EUA atacam possível carro-bomba do Estado Islâmico que faria novo atentado no aeroporto de Cabul
Testemunhas locais afirmam que um menino morreu por um foguete que atingiu casa. Washington havia alertado do risco de ataque e pedido que cidadãos ficassem longe dos terminais
Uma explosão nas proximidades do aeroporto de Cabul causou tensão neste domingo no final das operações de evacuação dos Estados Unidos. Um porta-voz militar norte-americano declarou pouco depois que atacaram por ar um potencial carro-bomba do Estado Islâmico (ISIS, na sigla em inglês) que se dirigia ao aeroporto. Segundo a imprensa afegã, um foguete atingiu uma casa próxima e matou um menino. Horas antes, Washington havia alertado do risco de um atentado iminente e pedido aos seus compatriotas e aos afegãos que se mantivessem afastados do local.
“Estamos convencidos do sucesso da operação. As significativas explosões secundárias do veículo indicam a presença de uma quantidade significativa de material explosivo”, disse o capitão Bill Urban, porta-voz do Comando Central (CENTCOM), em um comunicado. Urban também disse que estão “avaliando a possibilidade de baixas civis” das quais afirmou não ter indícios.
O ataque, feito por um avião não tripulado que saiu de bases fora do Afeganistão, eliminou, segundo o porta-voz, “uma ameaça imediata do ISIS-K”, o braço local do Estado Islâmico. Os talibãs divulgaram a mesma versão. O ISIS-K, um grupo rival tanto do Ocidente como da guerrilha que tomou o poder no Afeganistão, se responsabilizou pelo ataque de quinta-feira que causou uma centena de mortos e 150 feridos. Os EUA mataram dois de seus supostos membros no dia seguinte em um ataque de represália.
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Clique aquiOs soldados dos EUA já estavam na fase final de sua saída do Afeganistão, após 20 anos de um investimento econômico e humano que agora muitos questionam. A multidão que até então se amontoava na entrada do aeroporto praticamente desapareceu, em parte pelo aviso do Departamento de Estado de que um novo ataque era iminente, mas principalmente porque os talibãs fecharam as vias de acesso e intensificaram os controles.
Apenas 1.000 civis restavam dentro do local no começo do dia, segundo a Reuters, e os militares norte-americanos esperavam retirá-los ao longo do dia, o último da evacuação antes de recolher seus equipamentos e voltar para casa. Todos os outros países envolvidos já abandonaram o Afeganistão. Apesar das 117.000 pessoas que os EUA e seus aliados conseguiram retirar do país desde que os talibãs tomaram o poder há duas semanas, muitas outras ficaram em terra por falta de voos e tempo.
O prazo que Washington marcou para a saída acaba na terça-feira, mas seus soldados precisam de tempo para desmontar as instalações, empacotar o material que podem levar nos aviões de carga e destruir tudo aquilo que não puder ser embarcado. As horas finais são também as mais complicadas. Cada vez haverá menos soldados e em algum momento os milicianos talibãs tomarão o controle.
Não está claro se foi acertado algum tipo de protocolo, já que se trata de uma situação sem precedentes. Ainda que os Estados Unidos não tenham reconhecido os talibãs, a quem consideram uma organização terrorista e com recompensas oferecidas pela cabeça de vários líderes, mantiveram contatos operacionais com os responsáveis da milícia para organizar a retirada. Até mesmo o diretor da CIA, William Burns, se reuniu na segunda-feira com o chefe político talibã, Abdul Ghani Baradar.
Os islamitas, que expressaram seu desejo de retomar os voos comerciais a partir de terça-feira, dizem ter engenheiros e técnicos para gerenciar o aeroporto. “Estamos esperando a anuência final dos norte-americanos para tomar o controle total sobre o aeroporto de Cabul, já que as duas partes desejam uma passagem rápida” disse à agência Reuters um responsável talibã.
De qualquer forma, será bem inquietante decolar nos últimos aviões ao mesmo tempo em que os talibãs vão ocupando o aeroporto. De fato, os milicianos estão à espreita. Desde a noite de sexta-feira divulgam imagens que afirmam mostrar a entrada de unidades de suas forças especiais no setor militar, algo que foi desmentido pelo Pentágono.
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