O PT pede proteção internacional diante da iminência do impeachment de Dilma
Legisladores requerem medidas em favor de Rousseff e que a Comissão Interamericana de Direitos Humanos aceite seu caso
Parlamentares do Partido dos Trabalhadores (PT) solicitaram nesta quarta-feira a proteção da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) diante o "golpe" perpetrado contra a presidenta afastada do Brasil, Dilma Rousseff. Os legisladores deram esse passo poucas horas depois de aprovado no Senado o início do processo de julgamento contra a mandatária suspensa do poder desde maio.
Além de pedir que seja aceito o caso de Rousseff, os parlamentares solicitaram medidas cautelares para a mandatária
Além de pedir que seja aceito o caso de Rousseff, ação que pelos prazos da CIDH poderá levar anos, os parlamentares solicitaram medidas cautelares para a mandatária, que está fora do poder desde maio. Com essas medidas de proteção de emergência, que a Comissão pode determinar rapidamente, o PT tenta frear um impeachment "ilegalmente iniciado" e que busca, conforme afirma em sua fundamentação, desfazer-se da presidenta para "evitar a continuidade de investigações em curso contra vários parlamentares, políticos e empresários, no marco da chamada operação Lava Jato ou caso Petrobras".
Na sede em Washington do órgão vinculado à Organização dos Estados Americanos (OEA), uma porta-voz confirmou que a CIDH "recebeu uma petição e uma solicitação de medida cautelar alegando violações ao devido processo no processo contra Dilma Rousseff".
"A CIDH dará tramitação normal à petição e à solicitação de medida cautelar", acrescentou a porta-voz, María Isabel Rivero.
Os solicitantes da medida são os deputados Paulo Pimenta, Paulo Teixeira e Wadih Damous, assim como o senador Telmário Mota. O pedido foi apresentado horas depois de o Senado brasileiro aprovar, por 59 votos a favor e 21 contra, um relatório que recomenda avançar para a fase final do processo de destituição, que será realizada no final deste mês.
Em sua solicitação à CIDH, os parlamentares afirmam que todos os passos dados contra Rousseff, tanto na Câmara, como no Senado e no Supremo Tribunal Federal, "estão em desacordo com os protocolos internacionais firmados pelo Brasil". E justificam a urgência das medidas pedidas afirmando, entre outras razões para que a tramitação seja apressada, que a situação implica "violações de direitos irreparáveis" e, portanto, "requer soluções de urgência, posto que, do contrário, deveria restituir-se uma destituição". O Senado aceitou na madrugada desta quarta-feira a denúncia contra Rousseff por graves delitos fiscais e transformou a presidenta oficialmente em ré.
"O Estado brasileiro é membro da OEA, por isso o Brasil está obrigado a cumprir as decisões da organização", afirmou Damous em um comunicado do PT. Paradoxalmente, foi o Governo de Rousseff que se afastou da CIDH pelo fato de, em 2011, a organização ter concedido medidas cautelares que pediam que se barrasse a construção da hidroelétrica de Belo Monte, na Amazônia, para proteger as comunidades indígenas. Rousseff instruiu seu então ministro de Relações Exteriores, Antonio Patriota, a dar uma resposta "à altura". Brasília retirou seu embaixador na OEA e deixou de pagar suas cotas anuais ao órgão, o que é um dos motivos da profunda crise econômica pela qual passa a Comissão atualmente. Além do mais, desconsiderou as medidas cautelares e prosseguiu com o projeto de Belo Monte.
Desde que em 12 de maio o Senado abriu o processo de impeachment, a CIDH só se pronunciou uma vez sobre o caso. Fez isso uma semana mais tarde, para manifestar sua "profunda preocupação" com decisões do governo interino de Michel Temer, como a nomeação de um gabinete de ministros que não incluía nenhuma mulher nem afrodescendentes e a redução de fundos sociais. Essas medidas "representam um retrocesso e têm um impacto negativo na proteção e na promoção dos direitos humanos no país", advertira a Comissão em um comunicado. Nesse texto, também se fazia referência à situação da presidenta Rousseff, "eleita constitucionalmente pelo poder popular", e se instava o Poder Legislativo a "agir estritamente dentro do marco legal e com apego aos princípios do direito internacional dos direitos humanos".
Muito mais contundente foi a posição do secretário-geral da OEA, Luis Almagro, que em várias ocasiões defendeu Rousseff -até viajou a Brasília às vésperas de sua destituição para apoiá-la- e até mesmo anunciou que havia pedido uma opinião consultiva à Corte Interamericana de Direitos Humanos, o outro braço do sistema regional formado com a CIDH.
Tu suscripción se está usando en otro dispositivo
¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?
Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.
FlechaTu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.
Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.
En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.
Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.
Mais informações
Arquivado Em
- CIDH
- Dilma Rousseff
- Câmara Deputados
- Impeachment
- Crises políticas
- Partido dos Trabalhadores
- Presidente Brasil
- Destituições políticas
- Congresso Nacional
- Estados Unidos
- Presidência Brasil
- Atividade legislativa
- Direitos humanos
- Brasil
- Governo Brasil
- Conflitos políticos
- Parlamento
- América do Sul
- América Latina
- Governo
- Administração Estado
- Organizações internacionais
- Política
- Administração pública
- Impeachment Dilma Rousseff