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Trump e Melania testam positivo para covid-19 e entram em quarentena

Doença joga gasolina na incendiária campanha presidencial americana; presidente apresenta sintomas leves, semelhantes aos de um resfriado, enquanto o vice Mike Pence testou negativo

Trump e a primeira-dama Melania
Trump e a primeira-dama MelaniaKEVIN LAMARQUE (Reuters)
Yolanda Monge

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou pelo Twitter na madrugada desta sexta-feira que ele e sua mulher, Melania, receberam um diagnóstico de covid-19 e por isso entrarão em quarentena. “Sairemos disto JUNTOS”, escreveu o mandatário. A notícia representa mais um barril de gasolina sendo atirado a uma campanha eleitoral tensa, quando faltam apenas 33 dias para que o eleitorado norte-americano decida quem será o ocupante da Casa Branca nos próximos quatro anos. Segundo informações do jornal The New York Times, Trump apresenta sintomas leves, semelhantes aos de um resfriado.

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CLEVELAND, OHIO - SEPTEMBER 29: Democratic presidential nominee Joe Biden participates in the first presidential debate against U.S. President Donald Trump at the Health Education Campus of Case Western Reserve University on September 29, 2020 in Cleveland, Ohio. This is the first of three planned debates between the two candidates in the lead up to the election on November 3.   Win McNamee/Getty Images/AFP
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A member of the Proud Boys, right, stands in front of a counter protester as members of the Proud Boys and other right-wing demonstrators rally on Saturday, Sept. 26, 2020, in Portland. President Donald Trump didn't condemn white supremacist groups and their role in violence in some American cities this summer. Instead, he said the violence is a “left-wing" problem and he told one far-right extremist group to “stand back and stand by.” His comments Tuesday night were in response to debate moderator Chris Wallace asking if he would condemn white supremacists and militia groups. Trump's exchange with Democrat Joe Biden left the extremist group Proud Boys celebrating what some of its members saw as tacit approval. (AP Photo/John Locher)
Proud Boys, o grupo de ultradireita só de homens que Trump se negou a condenar

Trump, de 74 anos, decidiu fazer exame de covid-19 nesta quinta, depois que Hope Hicks, uma de suas assessoras mais próximas, testou positivo no exame para o coronavírus, segundo noticiou inicialmente a Bloomberg News e confirmou depois o próprio mandatário ao canal Fox. Hicks, de 31 anos, acompanhou Trump no Air Force One na viagem a Cleveland (Ohio), onde ele participou do primeiro debate televisivo contra o seu rival democrata, Joe Biden. Ela também tinha estado com o republicano na quarta-feira em um comício em Minnesota. Neste sábado sua agenda incluía um ato na Pensilvânia.

Horas após o anúncio, o vice-presidente Mike Pence testou negativo para o coronavírus, segundo um porta-voz da Casa Branca. Ele e o presidente vão trabalhar de residências separadas durante os próximos dias, para evitar o contágio. A possibilidade de que Pence estivesse contaminado levantou preocupações sobre quem poderia ocupar o cargo em caso de uma piora na saúde dos dois. Caso ambos estivessem incapacitados, a próxima na linha de sucessão é a presidente da Câmara dos Deputados, Nancy Pelosi, uma das líderes do partido democrata, adversário de Trump.

O resultado positivo de Trump para covid-19 ocorre num momento em que o presidente vinha pisando no acelerador de sua campanha para tentar reverter as pesquisas que dão vantagem a Biden, com quem protagonizou um feroz debate na terça-feira, quando o republicano foi repetidamente repreendido por interromper o rival. Ambos ficaram a menos de quatro metros de distância, mas a campanha do democrata divulgou nesta sexta que tanto ele quanto a sua mulher, Jill, não foram diagnosticados com a doença.

Conforme informou o presidente norte-americano em uma entrevista ao canal Fox, tanto ele como sua esposa, Melania, tinham decidido se submeter ao exame do coronavírus depois da notícia sobre a colaboradora dele. “[Hicks] deu positivo”, afirmou Trump ao canal. “Acabo de fazer um teste e veremos o que acontece.”

O médico oficial da Casa Branca, Sean Conley, afirmou em nota que o presidente “se encontra bem” e continuará “cumprindo suas funções”. Segundo ele, tanto Trump quanto a primeira-dama se encontram em bom estado “por enquanto” e planejam passar sua convalescença na ala residencial da Casa Branca. Na opinião de Conley, Trump tem condições de continuar trabalhando “sem interrupção” enquanto se recupera. Com uma quarentena à vista, a campanha entra em um terreno totalmente desconhecido até agora, como outros tantos episódios vividos neste período eleitoral de 2020.

Um comentarista médico afirmou no canal Fox que, na faixa etária de Trump, o índice de sobrevivência da covid-19 é de 96%, mas que a obesidade e a hipertensão aumentam o risco. O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, bem mais jovem que Trump (tem 56 anos), teve covid e ficou em estado grave no final de março.

Apesar dos 200.000 mortos e mais de sete milhões de casos confirmados nos EUA, o presidente manteve eventos e comícios em que admiradores dele se aglomeram para cumprimentá-lo e aclamá-lo. Na grande maioria de seus atos, Trump se gabou de não usar máscara e se riu de seu rival por fazê-lo. A mesma política antimáscara vigora na Ala Oeste da Casa Branca e nas viagens que o mandatário vinha fazendo pelos Estados que serão mais decisivos nas eleições de 3 de novembro.

Hicks é um dos cinco membros destacados do Governo Trump que deram positivo para Covid-19 e que despacham regularmente com o presidente. Assim como o magnata republicano, ela não costuma usar máscara em suas aparições públicas. Durante a viagem da assessora a Cleveland com Trump, entre 20 e 30 pessoas viajavam no avião presidencial, incluindo funcionários da Casa Branca e familiares do presidente.

Sem máscaras

Entretanto, na noite da terça-feira, durante o debate, a família de Trump e amigos próximos – a presença de público foi muito limitada – apareciam na tela sem usar máscaras que protegessem a boca e o nariz, ao contrário da mulher de Biden, que estava com o acessório durante os 90 minutos que durou o caótico e truculento encontro.

Ex-diretora de comunicação da Casa Branca e assessora de imprensa durante a campanha presidencial de seu chefe em 2016, Hicks retornou à Administração Trump em fevereiro passado para trabalhar ombro a ombro com um dos mais próximos assessores de Trump, Jared Kushner. A millennial de Connecticut era e é uma das pessoas mais fiéis a Donald Trump, e sua discrição lhe permitiu sobreviver em seu momento ao tumulto permanente que espreita o presidente. Não tem conta no Twitter, e a do Instagram é privada.

Hicks havia deixado a Casa Branca em 2018 para ocupar um cargo de direção no escritório de comunicações da corporação Fox. Modelo de profissão, a jovem carecia de qualquer experiência em política até entrar para a campanha de Trump em 2016. Antes desse momento que mudou sua vida, a jovem trabalhou para a filha do presidente, Ivanka Trump.

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