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PIB da zona euro desaba 12,1% no segundo trimestre por causa da pandemia de coronavírus

Espanha lidera uma queda sem precedentes, que afeta todas as grandes economias do bloco econômico

Plaza Norte 2 de Madrid
Movimentação no shopping Plaza Norte 2, em Madri, antes da autorização de reabertura do comércio em junho.Víctor Lerena (EFE)
Lluís Pellicer
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A man walks past a wall emblazoned with a mural depicting Brazil's President Jair Bolsonaro putting on a protective face mask amid the new coronavirus pandemic in Rio de Janeiro, Brazil, Thursday, July 30, 2020. (AP Photo/Leo Correa)
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A medical staff collects a nasal swab from a man at a COVID-19 (novel coronavirus) free screening tent set up in the parking lot of the Petit Nice beach in La Teste-de-Buch, southwestern France, on July 24, 2020. (Photo by Philippe LOPEZ / AFP)
Europa recua pelo temor de uma segunda onda de contágios

Já é oficial: a Europa entrou em recessão no segundo trimestre do ano. E não se trata de uma depressão qualquer: as dimensões da queda ultrapassam de longe qualquer dado contido na série estatística histórica. As medidas de confinamento e o fechamento de fronteiras para conter a pandemia de coronavírus significaram um afundamento de 12,1% da economia da zona do euro, segundo o primeiro dado antecipado pelo órgão comunitário Eurostat. O desabamento, compatível com o previsto por Bruxelas, multiplica por quatro a maior redução trimestral sofrida pelos países da moeda única após a crise do Lehman Brothers. A Espanha, com uma queda de 18,5% no seu produto interno bruto (PIB), lidera o estrondo entre as grandes economias.

Para ver algo semelhante, a França precisou olhar para o conturbado ano de 1968, quando no primeiro trimestre sua economia se contraiu 5,9%. Outros países da zona euro devem recuar para mais longe, pelo menos até a Segunda Guerra Mundial, para achar quedas da magnitude das que estão sendo publicadas nesta semana pelos órgãos nacionais de estatística. Faltando ainda os números de alguns países, a Espanha lidera a queda (-18,5%), a uma grande distância da França (-13,8%), Itália (-12,4%), Bélgica (-12,2%), Áustria (-10,7%) e Alemanha (-10,1%), e também da média da zona euro e da UE (-11,9%). Essas quedas, que expressam o custo de ter protegido as sociedades europeias da epidemia, expõem as divergências dentro da zona euro.

Os dados refletem os múltiplos golpes recebidos pela Europa, tanto pelo lado da oferta como pelo da demanda. Tudo começou com a ruptura das cadeias de suprimento como resultado dos surtos que atingiram inicialmente as sociedades asiáticas e que respondem pela queda de 3,8% no PIB regional no primeiro trimestre. Esse dado também já mostrava o começo de uma paralisia da atividade que se generalizou e intensificou em abril, em particular no comércio e nos serviços de hotelaria e gastronomia. As grandes vitrines de Milão, Barcelona e Paris tiveram que baixar as persianas durante pelo menos aquele mês.

Como resultado da pandemia, milhões de trabalhadores europeus foram obrigados a recorrer a medidas temporárias de proteção do emprego, com redução de salário, e mesmo assim a taxa de desemprego voltou a subir. Em todo caso, os único consumo doméstico que a covid-19 não pôde cortar foi o dos comércios de alimentação e online, nos lugares onde este não foi restrito para dar prioridade ao intercâmbio de mercadorias sanitárias e farmacêuticas ou para proteger a seus trabalhadores contra a pandemia.

Medidas de estímulo

O último impacto para a economia europeia foi o do fechamento das fronteiras, tanto as internas como as externas. A UE já voltou a reabrir a maior parte de suas fronteiras internas, mas mantém interrompido o acesso com a maior parte do exterior. Esse bloqueio inicialmente provocou, novamente, problemas nas cadeias de abastecimento e inclusive no envio de material sanitário de um país para outro.

Agora, as duas grandes vítimas são o turismo internacional, o que castiga sobretudo o Mediterrâneo, e as exportações. Por último, a reação dos países foi desigual, de modo que enquanto a Alemanha usou sua musculatura para amortecer o golpe, a Espanha deu uma das respostas mais tímidas da UE, segundo dados do think tank Bruegel.

A recessão, entretanto, será diferente de todas as demais. Por sua rapidez, sua intensidade e, se nada der errado, sua brevidade. Os analistas apontam que o dado da França sugere que os países da zona do euro podem já ter passado pela situação mais grave, o que abriria caminho para a recuperação. Mesmo assim, a persistência de surtos locais —que provocam confinamentos parciais— ofuscam esse processo e prejudicam a atividade, em particular a do turismo do sul da Europa.

Mesmo que a recessão venha a ficar para trás, a crise não terminou. Bruxelas, temendo um semestre complicado se os Governos começarem a retirar as redes de segurança oferecidas a empresas e trabalhadores, prevê que a UE não voltará aos níveis de crescimento anteriores à pandemia pelo menos até 2022. Em uma Europa onde também esta crise está sendo vivida em duas velocidades, a Comissão Europeia primeiro prevê a recuperação do centro do continente, liderada pela Alemanha, e mais tarde do sul.

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