Gases tóxicos causados por lava do vulcão de La Palma forçam confinamento de 3.000 pessoas
Medida é adotada para proteger população depois da chegada da lava a áreas industriais. O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, visitará a ilha na quarta-feira
O lento (mas inevitável) avanço da lava por áreas industriais, incluindo fábricas de cimento, gerou gases tóxicos que obrigaram o Plano de Emergências Vulcânicas das Canárias (Pevolca, o comitê de crise que lida com a erupção) a determinar novos confinamentos na ilha de La Palma pela terceira vez desde a erupção. A medida afeta uma área em forma de losango que inclui várias localidades de El Paso e de Los Llanos de Aridane, regiões nas quais vivem entre 2.500 e 3.000 pessoas, segundo o porta-voz do Pevolca, Miguel Ángel Morcuende. O prefeito (administração insular) de La Palma, além disso, proibiu a partir desta segunda-feira que as áreas evacuadas sejam acessadas através do município de Tazacorte até que seja estudada a evolução da emergência vulcânica ao norte da montanha de Todoque.
Desde o meio-dia local desta segunda-feira, vários veículos da Guarda Civil circulam pela área lembrando, por alto-falantes, que os moradores não devem sair de casa, a não ser que seja estritamente necessário. O maior perigo agora está relacionado à constante atividade efusiva (saída de lava) e explosiva que ocorre desde o desmoronamento, no sábado, do lado norte do cone vulcânico. Atualmente, existem duas línguas de lava que escorrem pelo norte dessa montanha: a do sul, que se uniu ao fluxo anterior e avança mais rapidamente em direção ao mar; e a do norte, que está no polígono industrial de Los Llanos de Aridane há dois dias e é a que forçou o confinamento.
“A lava está avançando”, alertou Morcuende. “Lentamente, mas está avançando.” O Pevolca considera “provável” que a primeira dessas duas línguas chegue ao litoral, desemboque na praia do Perdido (500 metros ao norte da primeira desembocadura) e crie nessa área um novo delta de lava. Essa língua está, no momento, a 300 metros de distância da costa, segundo a vulcanologista do Instituto Geográfico Nacional da Espanha e porta-voz do comitê científico do Pevolca, María José Blanco.
Os últimos dois dias foram especialmente destrutivos “em consequência da fluidez das línguas de lava”. Com isso, a superfície afetada chegou a 591,1 hectares, 65,33 a mais que no domingo —um dos maiores aumentos diários desde o início da erupção, em 19 de setembro.
Foram registradas 753 edificações afetadas, das quais 620 são moradias, 70 são depósitos, 29 têm uso industrial, 19 correspondem a lazer e hotelaria e 15 têm outros usos, como escolas e centros assistenciais. Além disso, 150 hectares de cultivos foram atingidos: 74,82 de bananeiras, 45,16 de vinhas e 8,78 de abacateiros.
O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, viajará pela quarta vez a La Palma na quarta-feira, anunciou a porta-voz do Executivo, Isabel Rodríguez, em entrevista coletiva após a reunião do Conselho de Ministros. A visita foi confirmada pelo presidente do Governo das Canárias, Ángel Víctor Torres.
Torres participou por teleconferência da reunião da Comissão Mista, que reúne o Governo da Espanha, o das Canárias, o prefeito de La Palma e as administrações municipais envolvidas. “O vulcão ainda está muito ativo”, disse. “Este fenômeno não tem nada a ver com outros, como um incêndio”, enfatizou. “Ele tem parâmetros próprios e os cientistas não se atrevem a estimar quando acabará.”
“O vulcão não dá sinais de que vá parar amanhã, nem depois e nem em uma semana”, disse ao EL PAÍS Nieves Sánchez, pesquisadora do Instituto Geológico e Minerador da Espanha (IGME). “A atividade muda muito a cada dia, o cone se constrói primeiro e depois se destrói. Nos últimos dias estamos voltando a ver uma atividade sísmica mais profunda. [...]. Ele pode estar se reativando, embora seja algo que é preciso esperar para confirmar com observação do exterior. Minha opinião é que vai continuar em erupção durante um tempo, não sabemos quanto nem teremos como dizer enquanto não mudarem os padrões de terremotos e deformação do terreno.”
Avanço da ajuda
A reunião da Comissão Mista permitiu detalhar a ajuda de mais de 200 milhões de euros (1,3 bilhão de reais), valor que será destinado à compra de equipamentos, a programas de geração de emprego, ao auxílio para a compra de moradia e também ao Parque Nacional da Caldeira de Taburiente. Ángel Víctor Torres lembrou, em declarações à imprensa, que o Executivo já adquiriu 18 moradias, e nas próximas sessões da empresa pública de habitações sociais Visocan será comprado outro conjunto de imóveis. Anunciou, além disso, que na quarta-feira serão definidos os critérios de alocação e que na próxima semana serão entregues as primeiras casas.
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