Brasília reforça a segurança em estado de atenção pelas manifestações do 7 de Setembro
Polícia Militar, que havia bloqueado a Esplanada dos Ministérios, cede a pedido de bolsonaristas e permite desfile de caminhões, vans e ônibus de apoiadores do presidente na noite desta segunda-feira
Brasília segue em estado de atenção máximo à espera dos atos de 7 de setembro. O Supremo Tribunal Federal (STF) e o Congresso Nacional reforçaram a sua segurança para evitar que haja atos de vandalismo contra suas sedes, já que são os principais alvos dos apoiadores do presidente Jair Bolsonaro que ocuparão a Esplanada dos Ministérios. A estrutura é similar à da posse presidencial, quando os principais prédios públicos são cercados com grades e todas as pessoas que participam do evento têm de ser revistadas. O acesso de veículos à Esplanada, que deveria ser interrompido apenas à 0h desta terça-feira, já o foi às 12h de segunda. Porém, por volta das 20h, os policiais militares cederam aos pedidos de bolsonaristas e liberaram um desfile de caminhões, ônibus e vans com bandeiras do Brasil e faixas a favor do presidente.
Em tese, a Praça dos Três Poderes não deveria estar acessível a ninguém, seja caminhando ou dirigindo. Duas barreiras foram montadas para evitar que manifestantes se aproximem das sedes do Judiciário, do Legislativo e do Executivo. A regra, contudo, foi quebrada ainda na noite desta segunda. Questionados, o Governo do Distrito Federal, a Secretaria da Segurança Pública e a Polícia Militar não responderam qual foi a razão dessa quebra no protocolo.
Para evitar o trânsito de pessoas em suas sedes, os presidentes do Congresso, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), e do Supremo, Luiz Fux, assim como o Governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), decretaram ponto facultativo nesta segunda. Os principais prédios estão sendo monitorados com afinco para garantir que não haja nenhuma bomba neles. Como estratégia para evitar a participação de policiais da ativa nos atos, Ibaneis seguiu uma recomendação do Ministério Público e convocou todos os 13.600 policiais do Distrito Federal para trabalharem.
Entre os organizadores, há a estimativa de que 500.000 pessoas participem da manifestação pró-Bolsonaro na capital federal. Já a Polícia Militar calcula que deva chegar a 100.000. No mesmo dia, os opositores do Governo farão um ato na Torre de TV, a três quilômetros da manifestação bolsonarista.
Os dois protestos devem começar por volta das 8h. O organizado por Bolsonaro e seus aliados será iniciado com o hasteamento da bandeira nacional no Palácio da Alvorada. O dos opositores, com caminhadas e danças organizadas por mulheres indígenas, que está em Brasília há quase um mês à espera do julgamento no STF do marco temporal.
Se a classe política e as autoridades de segurança andam preocupadas, o setor hoteleiro está exultante. A Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Distrito Federal calcula que a ocupação dos 40.000 leitos da cidade se aproxima da totalidade, justamente em um período em que quase nenhum turista visita Brasília. Os passeios nas cachoeiras próximas à cidade nesta segunda pareciam minipasseatas de apoiadores do Governo. “Vim aproveitar o calor na água fria e recarregar as energias antes de manifestar apoio ao presidente e contra os ministros do STF”, disse Maria Carolina Tavares, uma empresária mineira que visitava uma cachoeira em Brazlândia.
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Clique aquiAlém de ocuparem hotéis e lotarem as vias da cidade com suas SUVs e outros carros de luxo, os bolsonaristas se concentraram em dois acampamentos, bancados em boa parte por doações de produtores rurais. Um no Parque do Leão, a 30 quilômetros da região central, e outro no Centro de Tradições Gaúchas, a cinco quilômetros.
Parte dos manifestantes se deslocou até o local do ato ainda na tarde desta segunda. Um grupo de mais ou menos 60 pessoas se postou em frente ao Palácio do Planalto e acabou sendo recebido por Bolsonaro, que desceu a rampa presidencial para estimular a manifestação. Outros foram até o STF gravar vídeos falando impropérios para os ministros da corte. “Aqui estão os principais criminosos do país. Todos têm de ser exonerados”, dizia um senhor na casa dos 50 anos na câmera de seu celular. Quando questionado pela reportagem se poderia dar uma entrevista sobre o ato, disparou xingamentos e justificou sua negativa: “Só confio na mídia alternativa de direita. O resto é imprensa golpista”.
Além dos hoteleiros, também se animaram com o ato pró-Bolsonaro os vendedores ambulantes, que vendiam de camisetas de 30 reais até bandeiras de 120 reais. “A pandemia nos deixou quase à míngua. Não me importo se quem compra de mim é a favor ou contra o Bolsonaro. Eu só quero poder comprar meu gás e uns pacotes de feijão”, afirmou Marcos Nogueira, que vendia bandeiras ao lado da rodoviária.
Quem aproveitou o ensejo para marcar posição entre os opositores ao presidente foi seu principal desafiante nas urnas em 2022, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). “Ao invés de anunciar soluções para o país, o que ele [Bolsonaro] faz neste dia é chamar as pessoas para a confrontação. É convocar atos contra os poderes da República, contra a democracia, que ele nunca respeitou. Ao invés de somar, estimula a divisão, o ódio e a violência”, disse em mensagem transmitida nas suas redes sociais.
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