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Papa sobre tentativa da UE de proteger casamentos homossexuais: “Não se deve impor uma coisa que não se encaixa na natureza da Igreja”

Depois de sua reunião com primeiro-ministro húngaro ultraconservador, Viktor Orbán, Francisco insiste em sua ideia de regulamentar esses casais como uniões civis, não como matrimônios

Papa Francisco matrimonio homosexual
O papa Francisco durante a entrevista coletiva realizada no avião ao voltar para Roma.TIZIANA FABI / POOL (EFE)
Daniel Verdú
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Vatican City (Vatican City State (holy See)), 28/04/2021.- A handout picture made available by Vatican Media Press Office shows Pope Francis giving the General Audience in the library of the Apostolic Palace, Vatican City, 28 April 2021. (Papa) EFE/EPA/VATICAN MEDIA HANDOUT HANDOUT EDITORIAL USE ONLY/NO SALES
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BRUMADINHO - MINAS GERAIS - BRASIL - 9.8.21
Dom Vicente em Brumadinho MG.
Foto: Douglas Magno / El Pais
Em nome do Pai

O papa Francisco, como sempre ocorre nos voos de volta de suas viagens, abriu a cortina da classe econômica e apareceu para responder às perguntas dos jornalistas. Foi a última viagem de um Papa com a Alitalia depois de 57 anos e 171 trajetos pelo mundo todo, sempre pela mesma companhia. Desta vez, porém, a curta duração do trajeto entre Bratislava e Roma —após uma visita de quatro dias à Hungria e à Eslováquia— permitiu poucas perguntas.

Indagado sobre o pedido da União Europeia de que sejam promovidas leis para permitir o casamento entre homossexuais, ele repetiu que “a Igreja não tem o poder de mudar o sacramento”. “São leis que tentam ajudar a situação de tantas pessoas com orientação sexual diversa. E isso é importante, mas sem impor coisas que não se encaixam na natureza da Igreja. Se querem viver juntos, os Estados têm a possibilidade de apoiá-los civilmente e lhes dar segurança. A lei está bem... mas um matrimônio é um matrimônio. E como sacramento, isso está claro”, assinalou.

Francisco falou de seu encontro com o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, assinalando que conversaram apenas sobre ecologia e família. Falou também, no avião papal, sobre a União Europeia —pedindo que ela não se torne “um escritório de gestão”—, os “negacionistas do Colégio dos Cardeais” e a recusa de alguns bispos americanos de dar a comunhão ao presidente Joe Biden por suas posições a favor do aborto. “A comunhão não é um prêmio, é um dom, um presente. Eu nunca me neguei a dá-la”, assinalou.

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Francisco foi meio ambíguo quanto à questão de Biden, dizendo que os bispos não devem tomar decisões políticas, e sim pastorais. Mas foi bastante contundente em sua visão sobre o aborto e quem o pratica. “O aborto é um homicídio. Sem meias palavras. Quem aborta, assassina. Peguem qualquer livro de embriologia. Na terceira semana da concepção, às vezes antes que a mulher perceba, já estão presentes todas as características, incluindo o DNA. É uma vida humana e tem de ser respeitada. Para aqueles que não conseguem entender isso, eu faria duas perguntas: é justo assassinar uma vida humana para resolver um problema? É justo contratar um sicário para resolver um problema? Não venhamos com coisas estranhas, cientificamente é uma vida humana. Por isso a Igreja é tão dura nesse ponto: se aceitasse isso, seria como se aceitasse o homicídio cotidiano”, disse. Francisco, entretanto, deixou nas mãos dos teólogos a decisão sobre se deve ou não ser dada a comunhão a quem aborta.

A divisão que a vacinação suscita em algumas comunidades, como a eslovaca, ainda deixa perplexo o Papa, que pediu em várias homilias que as pessoas se vacinem. Ele admitiu que “no Colégio dos Cardeais também há negacionistas”, cardeais que se negam a receber o imunizante contra a covid-19 e que negam sua existência. Francisco lembrou o caso do cardeal Raymond Burke, que faz parte da ala ultradireitista da Igreja e é um de seus principais opositores. Burke se opôs à vacinação, mas acabou ficando gravemente doente e foi internado por covid-19. “Ironias da vida”, disse o pontífice. “No Vaticano estamos todos vacinados, menos um pequeno grupo... Estamos vendo como ajudá-los”, assinalou.

ÚLTIMO VOO PAPAL PELA ALITALIA

 

Assim que o avião levantou voo rumo a Budapeste no domingo, o papa Francisco surgiu de trás da cortina da primeira classe, pegou o microfone, como costuma fazer, e quase causou um infarto nos jornalistas que viajavam com ele. “É uma viagem com sabor de despedida”, disse, provocando o temor uma renúncia como a de seu antecessor. “A Alitalia está nos deixando.”

 

A companhia aérea italiana, que vai parar de voar em 15 de outubro para se transformar em uma empresa menor, foi a encarregada exclusiva de aproximar os Papas do céu nos últimos 57 anos. A primeira viagem foi a de Paulo VI à Terra Santa. Depois vieram outras 168 dos pontífices seguintes. A último, que ficará para a história, foi para Hungria e Eslováquia, encerrando o vínculo entre o bispo de Roma e a companhia aérea de bandeira italiana.

 

Paulo VI fez nove viagens durante seu pontificado; João Paulo II chegou a 104 e Bento XVI ficou em 24. Francisco já fez 34 viagens e tem outras duas programadas para este ano. Estes deslocamentos serão feitos com uma companhia ainda não definida.

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