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Desemprego nos EUA chega a 14,7%, o mais alto em 70 anos

País perdeu 20,5 milhões de postos de trabalho em abril, segundo o primeiro relatório oficial que captura o impacto completo da pandemia

Pablo Guimón
Cidadãos fazem fila para receber comida grátis no Brooklyn, Nova York.
Cidadãos fazem fila para receber comida grátis no Brooklyn, Nova York.JUSTIN LANE (EFE)
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Hialeah (United States), 09/04/2020.- A Hialeah city worker is delivering printed Unemployment Benefits application to city's residents in their cars in Hialeah, Florida, USA, 09 April 2020. Hundreds of residents lined up hours before locations were scheduled to open last Tuesday across Hialeah to submit paper applications for unemployment benefits as the state attempts to address problems with its website amid the increased number of applicants during the Covid-19 pandemic. Four locations opened in Hialeah for residents to get paper applications after recent problems with its employment website. (Abierto, Estados Unidos) EFE/EPA/CRISTOBAL HERRERA
Um em cada seis trabalhadores dos EUA solicitou seguro-desemprego desde meados de março
Supporters of far-right Brazilian President Jair Bolsonaro take part in a motorcade to protest against social distancing and quarantine measures, recommended by Sao Paulo's governor Joao Doria, following the coronavirus disease (COVID-19) outbreak, in Sao Paulo, Brazil, May 3, 2020. REUTERS/Amanda Perobelli
Pandemia expõe “necropolítica à brasileira” e uma certa elite que não vê além do umbigo

Os Estados Unidos registraram em abril um índice de desemprego de 14,7%, o mais alto em mais de 70 anos , devido à pandemia do coronavírus, da qual o país se tornou o epicentro. Há décadas o dado de desemprego não gerava tanta expectativa, e ele é tão ruim quanto se esperava ― o pior desde que os registros começaram a ser feitos, em 1948. Apenas dois meses antes, em fevereiro, o desemprego alcançava um mínimo histórico de 3,5%.

Até 20,5 milhões de pessoas perderam seu emprego em abril, segundo os dados do Departamento de Emprego publicados nesta sexta-feira. A pandemia ceifou em um só mês todos os postos de trabalho gerados depois da grande crise econômica de 2008 e 2009. Durante aquela crise, os Estados Unidos perderam 8,7 milhões de empregos, e em outubro de 2009 o índice de desemprego atingiu um pico de 10%. Aquela era a pior recessão desde a Segunda Guerra Mundial. Agora, a perda é o dobro, e em apenas um mês.

O pavoroso impacto da pandemia no emprego transparece a cada semana, há quase dois meses, nas cifras de solicitações de seguro-desemprego: mais de 33 milhões nas últimas sete semanas. Mas os dados desta sexta-feira, os do desemprego no primeiro mês inteiro afetado pelas medidas de restrição de atividade impostas pela pandemia, oferecem um quadro mais completo, pois procedem de informações de lares e empresas. Isso permitirá aos especialistas compreender melhor como se dará a recuperação da economia depois da revogação das medidas de confinamento.

O resultado de abril apaga de uma só vez uma das grandes histórias positivas do período de crescimento excepcionalmente longo que se seguiu à Grande Recessão (na década de 30) e que a pandemia do coronavírus interrompeu abruptamente. Nos últimos 12 anos, os dados de emprego entre as minorias étnicas tinham melhorado substancialmente, algo que o presidente Donald Trump gosta de alardear. Mas a já chamada Grande Reclusão tampouco respeitou isso. O desemprego entre os hispânicos dispara para 18,9%, e entre os afro-americanos sobe para 16,7%. Entre os brancos, ficou em 14,2%.

Já nos dados de março se notava o impacto nos setores da hotelaria e turismo, mas em abril o efeito é muito mais generalizado. No relatório publicado nesta sexta, o setor da hotelaria continua sendo o mais afetado, com 7,7 milhões de empregos perdidos. Mas o comércio varejista perde 2,1 milhões; a indústria, 1,3 milhão; e inclusive o setor público fechou quase um milhão de vagas.

Entre os poucos aspectos positivos está o fato de que 78,3% dos pesquisados qualificou sua perda de emprego como temporária, enquanto apenas 11,1% responderam ser permanente. Trata-se de um dado excepcionalmente alto, a maior taxa de demissões temporárias desde a década de 1960. Em março, apenas 25,5% dos desempregados qualificaram sua demissão como temporária. Isso indica que muitos empregos poderiam voltar quando a economia reabrir e, portanto, que a recuperação pode ser mais rápida. Assim antecipou Trump durante uma entrevista à Fox News na manhã desta sexta. “Todos esses empregos voltarão, e voltarão muito em breve”, afirmou. Mas uma piora do panorama econômico poderia transformar muitas dessas demissões temporárias em permanentes.

Governos de todo o mundo decidiram praticamente congelar suas economias para frear a propagação do coronavírus, que já infectou mais de 1,2 milhão de pessoas nos Estados Unidos e provocou mais de 75.000 mortes. O desabamento repentino da demanda causou uma onda de milhões de demissões, a um ritmo sem precedentes, o que obrigou milhões de trabalhadores a recorrerem pela primeira vez às ajudas do Estado e a deixarem de pagar suas contas.

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