Carne Fraca: Temer convoca reunião de emergência para discutir escândalo
Presidente se encontra com ministro da Agricultura, Blairo Maggi, para traçar estratégia conjunta
Em meio ao clima de incerteza que se abateu sobre o Ministério da Agricultura e o mercado após a divulgação de informações da Operação Carne Fraca sobre fraudes no setor de carnes, o presidente Michel Temer marcou para o domingo uma reunião com o titular da pasta, Blairo Maggi (PP-MT). O ministro estava em Cuiabá quando o escândalo de adulteração de carnes que contava com a participação de ao menos 33 fiscais ligados à Agricultura veio à tona. Ele cancelou viagem para o Canadá que estava prevista para o início da semana para coordenar uma força-tarefa para analisar a dimensão do problema. O foco do encontro entre Temer e Maggi é criar uma estratégia para lidar com as eventuais fraudes, bem como o impacto delas no comércio internacional – o Brasil é o maior exportador de proteína animal do mundo.
Neste sábado Maggi passou o dia se reunindo com embaixadores de países da União Europeia, dos Estados Unidos e de outras nações que importam carne brasileira. De acordo com dados da Agricultura, 150 países compram os produtos do setor. Apesar dos receios de parte da população e autoridades estrangeiras, Maggi e o secretario executivo da pasta, Eumar Novicki, fizeram questão de tranquilizar o mercado e os consumidores internos. “A população brasileira pode ficar tranquila, não há risco para a saúde pública”, afirmou o secretário. Ele insistiu que trata-se de um problema pontual, envolvendo “33 fiscais dentro de um universo de 11.000 funcionários do Ministério”.
O Governo quer ter acesso aos laudos e provas periciais da Carne Fraca. Fiscais e técnicos do Ministério devem ir até Curitiba, onde correm as investigações, para analisar o material coletado pela Polícia Federal.
Ofensiva de propaganda e prisão
Depois da reunião com Maggi, Temer deve receber associações de exportadores para discutir os impactos do caso nos negócios do setor. As ações das gigantes JBS e BRF, que segundo as investigações estariam envolvidas no esquema, caíram 10% e 7% respectivamente na sexta-feira na Bolsa de São Paulo.
Em uma ofensiva para reduzir os danos à sua imagem, as duas empresas publicaram anúncios de página inteira nos principais jornais do país, reafirmando a colaboração com a Polícia Federal e dizendo cumprir elevados padrões de qualidade e fiscalização de seus produtos. Também houve uma ofensiva digital, com os posicionamentos oficiais da empresa aparecendo como anúncios no alto das buscas sobre o tema no principal dos buscadores, o Google.
A BRF também afirmou que houve um “mal-entendido” em um dos áudios divulgados pela PF, na qual um dos funcionários falava sobre “papelão”. Na interpretação das autoridades, o grampo revela a adulteração da carne com papelão. A empresa, no entanto, afirma que está sendo discutido o tipo de embalagem a ser utilizado – plástico ou papelão.
Na madrugada deste sábado o gerente de Relações Institucionais e Governamentais da BRF, Roney Nogueira dos Santos, foi preso pela Polícia Federal ao desembarcar no Aeroporto de Guarulhos. Ele é um dos investigados por suposta tentativa de pagar propina para conseguir pareceres favoráveis de fiscais sanitários.
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