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impeachment
Coluna
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A democracia do Brasil, à prova

O impeachment e o novo Governo Temer vão supor uma prova importante para este país

Juan Arias
Dilma Rousseff durante sua despedida do Planalto.
Dilma Rousseff durante sua despedida do Planalto.Mario Tama (Getty Images)

A saída de Dilma Rousseff do palácio presidencial, provavelmente para não voltar, representa a interrupção dramática de seu mandato selado em 2014 por 54 milhões de eleitores que lhe deram sua confiança nas urnas, algo que não deixa de ser um rasgo no tecido social.

A dura ex-guerrilheira se despediu como vítima de um golpe de Estado e avisou que lutará para voltar. É sua legítima defesa.

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Os juristas prosseguirão, por sua vez, discutindo se o processo e o veredito do Congresso se ajustam ou não à Constituição, que prevê a perda do mandato presidencial por crime de responsabilidade administrativa. É possível que, no futuro, o Brasil tenha que revisar esse ponto complexo da Constituição.

Enquanto isso, o país tem um novo Governo sob o comando do vice-presidente da República, Michel Temer, que atuará até que se conclua o processo contra Rousseff, segundo prevê a Constituição.

O fato, excepcional, vai representar um teste importante para medir o pulso da jovem democracia brasileira.

Ninguém nega hoje que, apesar de todos as ramificações jurídicas, Rousseff não teria sido deposta se o país estivesse crescendo economicamente, se não estivesse sofrendo a angústia de ter 12 milhões de desempregados, uma inflação que come o salário dos trabalhadores e 60% da população endividada. E se Rousseff não tivesse perdido a confiança do Congresso.

O presidente em exercício, Temer, é o oposto de Dilma em tudo. Formou-se à sombra do Congresso, que já presidiu três vezes, conhece como poucos a complexa engrenagem dos Governos de coalizão e entra contando com uma forte maioria parlamentar, que foi o que faltou a Rousseff.

Em teoria, isso lhe permitiria aprovar algumas das reformas urgentes de que o Brasil necessita para aprumar sua economia, que vive a maior recessão de sua história republicana.

O grande mundo do trabalho e, sobretudo, a nova classe média baixa que saiu da miséria durante os governos do Partido dos Trabalhadores (PT), e que começará a sentir as chicotadas da crise que ameaça devolvê-la a seu triste passado, vão medir Temer, mais do que por seu carisma, pelos resultados imediatos de seu novo governo.

O brasileiro é mais pragmático que ideológico. Por isso, talvez, entendeu-se sempre melhor com Lula que com Dilma.

Para essa massa de gente que sofre para concluir o mês e que vê a cada dia o seu dinheiro valer menos, o discurso jurídico do golpe tem menos eco que os preços do mercado ou a angústia de se ver a cada dia mais endividada.

Que a democracia do Brasil está demonstrando ser, apesar de tudo, mais sólida do que possa parecer fora de suas fronteiras, pode-se verificar no fato de que depois do trauma da deposição de Dilma as pessoas não foram para as ruas. Não há violência. O Exército dormiu tranquilo e o Supremo vigiou e controlou cada passo do doloroso rito do impeachment de Dilma.

Não é pouco nestas latitudes tropicais.

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