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Acusada de matar o marido, Flordelis é presa dois dias após perder o mandato de deputada

Sem imunidade parlamentar, a pastora evangélica chegou à Delegacia de Homicídios de Niterói por volta de 19h15. Nas redes sociais, pediu orações e disse que estava sendo presa por algo que não fez

A ex-deputada federal Flordelis chora ao falar sobre o seu marido, morto após levar 30 tiros, em junho de 2019.
A ex-deputada federal Flordelis chora ao falar sobre o seu marido, morto após levar 30 tiros, em junho de 2019.AGENCIA BRASIL (Reuters)
Felipe Betim

A deputada federal cassada Flordelis dos Santos, de 60 anos, foi presa nesta sexta-feira por ser a principal suspeita de mandar matar o seu marido, o pastor Anderson do Carmo, segundo a acusação do Ministério Público do Rio. Ele foi assassinado com 30 tiros na porta de casa, em Niterói, no dia 16 de junho de 2019. A prisão preventiva, decretada pela juíza Nearis Carvalho Arce, da 3ª Vara Criminal de Niterói, ocorre dois dias depois de Flordelis ter o seu mandato cassado pela Câmara dos Deputados, e dois anos e dois meses depois do crime.

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A deputada federal Flordelis, ao fazer sua defesa no Plenário da Câmara.
Câmara cassa deputada Flordelis, acusada de mandar matar o marido
Brazilian Congresswoman Flordelis de Souza reacts as she talks about her husband, pastor Anderson do Carmo, who was shot more than 30 times at their home, at the Brazilian congress in Brasilia, Brazil, June 25, 2019. Picture taken June 25, 2019. Fernando Brazao/Agencia Brasil/Handout via REUTERS ATTENTION EDITORS - THIS IMAGE HAS BEEN SUPPLIED BY A THIRD PARTY.
Flordelis, uma vida de telefilme com um crime e uma acusação penal
La diputada federal y fundadora de la iglesia Flordelis dos Santos en una fotografía de archivo  con su esposo el  pastor Anderson do Carmo. Ambos abrían fundado una iglesia evangélica
Os planos de Flordelis para matar o marido e “não escandalizar o nome de Deus”, segundo os investigadores

Com a perda do mandato —por 437 votos a favor da cassação, sete contrários e 12 abstenções—, Flordelis perdeu também a imunidade parlamentar. Sua prisão se dá após um perdido dos advogados da família de Anderson e outro do Ministério Público no Rio, protocolado também nesta sexta. De acordo com o portal G1, ela foi presa em sua casa por volta de 18h40, em Niterói. A cantora e pastora deixou sua residência levando uma Bíblia e dizendo a seus familiares: “Amo vocês, fé em Deus”. Chegou à Delegacia de Homicídios de Niterói às 19h15.

Momentos antes de ser levada pelos policiais, Flordelis divulgou um vídeo em suas redes em que pede orações e diz que estava sendo presa por algo que não havia feito. “Olá gente, chegou o dia que ninguém desejaria chegar. Estou indo presa por algo que eu não fiz, por algo que eu não pratiquei. Eu não sei para quê, mas estou indo com força e com a força de vocês”, afirmou no vídeo. “Orem por mim. Orem, orem. Uma corrente de oração na internet. Busquem a deus, está bom? Um beijo, amo vocês.”

Flordelis foi formalmente acusada de mandar matar Anderson em agosto de 2020. O Ministério público denuciou outras 10 pessoas por participação no crime. Famosa desde os anos de 1990, ficou conhecida por adotar 37 crianças e adolescentes pobres sobreviventes de uma chacina. Ela e Anderson, vários anos mais jovem —e que havia chegado à família primeiro como filho adotivo—, formaram juntos uma imensa família de 55 filhos. Ambos haviam passado até então uma imagem harmoniosa de altruísmo e felicidade. Ela tinha uma longa carreira, que inspirou um filme sobre sua vida, e chegou a ganhar um disco de ouro como cantora gospel. Durante o enterro do ex-marido, em 2019, ela chorou desconsolada, enquanto vários parentes a ajudavam a se manter em pé.

Imediatamente após o assassinato, contudo, dois dos seus filhos foram presos. Um deles, detido ainda no velório do padrasto após ser acusado de apertar o gatilho, confessou o crime; o outro foi preso por conseguir a pistola. A investigação indicou um ano depois que Flordelis havia tentado matar o marido pelo menos outras quatro vezes com a cumplicidade de parte da prole. De acordo com a polícia, a então deputada federal ordenou que seus filhos matassem o pai em meio à disputa por poder e dinheiro na Igreja que ambos fundaram. Um dos investigadores chegou a afirmar na ocasião que havia “20% da família envolvida nesse crime”. Ele se referia aos 11 detidos no caso até então, entre filhos e netos.

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