_
_
_
_
_

Trump restringe a entrada a trabalhadores estrangeiros alegando impacto da pandemia no emprego

Presidente assina uma ordem executiva que suspende a emissão de determinados vistos, principalmente os de empregos muito qualificados, até o final do ano

Pablo Guimón
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em um ato.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em um ato.Alex Brandon (AP)
Mais informações
U.S. President Donald Trump reacts to the crowd as he arrives onstage at his first re-election campaign rally in several months in the midst of the coronavirus disease (COVID-19) outbreak, at the BOK Center in Tulsa, Oklahoma, U.S., June 20, 2020. REUTERS/Leah Millis
Trump volta aos comícios com menos público que o previsto: “A maioria silenciosa é mais forte do que nunca”
A protester watches as a Wendy’s burns following a rally against racial inequality and the police shooting death of Rayshard Brooks, in Atlanta, Georgia, U.S. June 13, 2020. REUTERS/Elijah Nouvelage
Estados Unidos: três crises capitais para um país em chamas
President Donald Trump, center, walk toward the stage while supporters cheer during his campaign rally at BOK Center in Tulsa, Okla., Saturday, June 20, 2020. (Ian Maule/Tulsa World via AP)
Usuários do TikTok e fãs do K-pop dizem que esvaziaram o comício de Trump

Donald Trump assinou na segunda-feira uma ordem executiva que suspende temporariamente a emissão de determinados vistos de trabalho. Mais de meio milhão de trabalhadores estrangeiros, cuja entrada Trump chama na ordem de “prejudicial aos interesses dos Estados Unidos”, serão afetados. Essa foi a explicação fornecida através de uma sessão por telefone entre jornalistas e membros do alto escalão da Administração, que pediram para manter o anonimato, e que colocaram a medida dentro de uma iniciativa mais ampla de limitar a entrada de trabalhadores estrangeiros enquanto durar o retrocesso econômico causado pela pandemia do coronavírus. 

As restrições afetam os vistos H-1B, programa destinado aos trabalhadores muito qualificados e especializados, e outras categorias. Ficam isentos os trabalhadores sanitários e os do campo. No total, combinada com a suspensão temporária de permissões de residência permanente e green cards assinada por Trump em abril, as suspensões de vistos evitarão que 525.000 imigrantes viajem aos Estados Unidos para trabalhar de hoje até o final do ano, de acordo com os funcionários. 

A ordem diz que “a atual admissão de trabalhadores dentro de várias categorias de vistos para não imigrantes significa um risco de deslocar e colocar em desvantagem os trabalhadores norte-americanos durante a atual recuperação” econômica após a pandemia. No texto da ordem, o presidente procura lançar um sinal aos afro-americanos, em meio à mobilização por justiça racial que percorre o país desde a morte de George Floyd pela polícia há um mês. O excesso na “oferta de trabalhadores”, afirma Trump, “é particularmente danosa aos que estão entre o emprego e o desemprego”. E acrescenta: “Nos anos recentes, esses trabalhadores foram desproporcionalmente representados por grupos historicamente desfavorecidos, incluindo os afro-americanos e outras minorias”. 

A ordem, esperada há semanas, suscitou o repúdio de grupos de empresários, que afirmam que precisam contratar em outros países o talento que não encontram aqui, e de ativistas que denunciam que o presidente, para contentar suas bases em plena campanha eleitoral, volta a atacar os imigrantes por razões de política doméstica. “Com a recuperação da economia, as empresas norte-americanas precisarão de garantias de que podem cobrir todas as suas necessidades do quadro de empregados”, escreveu a Câmara de Comércio dos Estados Unidos, em uma carta enviada a Trump em maio. “Para isso, é crucial que tenham acesso a talento tanto domesticamente como ao redor do mundo”. 

Em abril Trump assinou outra ordem que suspendia a concessão de green cards durante dois meses. A nova ordem estabelece que “esse período de 60 dias é insuficiente”. Assim, amplia a suspensão até 30 de dezembro e acrescenta restrições a vistos de trabalho. Em abril, após as medidas de confinamento impostas pela pandemia, a taxa de desemprego nos Estados Unidos subiu a 14,7%, a mais alta desde a Grande Depressão, após chegar a um mínimo histórico de 3,5% em fevereiro. Em maio, entretanto, após o país começar a reabrir, foram criados 2,5 milhões de empregos e o desemprego caiu para 13,3%. 

A categoria de vistos H-1B é muito utilizada no recrutamento de trabalhadores à indústria tecnológica. Empresas como a Apple, Amazon, Facebook e Google pediram nas últimas semanas à Casa Branca que reconsidere seus planos. Os H-2B também são afetados, vistos para trabalhadores de temporada, principalmente na construção e no setor turístico e hoteleiro. A ordem não afeta os imigrantes que já moram e trabalham nos Estados Unidos. 

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_