de que se conheça os nomes dos dois candidatos que, no segundo turno, no dia 7 de maio, vão disputar a presidência da França.
Não é a primeira vez que um ato violento, potencialmente terrorista, afeta a corrida para o Eliseu. No dia 18 de março um homem atacou três soldados no aeroporto de Orly e foi morto a tiros. Aparentemente tinha tomado drogas e álcool, e seus motivos eram imprecisos. Nesse caso a hipótese terrorista acabou se diluindo.
Nesta semana, as autoridades francesas revelaram a desarticulação de uma trama em Marselha para realizar um atentado na campanha. As medidas de segurança foram reforçadas nos comícios dos candidatos. Como ocorreu na eleição norte-americana em novembro, a hipótese de que um grupo terrorista ou pessoas inspiradas por algum grupo, tentem influenciar o resultado está presente.
A televisão francesa viveu um estranho momento de dissociação. Na emissora pública France 2 estava passando um programa especial com os onze candidatos presidenciais. Enquanto isso, as redes de notícias ofereciam as primeiras notícias sobre o tiroteio. Alguns falavam sobre seus programas eleitorais, em abstrato, sem referência ao incidente, como se nada tivesse acontecido, ou não conhecessem a notícia. Ao mesmo tempo, o presidente François Hollande se reunia com seu gabinete de segurança.
Na França morreram, desde 2015, 230 pessoas em atentados terroristas, o que se tornou alvo de intenso debate nesta disputa eleitoral
Durante uma parte do debate, era como se a campanha fosse por um lado e a política real, por outro. Mais tarde, os candidatos falaram sobre o ataque. O conservador François Fillon disse que iria cancelar seus eventos de campanha na sexta-feira. “Temos que acabar com a moleza, com a ingenuidade”, disse Marine Le Pen, que se apresenta como a candidata da mão dura contra o terrorismo.
Na França morreram, desde 2015, 230 pessoas em atentados terroristas organizados ou inspirados por grupos islâmicos raciais, principalmente o Estado Islâmico. Desde novembro daquele ano está em vigor o estado de emergência que foi prorrogado por diversas vezes e continuará pelo menos até julho próximo. E desde alguns meses antes está em andamento a chamada Operação Sentinela, que inclui o deslocamento de sete mil soldados por todo o país.
“A França está em guerra”, disse Hollande depois dos atentados de novembro de 2015. Hoje não é raro cruzar em Paris com uma patrulha de três soldados armados até os dentes.
Tu suscripción se está usando en otro dispositivo
¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?
Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.
FlechaTu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.
Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.
En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.
Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.
Mais informações
Arquivado Em
- Francia Insumisa
- Marine Le Pen
- François Fillon
- Eleições França
- Atentados mortais
- Estado Islâmico
- Atentados terroristas
- França
- Conflito Sunitas e Xiitas
- terrorismo islâmico
- Europa Ocidental
- Eleições
- Polícia
- Partidos políticos
- Islã
- Jihadismo
- Força segurança
- Grupos terroristas
- Terrorismo
- Europa
- Religião
- Conflitos
- Justiça
- Política
- Elecciones Francia 2017