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Salvini é derrotado em sua primeira tentativa de reconquista do Executivo italiano

Líder da Liga havia transformado as eleições regionais de Emília-Romanha em um plebiscito nacional sobre sua figura e a legitimidade do Executivo central, mas perdeu para a esquerda

Matteo Salvini com a candidata da Ligaem Emilia Romana, Lucia Borgonzoni.
Matteo Salvini com a candidata da Ligaem Emilia Romana, Lucia Borgonzoni.FLAVIO LO SCALZO (REUTERS)
Daniel Verdú

O líder da Liga, Matteo Salvini, apontava para a região da Emília-Romanha para iniciar o processo de reconquista do Executivo italiano. As eleições tinham se tornado uma espécie de plebiscito sobre a legitimidade do Governo formado pelo Movimento 5 Estrelas (M5S) e o Partido Democrático (PD). E também em um cara o coroa sobre seu retorno ao Executivo. Uma tensão que se refletiu na participação: dobrou em relação à das últimas eleições, o que teoricamente favorecia a coalizão de direita formada pela Liga, Força Italia e Irmãos da Itália. Mas o candidato da esquerda, Stefano Bonaccini, derrotou Lucia Borgonzoni, da Liga, no domingo com boa vantagem (51,4% contra 43,7%).

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Salvini entregou-se completamente à campanha eleitoral da Emília-Romanha ciente de que uma vitória lhe permitiria colocar em dúvida a legitimidade de um Executivo formado em agosto para desalojá-lo do poder. Se a direita tivesse vencido nessa região e na Calábria—a região sul passou à direita, com uma diferença de 25 pontos sobre a esquerda—, teria obtido 14 das 20 regiões da Itália.

Salvini, no entanto, entendeu imediatamente a derrota que havia sofrido no norte, o lugar onde realmente jogava seu futuro. O líder da Liga se pronunciou depois da meia-noite com um discurso em que parecia aceitar a derrota na histórica região vermelha. “É a primeira vez que houve um partido na Emília-Romanha”, disse o líder da Liga reivindicando um bom resultado numérico apesar da possível derrota.

Nos últimos dias o Governo da Itália se encontrava em tensão à espera do resultado. O primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte, expressou horas antes sua certeza de que o resultado das urnas seria “positivo” e daria “mais energia e entusiasmo” à coalizão formada pelo M5S e o PD. De qualquer forma, disse o chefe do Executivo, se a esquerda não conseguisse vencer, não haveria mudanças no curto prazo. “Pensar que alguém possa desmoronar porque uma eleição não satisfaça às suas expectativas é algo completamente equivocado, não funciona assim”, disse à imprensa.

A alta participação, em parte provocada pela agitação realizada pelo movimento anti-Salvini da Sardenha, foi a notícia da jornada eleitoral e provavelmente um dos fatores que impulsionaram a esquerda. “Muito obrigado ao movimento juvenil da Sardenha”, disseram os líderes do PD, Romano Prodi, pai fundador, e Nicola Zingaretti, secretário-geral.

A tentativa de Salvini de desalojar o Governo central por meio das eleições regionais era perigosa e agora ele terá de assumir as consequências opostas às que imaginara. Se tivesse vencido, ninguém esperava uma crise de Governo imediata em nenhum dos cenários possíveis. Mas agora o Executivo formado pelo M5S e o PD terá alguma margem para continuar trabalhando em coalizão com a data prevista no horizonte de 2022, quando o próximo presidente da República deverá ser eleito.

O Executivo presidido por Giuseppe Conte, apesar da vitória do PD, deverá mudar drasticamente de ritmo para devolver vigor a um Governo prematuramente desgastado. Vencer as próximas eleições em regiões como a Toscana será o novo objetivo a curto prazo.

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