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UE prepara lista de países para reabrir fronteiras e Brasil deve ser excluído

EUA e Rússia também não cumpririam os critérios exigidos pelo bloco comunitário

Polícia grega verifica os documentos dos passageiros que chegaram de Doha, no Aeroporto Internacional de Atenas, em 15 de junho.
Polícia grega verifica os documentos dos passageiros que chegaram de Doha, no Aeroporto Internacional de Atenas, em 15 de junho.Thanassis Stavrakis (AP)

A União Europeia está concluindo uma lista de países considerados suficientemente seguros para que seus cidadãos possam viajar para o bloco comunitário a partir de 1º de julho. Segundo fontes diplomáticas, o documento, que deve ser adotado por consenso, se basearia em três critérios: sanitários, de reciprocidade e vínculos com a UE. Isso deixaria de fora países como Brasil, Estados Unidos e Rússia, que não têm conseguido controlar a pandemia de coronavírus. Entretanto, a confecção da lista está sendo um quebra-cabeça para os 27 países da UE, pela dificuldade em encontrar uma fonte de dados fidedigna para embasar esses relatórios.

A UE fechou sua fronteira externa em 16 de março, com exceção de viagens “estritamente necessárias”, como a repatriação de europeus. À medida que se aproxima o 1º de julho, alguns sócios insistem com mais força na urgência de publicar uma lista antes de começar a abri-la. Há semanas os Governos da UE tentam concluir uma tarefa que várias fontes descrevem como extremamente complexa. Os embaixadores tratarão nesta quarta-feira, em uma reunião, de fixar uma primeira lista de países candidatos a ingressar nessa primeira leva, mas será difícil que isso ocorra. Em todo caso, a intenção é fechá-la antes de 1º de julho, dado o risco de que as capitais nacionais decidam seguir seus próprios critérios.

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Um dos pontos mais polêmicos envolve os Estados Unidos, que soma 2,3 milhões de diagnosticados e 120.000 mortos, o que indica que a expansão do vírus está longe de ser controlada. Se forem seguidos critérios epidemiológicos, a UE ainda não deveria abrir suas fronteiras com os EUA. Mesmo assim, a decisão não depende só dos dados sanitários. Os Estados Unidos atualmente não permitem a entrada de viajantes europeus, por isso as capitais podem negar a chegada de cidadãos desse país, por questão de reciprocidade.

Fontes governamentais indicam um terceiro elemento mais subjetivo. Em alguns casos, haverá razões políticas ou de proximidade com o país em questão que induzam a abrir as portas mesmo que não haja reciprocidade. Em nível comunitário, fala-se dos países dos Bálcãs. No caso da Espanha, o foco de interesse é Marrocos, que fechou a sete chaves sua fronteira pouco depois de declarada a pandemia, mas que tem um nível de contágios muito baixo e, portanto, a retomada do fluxo de pessoas vindas desse país acarreta um risco pequeno.

Mas, mesmo sob esse critério, não é fácil tomar uma decisão em favor dos EUA, porque o próprio Donald Trump ignorou a importância da relação transatlântica ao decretar, sem aviso prévio, que se fechassem todas as portas a cidadãos procedentes da UE.

Temporada turística

A pressão para abrir as fronteiras procede sobretudo de países turísticos, em especial a Grécia. Atenas, que elaborou sua própria lista com 30 países que considera seguros, não quer prescindir de grandes mercados, como o russo, e inclusive sugere a possibilidade de abrir suas fronteiras aos cidadãos desses Estados para que as companhias aéreas e operadoras de turismo possam oferecer seus pacotes.

Outros países, por outro lado, estão abrindo suas fronteiras com a máxima precaução. É o caso da Dinamarca, que até o próximo dia 27 só autoriza a entrada de cidadãos da Alemanha, Noruega e Islândia. A Espanha evita dar pistas sobre quais países integrarão a lista europeia, mas assegura que não agirá unilateralmente.

A preparação da lista, entretanto, não é uma tarefa nada simples. Todos os países proporcionam dados sobre o alcance da pandemia. Mas várias fontes diplomáticas duvidam da fiabilidade de muitas dessas estatísticas. “O problema é de confiança”, argumentam fontes comunitárias. A isso se soma que muitos países fazem suas contribuições ao debate com argumentos políticos ou de proximidade, segundo estas fontes.

Os diplomatas, entretanto, esperam chegar a um acordo antes do dia 1º para evitar que o desacordo ponha em risco as garantias sanitárias na fronteira externa da União Europeia. O que, por sua vez, representaria uma ameaça para toda a área Schengen.

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