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Rádios canadenses banem músicas de Michael Jackson da programação

Quebec Cogeco Media toma a decisão após queixas de ouvintes indignados com documentário sobre supostos abusos sexuais cometidos pelo cantor

Michael Jackson em imagem de 2005.
Michael Jackson em imagem de 2005.AP

Desde a manhã da última segunda-feira, Billie Jean, Thriller e Black or White, sucessos mundiais de Michael Jackson, pararam de tocar em algumas rádios da província do Quebec (leste do Canadá). Na verdade, qualquer canção do dito Rei do Pop deixou de ser programada nas emissoras do grupo Cogeco Media, um dos maiores do país. O motivo: vários ouvintes pediram isso depois de assistirem a um documentário da HBO que acusa o cantor de ter abusado sexualmente de dois menores.

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Leaving Neverland (Deixando Nerverland, em tradução livre), o documentário dirigido por Dan Reed, foi exibido em duas partes pelo canal a cabo, nas noites de domingo e segunda-feira. No filme, Wade Robson e James Safechuck contam em detalhes como Michael Jackson teria abusado sexualmente deles quando eram meninos. A família do cantor descreveu o documentário como um “linchamento político” sem provas. “Estamos atentos aos comentários dos ouvintes, e o documentário de ontem [domingo] à noite gerou reações”, disse a diretora de Comunicação da Cogeco Media, Christine Dicarie, à agência The Canadian Press.

A empresa tem três emissoras em Montreal (CKOI, Rythme e The Beat) e outras 20 no resto do Quebec. Todas elas retiraram de suas ondas as músicas de Jackson, que morreu em 2009 devido a uma overdose de medicamentos. Até o momento, nenhum outro grupo radiofônico canadense sinalizou a intenção de seguir esse veto. Alguns usuários quebequenses de redes sociais aplaudiram a decisão da Cogeco Media, enquanto outros a viram como um disparate motivado pela correção política.

No domingo, alguns meios de comunicação informaram que a rádio BBC 2 já não tocava mais as canções do ídolo de Indiana por causa do conteúdo do documentário. Entretanto, a emissora pública britânica fez posteriormente alguns esclarecimentos à publicação Variety. De fato, Jackson não toca mais nas ondas da rádio BBC 2, mas isso porque a programação está integrada por novos lançamentos. As outras emissoras da rede, porém, continuam executando normalmente os sucessos de Jackson. “A BBC não censura artistas”, afirmou um porta-voz à revista. Em troca, a NZME e a MediaWorks, principais redes radiofônicas da Nova Zelândia, tomaram a mesma decisão que os diretores quebequenses da Cogeco Media.

Não é a primeira vez que a província francófona do Canadá vive um caso relacionado com as polêmicas entre a vida e a obra de um artista. Em abril de 2011, o Teatro do Novo Mundo, reconhecida instituição cultural de Montreal, cancelou a participação de Bertrand Cantat em uma peça após sofrer fortes pressões. O músico francês foi condenado em 2003 a oito anos da prisão pelo homicídio culposo de sua mulher, a atriz Marie Trintignant. Cantat obteve a liberdade condicional quatro anos depois. Do mesmo modo, em 2016 o prêmio mais importante do cinema do Quebec passou a se chamar Iris em vez da Jutra. A razão é que Claude Jutra, um dos cineastas mais reconhecidos da história da província, foi acusado de pedofilia numa biografia póstuma publicada naquele ano (ele se suicidou em 1986). Pouco tempo depois, duas possíveis vítimas relataram o caso à imprensa.

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