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Morre Eddie Van Halen, pai dos guitarristas virtuosos de hard rock

Fundador do Van Halen, cujos solos construíram o ‘heavy’ moderno, morreu de câncer na garganta em um hospital californiano

Eddie Van Halen posa com sua guitarra no camarim de um show no Havaí, em outubro de 1979.
Eddie Van Halen posa com sua guitarra no camarim de um show no Havaí, em outubro de 1979.David Tan/Shinko Music
Carlos Marcos

“Não acredito que tenho que escrever isso, mas meu pai perdeu sua longa batalha contra o câncer. Ele foi o melhor pai que se pode ter. Cada momento no palco e fora dele era um presente. Meu coração está partido e eu acho que nunca vou me recuperar dessa perda”. Assim foi divulgada a notícia da morte de um dos guitarristas mais virtuosos da história do rock, Eddie Van Halen (Amsterdam, 1955). O texto foi escrito por seu filho, Wolfgang Van Halen, também músico.

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Eddie Van Halen foi o líder do grupo que leva seu sobrenome, Van Halen, durante quase 50 anos. O músico morreu aos 65 anos nesta terça-feira devido a complicações de um câncer na garganta que enfrentava havia uma década. Morreu em um hospital da Califórnia acompanhado da mulher, Janie, do filho, Wolfgang, e do irmão e baterista da banda, Alex.

O primeiro disco do grupo, Van Halen, de 1978, inclui uma canção, Eruption, uma curta peça instrumental de 1,42 minuto. Trata-se de um solo de guitarra. Aí está a inspiração para dezenas de guitarristas de hard rock que seguiriam seus passos: Joe Satriani, Steve Vai, Randy Rhoads ou Yngwie Malmsteen, entre muitos outros. O primeiro disco do grupo também trazia uma versão de You Really Got Me, dos Kinks.

Assim que a morte do músico foi anunciada, as revistas dedicadas à guitarra se apressaram em selecionar seus 20 melhores solos. Não é para menos. Todo guitarrista de hard rock os conhece de cor: canções como Panama, Ain’t Talkin' 'Bout Love, Somebody Get Me a Doctor ou Beat In, o hit de Michael Jackson, onde exibe toda a sua pirotecnia guitarrística. Eddie Van Halen, que não sabia ler música, fundou o Van Halen com seu irmão Alex em Pasadena, Califórnia. A família veio de Nijmegen, Holanda, para os Estados Unidos, nos anos sessenta. O pai transmitiu aos filhos sua paixão pela música e logo chamou um professor de piano. Depois eles escolheram o rock.

O Van Halen mudou totalmente a concepção do que era o rock pesado. Até eles chegarem era um gênero de caras durões e mensagens sombrias, no estilo de bandas como Black Sabbath. O Van Halen, com a ajuda do vocalista David Lee Roth, conseguiu tornar sexy o hard rock. Deram ao gênero um tom lúdico que antes não existia. No Van Halen reinava o histrionismo de Lee Roth e, acima de tudo, a guitarra de Eddie Van Halen. Veloz, mas ao mesmo tempo melódica.

Eddie Van Halen sempre se rebelou contra aqueles que o acusavam de ser um devorador de escalas. Em uma entrevista à revista Rolling Stone, declarou: “Não sei merda nenhuma sobre escalas ou teoria musical. Não quero que me vejam como a guitarra mais rápida da cidade. Minha influência é rock and roll e o blues. A guitarra deve ser melodia, velocidade e gosto. E algo mais importante: deve ter emoção”.

Seus primeiros discos foram fundamentais para a construção do hard rock moderno pós-Led Zeppelin: além do primeiro já citado, Van Halen II (1979) e Women and Children First (1980). Curiosamente, o maior sucesso do grupo é uma canção que está fora do hard rock. Trata-se de Jump, em que prevalecem os teclados. Foi justamente o guitarrista que se empenhou em introduzir um instrumento tão pouco heavy como os teclados. Era o ano de 1984 e o heavy metal estava em plena transformação. Fazia sucesso o que foi chamado de hair metal, roqueiros com cabelos penteados edulcorando sua música ao gosto norte-americano. Foi a época dourada da rede de vídeos musicais MTV. Nunca o heavy metal vendeu tanto.

David Lee Roth (voz), Alex Van Halen (bateria), Michael Anthony (baixo) e Eddie Van Halen (guitarra). O Van Halen no início dos anos oitenta.
David Lee Roth (voz), Alex Van Halen (bateria), Michael Anthony (baixo) e Eddie Van Halen (guitarra). O Van Halen no início dos anos oitenta.Brian Rasic

Um disco fundamental daquela época foi 1984, do Van Halen, que inclui Jump, que inclusive alcançou grandes vendagens na Espanha. O disco atingiu a segunda posição de vendas nas listas dos Estados Unidos. Foi seu maior sucesso. No entanto, a turnê foi um tormento em termos de convivência. O cantor e o guitarrista não se falavam. Quando a turnê terminou, Lee Roth deixou o grupo.

O Van Halen se recuperou da saída do carismático vocalista e contratou Sammy Hagar. Apesar da mudança, o grupo não deixou a linha de frente durante toda a década de oitenta. Com a chegada dos anos noventa, o Van Halen, como tantas outras bandas heavies, foi encurralado pelo novo movimento, o grunge, liderado pelo Nirvana e pelo Pearl Jam. Nos anos 2000 o guitarrista teve que lutar contra o alcoolismo e o câncer. Do ponto de vista discográfico a banda não foi relevante em seus últimos anos, mas manteve um grande número de seguidores em suas apresentações ao vivo.

O último disco do Van Halen é de 2012, A Different Kind of Truth, novamente com Lee Roth como cantor. A última vez que se apresentaram foi no Hollywood Bowl, em 4 de outubro de 2015. Lá voltaram a tocar Eruption. Seu rastro continuará influenciando os guitarristas por muitos anos...

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