Idosos esperam mais de três horas por vacina contra coronavírus nos postos de São Paulo
Com antecipação da vacinação para pessoas entre 80 e 84 anos e menos locais disponíveis do que durante a semana, capital paulista registrou fila para imunização
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A antecipação da campanha de vacinação contra o coronavírus para idosos a partir de 80 anos no Estado de São Paulo provocou uma corrida aos postos da capital neste sábado. Em um dos drive-thrus de imunização da cidade, montado no estádio do Pacaembu (região central), a fila começou a se formar por volta de 5h e o volume de carros no início da manhã já travava todas as avenidas de acesso ao local. Pessoas chegaram a esperar mais de três horas na fila. Com apenas uma pequena parte dos postos de saúde abertos para a imunização neste final de semana, idosos chegaram a peregrinar pela cidade em busca de um local para se vacinar. Na última sexta-feira, o Governo de São Paulo, que está sob risco de um colapso da sua rede de saúde, anunciou que anteciparia já para este sábado a vacinação de idosos entre 80 e 84 anos, inicialmente prevista para começar na semana que vem. O público estimado desta faixa etária na capital paulista é de 140.000 idosos e 15.000 compareceram já no primeiro dia.
“Saímos às 7h de casa e fomos ao drive-thru do Pacaembu, que estava lotado. Depois fomos ao do Anhembi [zona norte], que também estava bem cheio. Desistimos e viemos à UBS do Ipiranga [região central]”, contou Leonardo, filho de José Ribeiro, que por volta de 11h30 já estava perto de receber a vacina, após esperar cerca de uma hora. “Já estava na hora de tomar”, dizia seu pai, que tomou a primeira dose da Astra Zeneca. Enquanto aguardava, viu a fila crescer. “Quando chegamos ela ainda não dava a volta no quarteirão”, disse.
A UBS do Ipiranga era uma das 82 unidades de saúde, das 468 da cidade, abertas neste sábado para realizar a imunização, além dos cinco drive-thrus, um em cada região da cidade. Por meio da assessoria de imprensa, a Secretaria Municipal da Saúde, responsável por organizar a campanha de vacinação na capital, afirmou que o volume de pessoas foi acima do esperado e que, ao se deparar com a alta procura no Pacaembu, ampliou de seis para nove o número de postos disponíveis no local. Disse também que avaliará se será necessário ampliar o número de unidades de saúde abertas no próximo sábado, quando a campanha já deve estar ampliada para os idosos entre 77 e 79 anos, que começam a ser imunizados na quarta-feira (3), segundo calendário divulgado pelo Governo de São Paulo —a prefeitura ainda não confirmou se seguirá o cronograma na capital.
O americano Avin Aitkem, de 80 anos, 58 deles no Brasil, chegou às 8h30 no Pacaembu e já esperava havia três horas quando foi abordado pela reportagem. “Era meu único dia livre”, explicou. “Tem muita falta de organização. As vacinas estão chegando muito devagar e há muita politicagem no meio de tudo. Com a vacina, pelo menos, há uma certa segurança”, contou. Adélia Junqueira, de 81 anos, também já esperava havia duas horas na fila do Pacaembu ao lado do marido Wallace Souza Diniz, 42. Ela faz tratamento quimioterápico, por isso eles decidiram se vacinar no primeiro dia possível. “Estamos esperançosos para voltar à vida normal”, explicavam. Apenas no Pacaembu, 3.000 idosos entre 80 e 84 anos se vacinaram neste sábado.
O anúncio da antecipação da vacinação para os idosos a partir de 80 anos ocorreu no mesmo dia em que o Governo aumentou as restrições de circulação em áreas do Estado, diante da previsão de um colapso de leitos até o final deste mês tanto na rede privada quanto na pública caso o ritmo de novas internações em UTIs continue crescendo —hoje 100 novos pacientes são internados em estado grave por dia. Desde 19 de fevereiro o Estado vem batendo recordes diários de pessoas internadas. Em 11 de fevereiro, 5.982 pessoas estavam hospitalizadas em todo o território paulista. Em 25 de fevereiro, duas semanas depois, o número já havia subido para 6.767. A taxa de ocupação de leitos de UTI voltados para a doença chegou a 70,4% em todo o território paulista. Mas há áreas mais críticas, como os Departamentos Regionais de Saúde (DRS) de Presidente Prudente, Bauru e Araraquara, que já registram uma taxa de ocupação de leitos de UTI superior a 90%. Na capital, hospitais privados também estão saturados. O Hospital Israelita Albert Einstein, um dos principais da cidade, afirmou na sexta-feira que a taxa de ocupação de todos os seus leitos (incluindo os não destinados a pacientes com covid-19) chegou a 104% —doentes precisavam esperar no pronto-atendimento até vagar um leito, informou a assessoria de imprensa do hospital.
Nesta sexta-feira, também passou a valer o chamado “toque de restrição” anunciado pelo Governo de São Paulo para restringir aglomerações no Estado das 23h às 5h. A medida, considerada insuficiente por especialistas, aumentou a fiscalização de festas, bares e locais com grande concentração de pessoas. Segundo o órgão, 18 estabelecimentos foram multados.
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