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Paul R. Milgrom e Robert B. Wilson ganham o Nobel de Economia de 2020

Academia Sueca premiou os dois norte-americanos por suas inovações na teoria dos leilões

Os pesquisadores Paul R. Milgrom e Robert B. Wilson em ilustração divulgada pela Academia Sueca.
Os pesquisadores Paul R. Milgrom e Robert B. Wilson em ilustração divulgada pela Academia Sueca.
Álvaro Sánchez
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Stockholm (Sweden), 05/10/2020.- Thomas Perlmann (R), Secretary of the Nobel Assembly at the Karolinska Institut and of the Nobel Committee for Physiology or Medicine, announces the winners of the 2020 Nobel Prize in Physiology or Medicine during a press conference at the Karolinska Institute in Stockholm, Sweden, 05 October 2020. (L-R) on the screen are Harvey J.  Alter, Michael Houghton and Charles M  Rice, the three laureates who win the 2020 Nobel Medicine Prize. (Suecia, Estocolmo) EFE/EPA/Claudio Bresciani / POOL SWEDEN OUT
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Os norte-americanos Paul R. Milgrom e Robert B. Wilson, matemáticos e professores da Universidade de Stanford, ganharam nesta segunda-feira o prêmio Nobel de Economia de 2020 “por suas melhorias na teoria dos leilões e pela invenção de novos formatos de leilões”, anunciou a Real Academia de Ciências da Suécia. Ambos foram os primeiros a recomendar o sistema de licitações abertas, em que cada empresa pode ver o que as demais oferecem, em vez do clássico sistema de envelopes fechados. “As pessoas sempre venderam coisas a quem fez a melhor oferta, ou as comprou a quem fez a oferta mais barata. Hoje em dia bens mudam de mãos todos os dias nos leilões, por quantidades de dinheiro astronômicas. Não só objetos domésticos, arte e antiguidades, mas também ativos financeiros, matérias-primas e produtos energéticos. E as aquisições públicas também podem ser feitas como leilões”, observou o júri que os escolheu.

Essa é a matéria-prima da qual se nutrem os estudos de ambos os pesquisadores. Nascido em Detroit, Milgrom, de 72 anos, se graduou em Matemática em Michigan e se especializou em Estatística em Stanford, onde leciona desde 1987. Robert B. Wilson (Geneva, Nebraska), de 83 anos, é professor emérito da mesma instituição. Milgrom e Wilson já haviam recebido o prêmio Fronteiras do Conhecimento da Fundação BBVA, em 2012 e 2015.

O anúncio do Nobel de Economia nesta segunda-feira encerra o ciclo de premiações de 2020. Desde 1969, a Academia Sueca recompensa o trabalho de personalidades destacadas do mundo da economia, depois de um árduo processo de seleção. Até agora, em suas 51 edições, foi reconhecido o trabalho de 84 pessoas, sendo apenas duas mulheres: a norte-americana Elinor Ostrom em 2009, por suas teorias sobre a gestão da propriedade pública, e a francesa Esther Duflo no ano passado, por sua abordagem experimental ao alívio da pobreza global. Além de ser a segunda mulher, Duflo foi a mais jovem a ganhá-lo, aos 46 anos. O norte-americano Leonid Hurwicz, ganhador de 2007, foi o mais idoso, aos 90.

Wilson (à esquerda) e Milgrom na imagem divulgada pela Universidade de Stanford nesta segunda-feira.
Wilson (à esquerda) e Milgrom na imagem divulgada pela Universidade de Stanford nesta segunda-feira. ANDREW BRODHEAD / STANFORD / HAN (EFE)

Diferentemente do que acontece em categorias como Literatura, não é incomum que o prêmio seja compartilhado. Assim aconteceu em mais da metade de ocasiões: 25 dos prêmios foram concedidos a uma única pessoa, 19 a duas, e 7 a três pessoas. Os escolhidos desta segunda-feira recebem o bastão justamente de um trio de economistas. A citada Duflo, Abhijit Banerjee (Mumbai, 1961) e Michael Kremer (EUA, 1964).

Para receber esse reconhecimento é preciso superar uma intrincada série de filtros. O comitê da Academia, formado por mais de uma dezena de professores de Economia, Finanças, Estatística e Sociologia, pede sugestões de 3.000 especialistas um ano antes. Com os nomes entregues até no máximo 31 de janeiro é elaborada a primeira lista, com 250 a 300 indicados. Durante três meses, entre março e maio, colhe-se a opinião de outros especialistas. E após esse assessoramento o comitê elabora um relatório com recomendações que é remetido à Academia Sueca de Ciências Sociais. Durante duas reuniões, os acadêmicos discutem os méritos de cada indicado, até que finalmente no começo de outubro é feita a votação que leva ao vencedor.

A decisão deste ano é anunciada num momento em que o mundo enfrenta uma crise econômica sem precedentes. A Grande Recessão iniciada com o desmoronamento do Lehman Brothers e das hipotecas tóxicas teve como epicentro os EUA. A crise de dívida soberana golpeou a Europa a partir de 2010 com a Grécia no olho do furacão. Já a pandemia teve um impacto global, e não deixou nenhuma economia ilesa.

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