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Empresário ‘Rei Arthur’ admite compra de votos para escolha do Rio como sede das Olimpíadas, diz jornal

Em depoimento à Justiça americana obtido pelo 'O Globo', Arthur Soares confirmou a participação no esquema que subornou africanos. Sergio Cabral confessou a propina há três meses

O empresário Arthur Soares.
O empresário Arthur Soares.DIVULGAÇÃO
Diogo Magri
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O empresário Arthur Menezes Soares Filho, conhecido como "Rei Arthur", confirmou em depoimento ao Departamento de Justiça dos Estados Unidos a existência de um esquema de propina entre representantes brasileiros e africanos do Comitê Olímpico Internacional (COI) que garantiu a escolha do Rio de Janeiro como cidade-sede dos Jogos Olímpicos de 2016, aponta reportagem publicada em O Globo. Dono do grupo Facility, que prestava serviços ao ex-governador do Rio, Sérgio Cabral, ele assinou um acordo de delação premiada no país, onde foi preso na última sexta-feira. Ele estava foragido desde 2017.

Segundo o jornal, Soares confirma que agiu como operador financeiro a pedido do ex-governador. Cabral confirmou o pagamento em depoimento feito no Brasil há três meses. Segundo a Operação Unfair Play, desdobramento da Lava Jato que apura indícios de corrupção na candidatura do Rio como sede olímpica, o empresário transferiu dois milhões de dólares no dia 29 de setembro de 2009, três dias antes da escolha da cidade como sede, através da offshore Matlock Capital Group para a conta bancária do senegalês Papa Diack, filho de Lamine Diack, presidente da Federação Internacional de Atletismo na época "em busca de votos favoráveis à campanha do Rio de Janeiro". A operação teria sido combinada com Leonardo Gryner, braço direito do então presidente do Comitê Olímpico do Brasil (COB), Carlos Arthur Nuzman.

Arthur Soares constava na lista de procurados da Interpol e era foragido da Justiça brasileira desde abril de 2017, quando deixou o país para viver em Miami. O empresário foi preso pela imigração americana na manhã da última sexta-feira por falta de visto, mas liberado 24 horas depois. A deportação do alvo da Lava Jato foi impedida pelo acordo de delação e não há prazo para a extradição do brasileiro.

Cabral admitiu propina em julho

O esquema de suborno pela escolha do Rio confirmado por Arthur Soares já havia sido admitido pelo ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, para o juiz Marcelo Bretas no mês de julho. O político, já condenado a 198 anos de prisão em nove processos criminais, prestou depoimento no processo em que é acusado de receber 10,4 milhões de dólares em propina de Arthur Soares e ocultar o valor no exterior entre março de 2012 e novembro de 2013. "Pagamos para ter a garantia dos votos", confessou Cabral na época.

O ex-governador contou que o acordo inicial previa a compra de cinco a seis votos entre os membros africanos do COI e outros ligados à federação de atletismo para o Rio de Janeiro com os 1,5 milhão de dólares. No entanto, na noite de 14 de setembro de 2009, os representantes se encontraram em um salão nobre de Paris para uma festa que ficou conhecida como "Farra dos Guardanapos", onde Lamine Diack pediu mais 500.000 dólares para conseguir até nove votos. Cabral diz ter aceitado a oferta. A escolha pelo senegalês, segundo o então governador, se deu graças a uma sugestão de Carlos Arthur Nuzman, que citou Diack como alguém que "se abre para vantagens indevidas". Com nove votos a menos, o Rio de Janeiro não teria superado a candidata Chicago na primeira fase da eleição.

Lamine Diack permanece em prisão domiciliar na França, enquanto seu filho, Papa Diack, é considerado foragido em Senegal. Enquanto Cabral está preso no Rio de Janeiro e Arthur Soares segue vivendo em Miami, Nuzman está em liberdade no Brasil, mas não pode deixar o país. Ele renunciou à presidência do COB e chegou a ser detido pela Unfair Play por 15 dias, mas foi solto com habeas corpus no Superior Tribunal de Justiça.

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