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Estante EL PAÍS | Romances e ensaios sobre viver e morrer nas leituras de setembro

Fabiane Guimarães, Lino Arruda, Joan Didion e Jessé Souza são os autores indicados no mês

Ilustração de Lino Arruda na HQ 'Monstrans - Experimentando horrormônios'.
Ilustração de Lino Arruda na HQ 'Monstrans - Experimentando horrormônios'.

Joan Didion escreveu certa vez que a inocência termina quando arrancam da pessoa a ilusão de que ela gosta de si mesma. Essa lembrança está presente em Rastejando até Belém (Todavia), a primeira coletânea de ensaios da pioneira do novo jornalismo. Na seleção de leituras feitas pelo EL PAÍS este mês, a ideia de amor próprio também está presente em outras obras. Em Apague a luz se for chorar (Alfaguara), romance de estreia de Fabiane Guimarães. Na aceitação de identidades e corpos diferentes (inclusive portadores de deficiência), como propõe Lino Arruda na HQ Monstrans. E também a imagem de um país obrigado a enxergar no espelho sua mais grave mazela, o racismo. É o que faz Jessé Souza em Como o racismo criou o Brasil (Estação Brasil). Confira abaixo:

Estante EL PAÍS

Apague a luz se for chorar

Fabiane Guimarães

Alfaguara

Vale a pena viver e morrer a vida. Essa é uma das principais mensagens de Apague a luz se for chorar, romance de estreia da jornalista Fabiane Guimarães, que mescla drama e sutil mistério em duas narrativas que se entrelaçam. De um lado, Cecília vive muitos lutos —a perda de emprego, o fim de um relacionamento e a morte repentina dos pais, ao mesmo tempo— e vai tecendo uma teia de aprendizados, não sem alguns delírios e paranoias. Por outro lado há João, seu ex-namorado e pai de um filho com paralisia cerebral, fruto de uma traição e abandonado pela mãe. Com uma determinação que falta à primeira personagem, esse homem dedica suas forças à possibilidade de tratamento do filho e, por vezes, evoca um milagre. Com uma escrita leve e lírica, Fabiane Guimarães nos convida à investigação da profundeza das relações familiares, daquilo que nos forma como gente, e cimenta uma verdade: “A gente carrega conosco as pessoas, mesmo as mortas, mesmo as desconhecidas.”

Estante EL PAÍS

Monstrans - Experimentando horrormônios

Lino Arruda

Rumos Itaú Cultural

Nesta revista de história em quadrinhos, projeto autobiográfico do artista plástico e quadrinista Lino Arruda, reflexões sobre deficiência, transmasculinidade e lesbianismo se relacionam a partir da figura do monstro, desse ser híbrido que causa estranhamento, mas que, na obra, reivindica seu direito de ser e estar no mundo. Lino, um homem trans, foge do discurso médico e determinista de ser “um homem preso no corpo de uma mulher”. Ele (e sua obra) nega as identidades fixas e prega socializações possíveis. Mas a HQ tampouco apresenta propostas normalizadoras. O objetivo é fugir da simplicação de se entender um corpo. E Arruda faz isso com a potência de seus quadros, pintados um a um em aquarela.

Estante EL PAÍS

Rastejando até Belém

Joan Didion

Todavia

Considerada pioneira do chamado novo jornalismo, que definiu a imprensa norte-americana a partir dos anos 1960, os ensaios e crônicas de Joan Didion são notadamente marcados pela reverência à cultura pop, principalmente ao cinema. Em Rastejando até Belém —lançado originalmente em 1968, mas que só chegou ao Brasil no início deste ano —, ela tece uma mistura entre jornalismo e crônica pessoal ao contar desde a realidade dos jovens hippies vivendo em San Francisco (EUA) até a história de uma mulher acusada de arquitetar a morte do marido. É uma leitura permeada de melancolia, com passagens de surpreendente delicadeza e carinho, que vale a travessia.

Estante EL PAÍS

Como o racismo criou o Brasil

Jessé Souza

Estação Brasil

Após as eleições de 2018, que resultaram na presidência de Jair Bolsonaro, o sociólogo Jessé Souza mergulhou na leitura de conteúdos de sociologia e de história para tentar entender a essência desse país que o elegeu. Sua conclusão foi direta: o Brasil é um país essencialmente racista, e o que ele chama de “falso moralismo do combate à corrupção” é o que as elites brancas usam para travestir esse ódio. Em seu mais recente livro, publicado depois de uma extensa pesquisa ao longo de quase três anos, Souza reconstrói a história da moralidade ocidental para desvelar “todas as máscaras do racismo, seja ele de raça, de classe, de gênero ou de cultura, e combatê-las no seu núcleo”.

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