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Zuckerberg anuncia bloqueio de Trump por tempo indeterminado no Facebook e no Instagram

Conta do presidente nas plataformas já havia sido suspensa após incitação de protestos que levaram à invasão do Capitólio nesta quarta. No Twitter, medida é ainda temporária

O presidente Trump se dirige a seus apoiadores após o ataque ao Capitólio.
O presidente Trump se dirige a seus apoiadores após o ataque ao Capitólio.Reuters
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“Como resultado da atual situação violenta sem precedentes em Washington, exigimos a remoção de três tuítes publicados hoje mais cedo na conta @realDonaldTrump por infrações graves e reiteradas de nossa política de integridade física”. Assim o Twitter explicou que havia bloqueado a conta do presidente Trump, após este ter encorajado as revoltas desta quarta-feira em Washington. A rede social alertou primeiro sobre o conteúdo difundido pelo presidente, alegando “risco de violência” e, horas mais tarde, suspendeu a conta para que Trump não pudesse utilizá-la. Ele poderá voltar a usar a conta 12 horas depois de apagar essas três mensagens. O Twitter não descarta desativar permanentemente a conta do mandatário caso ele continue violando suas normas.

O Facebook e o Instagram seguiram a medida e anunciaram o bloqueio da conta do presidente. A suspensão teria inicialmente uma duração de 24 horas, mas, às 12h47 desta quinta (em Brasília), Mark Zuckerberg publicou um comunicado no Facebook anunciando que seria estendida indefinidamente. “Consideramos que os riscos de permitir que o presidente continue utilizando nosso serviço durante esse período são simplesmente grande demais”, explicou o presidente-executivo das plataformas. “Portanto, estamos ampliando o bloqueio que impusemos às suas contas do Facebook e do Instagram de maneira indefinida, e pelo menos durante as próximas duas semanas, até que seja concluída a transição pacífica do poder.”

No dia em que o Capitólio deveria certificar Joe Biden como o próximo presidente dos Estados Unidos, um grupo de manifestantes incentivados por Donald Trump irrompeu na Câmara de Representantes (deputados) no meio da sessão. Nas horas seguintes, insólitas na história do país, eles obrigaram a paralisação da jornada parlamentar. Quatro pessoas morreram durante os distúrbios.

Na quarta, Facebook e o YouTube eliminaram o vídeo em que o mandatário dizia a seus seguidores que agissem de forma pacífica e fossem para casa, mas ao mesmo tempo continuava incentivando-os a atuar devido ao que ele continua chamando de “fraude eleitoral”. Além de não ter sido provada, a hipótese de fraude foi rechaçada pelos juízes em mais de 60 ocasiões nos últimos três meses. Os diretores do Facebook e do Instagram também se pronunciaram sobre o bloqueio da conta. “Esta é uma situação de emergência, e estamos tomando as medidas de emergência apropriadas, incluindo a eliminação do vídeo do presidente Trump”, afirmou Guy Rosen, vice-presidente de integridade do Facebook. “Nós o eliminamos porque acreditamos que isso contribui para diminuir o risco de que a violência continue”, acrescentou num tuíte. “Também bloqueamos a conta do presidente Trump”, disse Adam Mosseri, chefe do Instagram.

Além dos protestos, Trump afirmou, diante de milhares de pessoas em Washington, que nunca concederia a vitória ao seu adversário e continuou animando as massas com suas acusações sem fundamento sobre a fraude eleitoral. Horas mais tarde, num segundo vídeo depois da invasão do Capitólio, e apesar do caos, Trump não abandonava o discurso de rebelião e incentivava seus seguidores a fazer do dia algo memorável. Após essa segunda mensagem, o Twitter adotou medidas.

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A empresa informou que, enquanto Trump não apagar os tuítes desta quarta, não poderá utilizar sua conta novamente. Com exceção de suas redes sociais, o presidente em nenhum momento se dirigiu ao país em nenhuma cadeia nacional e, segundo confirmaram os jornais norte-americanos, não o fez durante a noite, quando foi retomada a sessão da Câmara de Representantes. Tanto o Facebook como o Instagram bloquearam durante o dia o conteúdo publicado com a hashtag #StormTheCapitol (“invadam o Capitólio”) e anunciaram que eliminariam qualquer conteúdo, foto, vídeo ou comentário que elogiasse o ataque à Câmara.

O Twitter foi para Trump o principal canal e o megafone que utilizou para se dirigir aos seguidores e dar opiniões de todo tipo durante seu mandato. “As contas de Trump lhe serviram como arma política, como um meio de comunicação que penetra nesses EUA profundos que ele representa”, diz Rubén Darío Vázquez, professor da Universidade Autônoma do México (UNAM) e especialista em redes sociais e democracia.

Mensagens curtas e diretas como as de quarta podem ter impacto para milhares de pessoas. Trump também utilizou o Twitter como um lugar de intoxicação permanente para postar mensagens falsas e não verificadas durante as últimas eleições, incentivando o racismo e a desinformação. “As redes sociais têm sido um terreno fértil muito importante para conectar todos esses grupos extremistas que foram decisivos para que Trump chegasse à presidência”, diz Vázquez.

Embora não seja a primeira vez que as empresas do Vale do Silício alertam sobre o conteúdo das mensagens do presidente e anexam a elas uma advertência —como foi feito nas últimas eleições—, elas nunca as tinham bloqueado em virtude da segurança nacional.

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