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Com metade da população vacinada, Israel começa a se despedir das máscaras

Cidadãos do Estado judeu estão deixando de usar máscaras. Seu uso continua obrigatório em espaços fechados apesar da vacinação em massa

Agentes policiales y ciudadanas israelíes sin mascarillas, el domingo en el centro de Jerusalén.
Policiais e cidadãs israelenses sem máscaras no domingo, no centro de Jerusalém.MENAHEM KAHANA (AFP)
Juan Carlos Sanz

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Um ano após a imposição de seu uso obrigatório, os israelenses começaram a deixar de usar suas máscaras ao ar livre. Com mais da metade da população completamente vacinada, o Governo eliminou a obrigação a partir deste domingo, embora seu uso continue obrigatório em espaços fechados. “Ninguém entra nesta loja sem proteção”, explica Lior, funcionário de uma ótica no centro de Jerusalém, usando uma máscara de tecido preto na entrada do local. “Os dados oficiais confirmam que as infecções diminuíram muito”, reconheceu, “mas ainda não sabemos se uma nova variante do coronavírus pode nos afetar”.

Israel volta à vida de antes da pandemia, pelo menos da porta para fora. A supressão da obrigatoriedade das máscaras coincide com o levantamento das últimas restrições do sistema educacional: o retorno às aulas de todos os alunos do ensino fundamental e a eliminação dos grupos de bolhas e desmembramento das salas de aula. O desafio enfrentado agora pelas autoridades sanitárias é garantir que os cidadãos continuem observando as normas de distanciamento físico e proteção em espaços fechados. “Todos temos que ter uma máscara no bolso para usá-la quando necessário”, alertou o coordenador nacional contra a pandemia, médico Nachman Ash.

O certificado de vacinação ou passe verde é a principal ferramenta à disposição dos responsáveis pela saúde pública. Esse salvo-conduto digital permite que os imunizados tenham acesso a hotéis, instalações esportivas, auditórios culturais, bem como bares, restaurantes e salões de festa. E viajar sem necessidade de quarentena para países como a Grécia ou Chipre, que assinaram os primeiros acordos bilaterais de turismo, com a condição de apresentar um teste PCR negativo na chegada ao destino.

54% da população israelense (9,3 milhões) recebeu as duas injeções de Pfizer-BioNtech, a única administrada no Estado judeu. E cerca de 10% se recuperou da covid-19 e está imunizada. Se for levado em consideração que outros 30% (menores de 16 anos) ainda não podem ser vacinados, na realidade quase 85% dos cidadãos e residentes suscetíveis de receber a vacina já estão protegidos.

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Eran Segal, biólogo do Instituto Weizmann, que analisa a evolução da pandemia em Israel com as ferramentas da informática, constatou que desde o pico da terceira onda, registrado em meados de janeiro, o número de pacientes com teste positivo para covid foi reduzido em 98%. O Ministério da Saúde registrou 82 casos no sábado, com uma taxa de positividade inferior a 1% desde o início de abril.

“Hoje me sinto livre”, disse Sarah, de 25 anos, sentada em um banco na rua Ben Yehuda, em Jerusalém, uma área para pedestres no centro da cidade. “Sinto que as coisas estão melhorando”, comentou esta funcionária de um portal de aluguel de apartamentos turísticos. “Temos uma ocupação de 70%, com viajantes locais, mas não nos recuperaremos enquanto não vierem os visitantes do exterior”, acrescentou, expressando a preocupação geral do setor de turismo depois de mais de um ano de fechamento de fronteiras por conta da covid-19. A partir de 23 de maio Israel deve começar a aceitar grupos limitados de turistas que puderem comprovar sua vacinação e apresentem testes negativos anteriores à viagem e na chegada.

Infecções disparam na Palestina

Enquanto em Israel já se circula pelas ruas sem máscara, na Faixa de Gaza e na Cisjordânia (5,2 milhões de habitantes) as infecções dispararam. Cerca de 40.000 pessoas foram vacinadas na faixa costeira. Outros 110.000 na Cisjordânia, sem contar um número semelhante de trabalhadores palestinos que foram vacinados pelo sistema de saúde israelense. Como comunidades isoladas, as infecções na Palestina não foram afetadas por novas variantes do coronavírus contra as quais a eficácia da vacina da Pfizer ainda não foi determinada.

Nas praias e nas varandas dos restaurantes de Tel Aviv, os israelenses disputavam no sábado cada palmo de areia e as últimas mesas disponíveis. Apenas os encarregados do aluguel de guarda-sóis e os garçons usavam máscaras horas antes da entrada em vigor da supressão de seu uso obrigatório. Israel celebrou com um longo feriado o 73º aniversário de sua declaração de independência, proclamada meses depois da partição da Palestina aprovada pela Assembleia Geral da ONU.

Os mais jovens caminhavam sem máscara ou com ela colocada no queixo, pela rua de Jaffa, o eixo da Jerusalém colonial sob o mandato britânico (1918-1948) da Palestina histórica. Em geral, os idosos tinham o nariz e a boca cobertos. Era o caso de David, de 70 anos, que tomava sol em um dia quase de verão na porta de sua floricultura. “Eu não me fio. Não é seguro ainda,” argumentou. “Ainda estamos pendentes da ameaça de outras cepas do vírus”, alertou.

Os especialistas começam a perguntar se a chamada imunidade de rebanho já foi alcançada no Estado judeu, mas também questionam a eficácia da vacina, que a Pfizer afirma ser de 91% nos primeiros seis meses. O declínio contínuo da taxa de infecção apesar do levantamento das restrições ―em todas as faixas etárias, incluindo os menores não vacinados― e a reabertura da economia apontam que em Israel já se vive uma nova normalidade, muito parecida com a anterior à pandemia.

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