Quem foram a Roxanne do Police e a Lola dos Kinks? As histórias por trás de 5 canções com o nome de mulher
A letra escrita por Ray Davies, do The Kinks, e dedicada a uma paquera que “andava como uma mulher, mas falava como um homem”, completa meio século neste 12 de junho
Lola (The Kinks). Os irmãos Ray e Dave Davies criaram sua banda de rock em 1963 em Muswell Hill, norte de Londres. Em 12 de junho de 1970 lançaram esta faixa que agora comemora seu 50º aniversário e se tornou um clássico. Foi criada a hashtag #LolaDay e uma programação repleta de atividades neste dia para comemorá-la. É o primeiro single de seu álbum Lola versus Powerman and the Moneyground, Part One. Mas, quem é Lola? A canção, escrita por Ray Davies, descreve o encontro com ela: “Eu a conheci em um clube do Soho”, “Ela veio até mim e me convidou para dançar”, “Me apertou tanto que quase quebra minha coluna”, "Caminhava como uma mulher e falava como um homem "... Ele mesmo explicou que se inspirara em uma aventura do empresário do grupo na época, Robert Wace, que certa noite se envolveu com um travesti que depois Davies batizaria de Lola. Mas há outra versão da história: o baterista da banda, Mick Avory, disse que foi ele quem deu a ideia para a letra, já que costumava frequentar clubes secretos com drag queens e trans no oeste de Londres.
Roxanne (The Police). “Era a primeira vez que eu via prostituição nas ruas e ela eram realmente bonitas. Eu tinha uma melodia na cabeça e imaginei estar apaixonado por uma daquelas garotas.” Foi assim que o próprio Sting recordou em seu site como surgiu uma das músicas mais cantadas do Police. Nela, ele pede a Roxanne que esqueça a rua e parta com ele: “Roxanne, você não precisa voltar a acender a luz vermelha, esses dias acabaram. Você não tem que vender seu corpo à noite”. Foi o segundo single de seu primeiro álbum, Outlandos d’Amour, de 1978, e o vocalista teve a ideia um ano antes, em 1977: a banda tinha viajado para se apresentar em Paris e acabou indo parar em uma pensão do bairro de prostituição, onde Sting viu pela primeira vez as mulheres que se prostituíam na rua. Ele também viu um cartaz da peça Cyrano de Bergerac e daí vem o nome que escolheu para sua protagonista imaginária. “Roxanne foi a mulher de Alexandre Magno e a namorada de Cyrano, o nome tem uma qualidade emotiva”, disse ele ao explicar a letra.
Billie Jean (Michael Jackson). O produtor Quincy Jones não queria que essa faixa fosse incluída no álbum Thriller, de 1983, mas Jacko ganhou a briga, foi o segundo single do álbum e um de seus maiores sucessos. Ele também insistiu em manter o título, apesar de Jones argumentar que as pessoas podiam acreditar que era dedicado à tenista Billie Jean King e preferir o nome Not My Lover (para o refrão, “Billie Jean is not my lover, she’s just a girl who claims that I am the one, but the kid is not my son”). Na verdade, a música não é sobre a tenista que ganhou 39 títulos de Grand Slam, mas é um retrato genérico das groupies que costumavam assediar o Jackson 5, segundo relatou o cantor: "Billie Jean é anônima. Representa muitas garotas que eram chamadas de groupies nos anos 60. Elas ficavam te esperando nos bastidores e queriam ter um relacionamento com todas as bandas que fossem até a cidade delas. Escrevi essa canção pensando nessa experiência com meus irmãos quando eu era pequeno. Havia muitas Billie Jeans, garotas que diziam que tinham um filho de um dos meus irmãos ". Mas seu biógrafo J. Randy Taraborrelli garantiu que Billie Jean não era nada fictícia, mas uma mulher muito real que assediou o rei do pop durante anos, pelo correio, reclamava a paternidade de seu filho e até chegou a lhe enviar uma arma. Depois disso, acabou sendo internada em uma clínica psiquiátrica.
Aline (Christophe). A balada do cantor francês que morreu de covid-19 em abril —que Wes Anderson escolheu como parte da trilha sonora de seu próximo filme, The French Dispatch— foi sem dúvida a canção do verão de 1965 na França. Aquele amor com sabor de sal e despedida, a letra começa na praia, com a frase: “Eu tinha desenhado na areia seu rosto doce que sorria para mim”, nasceu na Côte d’Azur, de acordo com a Paris Match, que no ano do lançamento fotografou Daniel Bevilacqua (o nome verdadeiro do artista) com a jovem loira moradora de Paris que tinha inspirado sua composição. Segundo a revista, o casal se conheceu quando ele atuava em discotecas da região e ela estava lá de férias. Outras versões da história sugerem que a verdadeira Aline era a assistente do dentista do cantor e que ele escolheu seu nome pela sonoridade, sem que houvesse qualquer romance.
Lady Laura (Roberto Carlos). Laura é um dos nomes mais cantados: Ray Peterson cantava em 1960 Tell Laura I Love Her, Nek triunfou em 1997 com Laura no Está, e Amo a Laura, de Los Happiness, se tornou viral em 2006 ... E em 1978 o brasileiro Roberto Carlos criou Lady Laura, um clássico instantâneo, com o estribilho cantado a plenos pulmões: "Lady Laura, me leve pra casa Lady Laura, me abrace forte Lady Laura, me beije outra vez Lady Laura”. Foi um grande sucesso e o álbum Roberto Carlos bateu recordes de vendas. A tão mencionada Laura era simplesmente sua mãe, Laura Moreira Braga, uma discreta costureira que morreu em 2010, aos 96 anos. No funeral, o cantor interpretou essa música, que ele havia escrito para agradecer seu apoio e orientação durante seu início. Lady Laura era o nome afetuoso com que ele a chamava.
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