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Bolsonaro é alvo de panelaço e de novo pedido de impeachment

Protesto aconteceu em várias cidades, incluindo São Paulo, Rio, Brasília e Salvador. Manifestação pró-Governo foi menos contundente

Gil Alessi
Projeção contra Bolsonaro no bairro de Santa Cecília, em São Paulo.

Pelo segundo dia consecutivo o presidente Jair Bolsonaro foi alvo de um panelaço durante a noite desta quarta-feira. Assim como ocorreu na terça, por volta das 20h30 foram ouvidos gritos de “fora Bolsonaro”, “fora Guedes” e “dólar a 5,20”, acompanhados pelo bater de panelas em diversas regiões de São Paulo, além de outras cidades do país, como Rio, Brasília, Salvador e Recife. Uma manifestação a favor do Planalto, convocada pelo próprio presidente, também aconteceu por volta das 21h, mas de maneira menos contudente.

Em São Paulo, o protesto, que durou mais de 40 minutos, contou com carros que passavam buzinando pelas ruas e moradores de apartamentos piscando a luz nas janelas. Durante a tarde, carros de som convocaram para o protesto contra o presidente em vários pontos da cidade. A iniciativa foi intitulada “Vozes na janela” e organizada via redes sociais, marcando a estreia de Bolsonaro como alvo desse tipo de manifestação. O panelaço é muito comum na Argentina e se popularizou no Brasil na campanha do impeachment contra Dilma Rousseff, especialmente em 2016. Assim como nos atos contra a petista, o protesto ganhou ampla cobertura do Jornal Nacional, da TV Globo, em rota de colisão com Planalto.

Na esteira do protesto, um grupo de intelectuais e parlamentares do esquerdista PSOL protocolou na Câmara, na noite desta quarta, um segundo pedido de impeachment do presidente. O primeiro havia sido registrado na terça-feira pelo deputado distrital Lenadro Grass (Rede-DF). Os dois documentos sustentam que Bolsonaro cometeu crime de responsabilidade ao convocar e participar de atos que pediam o fechamento do Congresso Nacional e do STF, no domingo, dentre outros supostos crimes. O momento é ruim para Bolsonaro, que resolvou mudar a tom de resposta à crise do coronavírus. Ainda assim, no momento, não há grandes expectativas de que qualquer um dos pedidos de afastamento de prospere, segundo avaliam especialistas ouvidos pelo EL PAÍS.

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Horas antes, durante entrevista coletiva para falar sobre a crise do coronavírus, Bolsonaro foi indagado sobre o panelaço contra ele, e usou um tom conciliador: “Parece que é um movimento espontâneo por parte da população. Qualquer movimento por parte da população eu encaro como uma expressão da democracia”. A crise econômica e a irresponsabilidade de Bolsonaro ao participar de um protesto de repúdio ao Congresso e ao Judiciário no domingo, mesmo após ter tido contato com várias pessoas contaminadas pelo coronavírus foram motivo de críticas -inclusive de aliados-, e serviram de combustível para os panelaços. No twitter a hashtag “ForaBolsonaros” chegou a ficar em primeiro lugar nos tópicos mais comentados.

Com a visibilidade que os panelaços contra seu Governo ganharam nas redes sociais, o presidente reagiu. Pela manhã desta terça-feira ele atacou a Globo que, segundo ele, teria dado destaque para o panelaço desta noite durante seus telejornais matutinos. Além disso, segundo ele, a emissora teria ignorando o panelaço “a favor do Governo”, que ocorreria às 21h. “O Jornal Hoje (TV Globo) e Veja on line, divulgam, de forma ostensiva, panelaço hoje às 20h30 contra o presidente Jair Bolsonaro. Mas a mesma imprensa, que se diz imparcial, não divulga outro panelaço, às 21h a favor do Governo de Jair Bolsonaro”, escreveu no Twitter.

Na hora marcada para manifestação a favor de Bolsonaro, manifestações pontuais foram registradas em várias cidades, com relatos panelaços nos Jardins e no Morumbi, em São Paulo, e na Aldeota, em Fortaleza. Na zona sul de Belo Horizonte também registrou forte demonstração de apoio. A avaliação dos que testemunharam, no entanto, é que a reação foi menor que o protesto contra o Governo. No final da noite, Bolsonaro fez uma postagem dizendo: “Nunca abandonarei o povo brasileiro”.

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