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Avanço da pandemia de coronavírus obriga países a recuarem após começarem a reabrir

Coreia do Sul e Irã vivem a segunda onda, enquanto Alemanha e Portugal voltam a impor restrições. O ritmo de contágios se acelera especialmente no continente americano

Passageiras em um ônibus, nesta segunda-feira em Teerã.
Passageiras em um ônibus, nesta segunda-feira em Teerã.ATTA KENARE (AFP)
Elena G. Sevillano

A pandemia de coronavírus está se acelerando. O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, vem há alguns dias repetindo que os países não podem descuidar e que ainda são necessárias medidas restritivas. “Estamos em uma fase nova e perigosa”, salientou. Diariamente continuam sendo confirmados mais de 150.000 novos casos em todo o mundo. Quase metade procede do continente americano, mas as cifras do sul da Ásia e do Oriente Médio também são preocupantes. Mais de dois terços das últimas mortes ocorreram no continente americano. Os Estados Unidos já somam 120.000 mortos. O Brasil, mais de 50.000. O México superou as 22.000 vítimas.

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A OMS alertou na semana passada sobre o avanço incontrolável do vírus, quando se alcançaram os 150.000 casos diários pela primeira vez. Mas a situação só piorou deste então. No domingo chegaram a 183.000, a cifra mais alta de novos casos desde o início da pandemia. Para ilustrar o ritmo que o coronavírus está assumindo, o chefe da OMS empregou nesta segunda-feira uma comparação muito gráfica: foram registrados até agora no mundo quase nove milhões de casos. O primeiro milhão veio após três meses de epidemia. O último milhão se contabilizou apenas nos últimos oito dias. “Parece que todos os dias se chega a um novo e sombrio recorde”, começou Ghebreyesus em sua intervenção.

Enquanto alguns territórios estão no topo da primeira onda, com drásticos aumentos na transmissão, em outros preocupam os surtos localizados ou a chegada de segundas ondas. Trata-se de Estados que acreditavam ter superado o pior da epidemia, que confinaram a sua população e pouco a pouco estão tratando de recuperar certa normalidade abrindo suas economias. “Todos os países enfrentam agora um delicado equilibro entre proteger seus habitantes e minimizar o dano social e econômico”, observou o chefe da OMS.

A Coreia do Sul, um dos países que mais eficazmente conseguiram sair da primeira investida do vírus em seu território, admitiu que está lutando contra uma segunda onda de infecções que começou em Seul, a capital, durante um fim de semana de maio em que muitos estabelecimentos de lazer foram reabertos. Nesta segunda, as autoridades sanitárias, que até agora argumentavam que o aumento de infecções se devia a uma persistência da primeira onda, reconheceu pela primeira vez que está imersa em uma segunda onda de contágios, tanto importados como de transmissão local.

Os especialistas também dão como certo que o Irã vive uma segunda onda do vírus, justamente quando a população começava a relaxar. Este segundo ataque é tão ou mais virulento que o primeiro. As autoridades locais alegam que agora são feitos mais exames que em março, e que isso explica o aumento de casos. As cifras mais recentes mostram quase 3.000 novos positivos por dia, mais que no fim de março. Nesta terça-feira o Irã confirmou 121 mortos em apenas 24 horas, já se aproximando de 10.000 no total.

Também Israel retrocede na contenção da pandemia, em meio a temores com uma segunda onda. O Governo anunciou que aprovará nesta terça a implantação de zonas restringidas em vários pontos do país onde os contágios dispararam. A Autoridade Palestina, por sua vez, estabeleceu confinamentos parciais em áreas como Hebron, onde os casos duplicaram em duas semanas de desescalada.

Alemanha impõe restrições a 360.000 pessoas

Tampouco a Europa se livra. O foco com mais de 1.500 afetados em um frigorífico do norte da Alemanha obrigou à retomada das medidas restritivas numa região habitada por 360.000 pessoas. Não é uma volta ao confinamento, mas implica o fechamento de lugares públicos e a limitação do contato entre pessoas. As novas restrições, anunciadas pelo chefe do Governo estadual da Renânia do Norte-Vestfália, Armin Laschet, aplicam-se a todo o distrito de Gütersloh, onde bares, museus e academias permanecerão fechados. As restrições, as primeiras no país desde o início da desescalada, obrigam também à redução dos contatos entre pessoas e vigorarão até 30 de junho. Por enquanto, as autoridades consideram que o surto está localizado entre os funcionários do frigorífico Tönnies e não se propagou ao resto da população, onde foram registrados 24 contágios ao todo.

Em Portugal, país considerado modelo no controle da epidemia, também há preocupação com o ritmo de novos contágios dos últimos dias. O Governo impôs novas restrições na região metropolitana de Lisboa a partir desta terça. A concentração máxima de pessoas em um evento recua de 20 para 10, com multas para quem descumprir. Os estabelecimentos comerciais fecharão obrigatoriamente às 20h, exceto no caso dos restaurantes que sirvam jantares.

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