Espanha, França e Suécia confirmam casos da variante do coronavírus encontrada no Reino Unido
Na Espanha, nenhum dos doentes apresenta um quadro grave. Madri analisa testes de outros três suspeitos de ser portadores. Suécia e França também registram casos
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Espanha, França e Suécia registraram neste sábado (26) casos de infecção pela nova variante do coronavírus encontrada no Reino Unido, segundo as autoridades sanitárias destes países. Em Madri, na Espanha, foram confirmados pelo menos quatro casos e há outros três suspeitos cujas amostras estão sendo analisadas. Os resultados serão conhecidos entre terça e quarta-feira. Antonio Zapatero, vice-secretário de Saúde e coordenador do plano de combate à covid-19, confirmou as novas infecções do que o Governo britânico chama de VUI (de variant under investigation, “variante sob investigação”). “Os pacientes não apresentam gravidade, sabemos que esta nova cepa é mais transmissível, mas não agrava a doença”, disse Zapatero.
Três dos casos são o pai, a mãe e a irmã de um jovem que chegou quinta-feira do Reino Unido, em avião, deu positivo no teste de antígeno e foi isolado. “No dia seguinte, esses três familiares foram ao pronto-socorro de um hospital com sintomas e foi colhido material para o PCR, com o qual se sequenciou o genoma e se confirmou que era a variante”, explicou Zapatero, assinalando que em relação ao jovem em questão, vindo do Reino Unido, “há a suspeita, mas não se pode confirmar [que seja a nova variante] por não haver material genético para fazer o sequenciamento”. O quarto caso, acrescentou, “é o de outro jovem que foi a um hospital diferente e se suspeitou porque vinha do Reino Unido, então foi feito um PCR especial e o sequenciamento do vírus”. Esse jovem aterrissou em Madri no domingo passado. Com base nesses casos, a Direção Geral de Saúde Pública enviou na quarta-feira um alerta a todos os centros de saúde da região, informou o vice-secretário.
“Não há motivo para nervosismo. A transmissibilidade é maior, sim, mas a gravidade não”, reiterou Zapatero. “É preciso ter cuidado, assim como antes.” Os cientistas ainda estão pesquisando a virulência desta nova variante do vírus, que presumem que já tenha se espalhado por toda a Europa. Foi detectada no final de setembro por cientistas britânicos em dois pacientes. Esta versão do SARS-CoV-2 acumula 17 mutações diferentes em sua sequência genética, um número surpreendentemente alto. Oito dessas mudanças estão na proteína S, a parte fundamental do novo coronavírus, que lhe permite entrar nas células humanas e iniciar a infecção.
O Governo britânico afirma que embora haja muita incerteza a respeito, a nova variante pode ser até 70% mais contagiosa do que as versões anteriores. Em cerca de duas semanas devem ser publicados os resultados de um estudo-chave realizado em culturas celulares, que indicará se a nova variante se replica mais rápido do que as anteriores. Até então, não será possível saber se a expansão acelerada desta nova versão do vírus no Reino Unido se deve a mudanças genéticas ou simplesmente ao acaso, ajudado por medidas frouxas de controle. “O Reino Unido tem se caracterizado por suas medidas pouco estritas, e isso, em parte, poderia explicar a maior disseminação observada”, afirmou ao EL PAÍS Fernando González Candelas, pesquisador da Fundação Fisabio e membro do grupo espanhol que analisa genomas do SARS-CoV-2. Os pesquisadores estão estudando a verdadeira importância dessas mutações, e acreditam que as vacinas estão preparadas para enfrentá-las.
A vacinação
Após o início simbólico da campanha de vacinação neste domingo, a Comunidade de Madri receberá todas as segundas-feiras, durante três meses, 50 bandejas com 975 doses da vacina da Pfizer: 48.750 semanais, num total de 585.000 vacinas. Serão vacinados primeiro os moradores e funcionários de asilos; em seguida, os profissionais de saúde da linha de frente, tanto da rede pública como da particular; depois deles, o restante do pessoal de saúde e assistência social e por último, completando os quatro grupos que já foram definidos, as pessoas com deficiência que precisam de medidas intensivas de apoio, os chamados grandes dependentes.
Madri inicia a vacinação neste domingo pelos residentes e funcionários do centro Azaleas (no bairro de Ciudad Lineal), do Parque Almansa de Ballesol (na área de Moncloa-Aravaca) e do lar de idosos Vallecas, da Agência Madrilenha de Assistência Social (pública). “É uma amostra testemunhal [de 1.200 doses] com a qual começaremos”, confirmou Ruiz Escudero em entrevista coletiva.
Desde 12 de dezembro, Madri registrou 12.585 novos casos e 2.413 internações nos hospitais da região, 252 destas em UTIs. Nos últimos 14 dias, 207 pessoas morreram nesses hospitais por complicações da covid-19, 43 em UTIs. A situação favorável que a Comunidade de Madri mantinha desde que foi atingido o pico da segunda onda, entre o fim de setembro e o início de outubro, vem se revertendo há três semanas.
A região registrou em 9 de dezembro seu número mais baixo de incidências acumuladas por 100.000 habitantes nos últimos 14 dias: 190. Desde então, essa curva ― não a mais sólida, mas uma das mais usadas para observar a evolução da epidemia ― mudou de direção. Neste sábado, esse número “é de 333”, embora “haja uma queda que é normal em feriados”, afirmou o secretário de Saúde, Enrique Ruiz Escudero, em entrevista coletiva. Há 1.729 pacientes internados nos hospitais, 296 deles em UTIs. O secretário diz que os números das últimas semanas mantêm as autoridades “em alerta” e que, “mais do que nunca”, é preciso insistir na “responsabilidade, responsabilidade e responsabilidade”.
Segundo o último boletim epidemiológico, publicado a cada terça-feira, há um grupo populacional que já supera a incidência acumulada de 400 casos: as mulheres entre 15 e 24 anos, que registram 408 casos, com 1.329 contágios notificados nos últimos 14 dias. Nessa mesa faixa etária, os homens também se aproximam desse índice: com 1.237 casos, têm uma incidência de 372. “Não podemos baixar a guarda, senão pagaremos por isso nos próximos meses”, enfatizou Ruiz Escudero.
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