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Bolsonaro passará por “tratamento conservador” contra obstrução intestinal, diz hospital de São Paulo

Nota da equipe médica não prevê, neste momento, a realização de uma cirurgia de emergência, aventada mais cedo como motivo da transferência do presidente para a capital paulista

Ambulância com o presidente Jair Bolsonaro chega ao hospital Vila Nova Star, em São Paulo, na noite desta quarta.
Ambulância com o presidente Jair Bolsonaro chega ao hospital Vila Nova Star, em São Paulo, na noite desta quarta.Sebastiao Moreira (EFE)

A equipe médica do Vila Nova Star, hospital de São Paulo onde o presidente Jair Bolsonaro foi internado nesta quarta-feira em razão de uma obstrução intestinal, afirmou em nota que o presidente passará inicialmente por um “tratamento clínico conservador”. O mandatário chegou à unidade no início da noite para fazer exames que apontariam ou não a necessidade de uma cirurgia de emergência —previsão que, por ora, não consta da nota médica.

“O Senhor Presidente da República, Jair Messias Bolsonaro, foi transferido na noite desta quarta-feira para o Hospital Vila Nova Star, em São Paulo, após passar por uma avaliação no Hospital das Forças Armadas, em Brasília, e ser diagnosticado com um quadro de suboclusão intestinal. Após avaliações clínica, laboratoriais e de imagem realizadas, o Presidente permanecerá internado inicialmente em tratamento clínico conservador”, escreve a equipe chefiada pelo cirurgião Antônio Macedo no comunicado.

Mais cedo, exames realizados no Hospital das Forças Armadas, em Brasília, detectaram uma obstrução intestinal, e Macedo decidiu transferi-lo para São Paulo, onde testes complementares poderiam indicar se seria o caso de uma cirurgia. Segundo a Secretaria de Comunicação do Governo, o problema de saúde é decorrente de complicações da facada que ele levou em setembro de 2018, durante a campanha eleitoral. Bolsonaro deu entrada nesta manhã no hospital para investigar a origem de um soluço que o acompanha há 10 dias.

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Ameaça de Bolsonaro contra eleições gera reação de chefes do Senado e do TSE: retrocesso e crime de responsabilidade

A internação do presidente em Brasília cancelou a reunião que estava marcada para esta quarta com o presidente do Supremo Tribunal Federal, Luiz Fux, e os presidentes da Câmara e do Senado, Arthur Lira (PP-AL) e Rodrigo Pacheco (DEM-MG), respectivamente. Em franca campanha contra as eleições do próximo ano, o presidente brasileiro estimulou uma crise política entre os três poderes com declarações antidemocráticas contra as eleições. Bolsonaro tem repetido, sem provas, que o sistema eleitoral adotado no Brasil é vulnerável a fraudes. “Se não houver eleições justas, não haverá eleições no ano que vem”, ameaçou na última quinta-feira (8). Fez a mesma ameaça no dia seguinte. “Não tenho medo das eleições, mas só entrego o poder a quem me ganha no voto confiável. Do jeito que está hoje, corremos o risco de não ter eleições no ano que vem “, disse o presidente.

Suas ameaças desencadearam uma série de reações entre os presidentes do Congresso, que rejeitaram publicamente as manifestações do presidente em defesa da democracia. “Quem quiser retrocessos será identificado como inimigo da nação”, disse Rodrigo Pacheco, presidente do Senado. Nesta segunda-feira, o presidente do STF já havia se encontrado com Bolsonaro para impor limites ao seus comentários, que incluíam ofensas contra outro ministro da Corte, Luís Roberto Barroso, que também é presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Bolsonaro disse aos eleitores que vão diariamente à porta do Palácio do Planalto que Barroso foi um “idiota” e que foi do TSE que se originou a fraude nas eleições.

Fux cobrou de Bolsonaro o respeito pelas instituições e pela Constituição. “Convidei o presidente da República para uma conversa diante dos últimos acontecimentos, onde debatemos quão importante para a democracia brasileira é o respeito às instituições, os limites impostos pela Constituição”, disse Fux a jornalistas após o encontro com Bolsonaro na segunda-feira. Segundo ele, o presidente “entendeu”. A expectativa para o encontro desta quarta-feira era reforçar os limites ao presidente. O próprio Barroso, ofendido por Bolsonaro, advertiu o presidente de que suas ameaças às eleições constituem um crime de responsabilidade. Em última análise, um impeachment pode ser justificado por um crime dessa natureza.

A incessante campanha de Bolsonaro para quebrar as regras, inclusive com propagação de mentiras, tem despertado desconfiança sobre a necessidade de marcar os exames nesta quarta-feira, quando os presidentes dos três poderes deveriam se reunir. Bolsonaro vive um momento de queda de popularidade devido a uma série de fatores: a má gestão da pandemia, as suspeitas de corrupção na compra de vacinas contra covid-19, e agora seus ímpetos golpistas que elevam a temperatura na capital do país quando o Brasil já enfrenta muitos problemas.

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