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EUA afirmam que Rússia e Irã tentaram manipular o resultado das eleições de 2020

Relatório de inteligência recém-desclassificado afirma que Moscou tentou difamar Biden em benefício de Trump e que iranianos tentaram prejudicar as possibilidades de reeleição de Trump

Yolanda Monge
Donald Trump y Vladímir Putin
Donald Trump e Vladimir Putin em uma foto de arquivo de 2019.Susan Walsh (AP)
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(FILES) In this file photo taken on December 18, 2018 former US National Security Advisor General Michael Flynn arrives for his sentencing hearing at US District Court in Washington, DC. - US President Donald Trump in a tweet announced on November 25, 2020, he has pardoned his former national security advisor Michael Flynn. Flynn pleaded guilty in 2017 to lying to the FBI over his Russian contacts. (Photo by SAUL LOEB / AFP)
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Anatomia do grande ataque cibernético que comprometeu o eixo da Administração dos EUA

Tanto a Rússia quanto o Irã procuraram influenciar o resultado das últimas eleições presidenciais nos Estados Unidos, segundo um relatório publicado na terça-feira pelo Escritório do Diretor de Inteligência Nacional, que conclui que, apesar dessa tentativa, a espionagem norte-americana não encontrou nenhuma prova de que alguma figura de peso estrangeira conseguiu mudar o rumo da votação ou perturbar o processo eleitoral manipulando tecnicamente o registro para poder votar, falsificando o voto, a apuração ou a informação dos resultados, conforme informa, entre outros veículos de comunicação, a agência de notícias Associated Press (AP).

Trata-se de um documento que reúne a maior descrição da ampla gama de ameaças estrangeiras sofridas pelas eleições anteriores, que incluem operações de influência russa que o corpo de inteligência afirma terem sido autorizadas pelo presidente russo, Vladimir Putin, bem como o empenho do Irã em minar a confiança no processo eleitoral para prejudicar as possibilidades de reeleição de Donald Trump, sempre segundo a AP.

O relatório confirma o que a seção de cibersegurança do Departamento de Segurança Interna afirmou no dia seguinte às eleições presidenciais de 3 de novembro: “Não temos nenhuma prova de que um inimigo estrangeiro seja capaz de impedir que os norte-americanos votem ou alterem o resultado das urnas”. No entanto, e de acordo com o documento de inteligência, os adversários dos EUA, neste caso Rússia e Irã, se dedicaram a “espalhar declarações falsas ou exageradas que garantiam que, supostamente, os sistemas de votação não eram confiáveis, o que enfraqueceu a confiança do público no processo e no resultado”.

Enquanto a Rússia apoiou a reeleição do ex-presidente Trump ―tentando enlamear a candidatura e o nome de Joe Biden―, o Irã se opôs ao ex-presidente republicano. As tentativas de Moscou foram se tornando cada vez mais evidentes à medida que a campanha eleitoral avançava. Um elemento-chave dos ataques russos contra o democrata Biden se centrava nas falsas alegações de que o ex-vice-presidente de Barack Obama, enquanto estava no poder, tentou destituir um juiz ucraniano com a intenção de que seu filho, Hunter Biden, não fosse investigado. Durante algum tempo, Hunter foi membro do conselho de administração da empresa de gás ucraniana Burisma.

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O relatório cita especificamente Andrii Derkach, um político ucraniano, que agiu em nome de Putin para tentar desacreditar o candidato Biden. Durante a campanha, Derkach se reuniu com Rudy Giuliani, o controvertido advogado pessoal de Trump, para influenciar em favor de seu chefe na eleição. “A Rússia levou a cabo uma operação de inteligência bem-sucedida que penetrou no círculo mais íntimo do presidente”, disse na terça-feira o presidente do comitê de inteligência da Câmara, o deputado Adam Schiff. Segundo o democrata, o dossiê do Escritório do Diretor de Inteligência Nacional confirma que os agentes russos “se dedicaram a inocular desinformação em nosso sistema político com a intenção última de difamar o agora presidente Biden e prejudicar sua candidatura”.

Outro dos destaques do documento da espionagem dos EUA é que a influência da Rússia no processo eleitoral de 2020 não foi tão ampla quanto a que ocorreu em 2016, quando hackers a serviço do Kremlin acessaram os computadores do Partido Democrata e colocaram à disposição do público e-mails que prejudicaram gravemente a campanha da candidata democrata Hillary Clinton. “Ao contrário de 2016, desta vez não encontramos nenhuma tentativa cibernética de penetrar nas infraestruturas eleitorais”, afirma o documento.

Em relação ao Irã, o relatório descreve como a república islâmica realizou “uma vasta campanha encoberta de influência” com o objetivo de desestabilizar as eleições. O documento cita que os esforços do Irã estavam destinados a “minar as possibilidades de reeleição de Trump ―embora o fizesse sem promover de forma direta seus adversários―, prejudicar a confiança dos cidadãos no processo eleitoral e nas instituições norte-americanas, semear divisão e exacerbar as tensões sociais dentro dos Estados Unidos”.

É claro que a China tem uma menção no relatório do Escritório do Diretor de Inteligência Nacional, mas em um contexto muito diferente daquele da Rússia ou do Irã. “Constatamos que a China não desenvolveu nenhuma interferência e, embora tenha considerado, não fez nenhum esforço para mudar o resultado das eleições presidenciais”, conclui o dossiê.

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