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Incêndio nas Ilhas Canárias avança sem controle e obriga à remoção de 9.000 pessoas

O fogo queimou mais de 6.000 hectares e algumas chamas ultrapassam 50 metros de altura

Las Palmas de Gran Canaria -
Chamas e fumaça do incêndio vistos de Moya (Gran Canária).
Chamas e fumaça do incêndio vistos de Moya (Gran Canária).Borja Suárez (REUTERS)

Cerca de 9.000 pessoas foram removidas de localidades da Cumbre (parte montanhosa) e do norte da ilha de Gran Canária, como resultado do incêndio florestal declarado no sábado em uma ravina no município de Valleseco, território espanhol. Com a primeira luz da manhã teve início um deslocamento sem precedentes na região, com a participação de mais de 700 efetivos em terra e o apoio de 16 aeronaves: quatro hidroaviões, um avião de floresta e 11 helicópteros, nove deles dedicados a combater o fogo e dois para tarefas de coordenação. Segundo explicou o chefe do Governo das Canárias, Ángel Víctor Torres, há 549 pessoas que não poderão retornar a suas casas nesta segunda-feira, mas já estão alojadas em alguns dos mais de 500 abrigos temporários.

A intervenção dos meios aéreos é fundamental para permitir traçar o perímetro dos flancos leste e oeste da área afetada, onde muitas casas correm o risco de serem queimadas. A frente principal está devastando a reserva natural de Tamadaba e, como relatou na madrugada o chefe de Emergências da Prefeitura, Federico Grillo, o fogo está fora de controle e de “qualquer capacidade de extinção", com chamas que ultrapassaram 50 metros de altura. O incêndio é o segundo de grandes dimensões que afeta a ilha neste verão, após o de Artenara no início do mês, que arrasou 1.500 hectares.

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Durante a noite, o avanço do fogo obrigou as autoridades a removerem a população de novas áreas, entre as quais o centro urbano completo de Valleseco (prefeitura com 3.784 habitantes), o bairro de El Carrizal de Tejeda, na Cumbre; e os bairros de El Valle e El Risco, em Agaete, perto do foco do fogo, no noroeste da ilha. As últimas populações removidas foram as de Saucillo, em Gáldar, e Piletas e Troya, em Agaete.

O incêndio já causou enormes danos ambientais, com várias áreas naturais afetadas, incluindo uma das grandes joias verdes da ilha, o parque natural de Tamadaba. Não há registro de vítimas e prejuízos pessoais, apesar de em algumas áreas ter avançado por espaços que os técnicos chamam de "interface", porque mesclam vegetação e moradias.

O ministro da Agricultura, Luis Planas, viaja para a Gran Canária nesta segunda-feira para se reunir com as autoridades locais e acompanhar a evolução do incêndio no Centro de Coordenação de Emergências e Segurança de Las Palmas de Gran Canária. O presidente do Governo (primeiro-ministro) das Ilhas Canárias, Ángel Víctor Torres, informou que na tarde deste domingo recebeu um telefonema do rei Felipe VI, preocupado com a evolução do incêndio.

A cifra de 8.000 desalojados foi calculada a partir do censo oficial dos diferentes bairros afetados pelas remoções. Destes, apenas 400 pessoas passaram a noite nos seis abrigos provisórios habilitados em San Mateo, Teror, Gáldar, Moya, Agaete e Tunte, no último caso, no sul.

Os serviços de socorro também mantiveram contato com as 40 pessoas que à noite receberam a ordem de permanecerem confinadas, para sua segurança, no centro cultural de Artenara, e que serão retiradas dali assim que a situação do incêndio permitir. A orientação para que ficassem nesse local levou em conta que proporciona um refúgio seguro, porque na noite de domingo teria sido arriscado sair da localidade nas condições de propagação do fogo.

Coluna de fumaça do incêndio, em uma imagem do satélite Terra.
Coluna de fumaça do incêndio, em uma imagem do satélite Terra.EFE/EPA/NASA

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