Biden ataca Putin e diz que o considera “um assassino”

Presidente dos EUA alerta em entrevista que a Rússia “pagará um preço” por sua ingerência nas eleições norte-americanas, apontada por investigação divulgada na terça

Joe Biden, em seu primeiro discurso à nação, em 11 de março. Em vídeo, um trecho da entrevista à ABC News em que o presidente dos EUA adverte que a Rússia “pagará um preço” por tentar interferir nas eleições presidenciais.
Joe Biden, em seu primeiro discurso à nação, em 11 de março. Em vídeo, um trecho da entrevista à ABC News em que o presidente dos EUA adverte que a Rússia “pagará um preço” por tentar interferir nas eleições presidenciais.ALEX WONG (Europa Press)
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FILE - In this file photo taken on Friday, June 28, 2019, President Donald Trump, right, shakes hands with Russian President Vladimir Putin during a bilateral meeting on the sidelines of the G-20 summit in Osaka, Japan. From Moscow, the U.S. election looks like a contest between "who dislikes Russia most," according to Kremlin spokesman Dmitry Peskov. Russian President Vladimir Putin is frustrated with President Donald Trump's failure to deliver on his promise to fix ties between the countries. But Democratic challenger Joe Biden does not offer the Kremlin much hope either. (AP Photo/Susan Walsh, File)
EUA afirmam que Rússia e Irã tentaram manipular o resultado das eleições de 2020
(FILES) In this file photo taken on October 02, 2020, friends of murdered Saudi journalist Jamal Khashoggi hold posters bearing his picture as they attend an event marking the second-year anniversary of his assassination in front of Saudi Arabia Istanbul Consulate. - The US director of national intelligence is expected to release a damning report on February 26, 2021, that fingers Saudi Crown Prince Mohammed bin Salman for the brutal murder and dismemberment of dissident journalist Jamal Khashoggi in October 2018. The classified report is believed to say that, based on intelligence collected by the CIA and other spy bodies, the kingdom's de facto leader directed the assassination of the respected US-based writer in the Saudi consulate in Istanbul. (Photo by Ozan KOSE / AFP)
Príncipe saudita autorizou o assassinato do jornalista Jamal Khashoggi, aponta inteligência dos EUA
TOPSHOT - A mural of Australia's Julian Assange is seen in a laneway in Melbourne on January 5, 2021, after a judge in London ruled that the WikiLeaks founder should not be extradited to the US to face espionage charges for publishing hundreds of thousands of classified military and diplomatic documents in 2010. (Photo by William WEST / AFP) / RESTRICTED TO EDITORIAL USE - MANDATORY MENTION OF THE ARTIST UPON PUBLICATION - TO ILLUSTRATE THE EVENT AS SPECIFIED IN THE CAPTION
Novas pistas indicam que a CIA espionou Assange para forçar sua extradição

—O sr. acredita que Vladimir Putin seja um assassino?

—Sim, acredito.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, usou uma entrevista ao canal ABC News para atacar seu homólogo russo, Vladimir Putin. Em meio à conversa com o apresentador George Stephanopoulos, a ser exibida nesta quarta-feira, Biden aborda o diálogo telefônico de uma hora que manteve com Putin logo depois de tomar posse na Casa Branca: “Conheço você e você me conhece. Se eu souber que aconteceu [uma ingerência eleitoral], então se prepare”, advertiu-lhe o democrata. A entrevista chega depois da confirmação de que tanto a Rússia como o Irã procuraram influenciar no resultado das eleições presidenciais norte-americanas de 2020, segundo um relatório publicado nesta terça-feira pelo Escritório do Diretor Nacional de Inteligência. “Vocês pagarão um preço”, ameaçou o democrata.

O relatório dos serviços secretos dos EUA afirma que Moscou, com a autorização do presidente Putin, promoveu operações em favor do aspirante republicano e então presidente, Donald Trump. O mandatário norte-americano afirma na entrevista a Stephanopoulos que as consequências a serem pagas pelo Kremlin por seus esforços para influenciar no pleito de 3 de novembro não tardarão a chegar: “Logo vocês as verão”, sentenciou. “Na minha experiência, o mais importante ao tratar com líderes estrangeiros —e já tratei com muitos— é conhecer a outra pessoa”, afirmou o democrata. Também revelou que, quando era vice de Barack Obama, se reuniu a sós com Putin, olhou nos seus olhos e não viu “uma alma”.

O documento de inteligência conclui que, apesar das tentativas descritas, as agências de espionagem dos EUA não encontraram provas de que alguma figura estrangeira de peso tenha conseguido alterar a eleição através da manipulação do registro eleitoral, falsificação de votos ou alterações na apuração e divulgação dos resultados. O relatório dos serviços de inteligência “não tem nenhum fundamento”, respondeu o porta-voz do Governo russo, Dmitri Peskov. Lamentou também que “esses documentos, longe de serem rigorosos”, possam servir como pretexto para impor novas sanções à Rússia.

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“Diferentemente de 2016, desta vez não detectamos nenhuma tentativa cibernética de infiltração nas infraestruturas eleitorais”, informa o documento elaborado pelos EUA. Nas eleições de 2016, piratas informáticos russos acessaram os computadores do Partido Democrata e publicaram e-mails que prejudicaram a candidatura da democrata Hillary Clinton. A investigação —que teve a colaboração da CIA, FBI e Agência Nacional de Segurança (NSA, na sigla em inglês)— também revelou os esforços do Irã para solapar a confiança no processo eleitoral e prejudicar a reeleição de Trump. O documento afirma que Moscou e Teerã se dedicaram a “espalhar declarações falsas ou exageradas dizendo que, supostamente, os sistemas de votação não eram confiáveis, o que enfraqueceu a confiança do público no processo e no resultado”.

O relatório também conclui que a China não desenvolveu nenhuma interferência e, embora tenha cogitado fazê-lo, não mobilizou nenhum esforço para alterar o resultado das eleições presidenciais. Isto contradiz a teoria de Trump sobre uma ameaça latente de Pequim. O republicano chegou a dizer que a China faria “todo o possível” para evitar sua reeleição.

Coronavírus e Cuomo

No decorrer da entrevista, Biden se mostrou surpreso com a grande politização que pesa sobre a pandemia: “Honestamente, achei que, quando garantíssemos que teríamos vacina suficiente para todos, as coisas começariam a se acalmar”. O presidente não entende que alguns cidadãos não queiram receber a vacina alegando que recusá-la é um “direito como norte-americano” ou reivindicando “a liberdade” de não se imunizar. “Por que não ser patriota? Você protege outras pessoas [ao se vacinar]”, disse Biden.

Após vários dias sem se posicionar sobre a recente investigação por assédio sexual do governador do Estado de Nova York, Andrew Cuomo, o presidente norte-americano afirmou que este deveria renunciar se for confirmada a veracidade das denúncias. Vários deputados estaduais e altos funcionários do Partido Democrata, como a deputada federal Alexandria Ocasio-Cortez, fizeram um apelo a Cuomo para que se afaste. Ele nega as acusações.

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