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Prisão de Temer complica futuro da reforma da Previdência, avalia XP

Até agora, Michel Temer se apresentava como um sobrevivente em meio ao escândalo que mudou a política no país e determinou a prisão de Lula

O ex-presidente brasileiro Michel Temer em uma imagem de 2018. / Em vídeo: a perseguição do ex-presidente.Foto: atlas | Vídeo: GETTY IMAGES | atlas
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Michel Temer se tornou nesta quinta-feira em São Paulo o segundo ex-presidente da história do Brasil a ser preso. Temer, que subiu ao poder com o impeachment de Dilma Rousseff e ocupou o Palácio do Planalto até 1o de janeiro, recebeu uma ordem de prisão do juiz Marcelo Bretas, o magistrado da Operação Lava Jato no Rio. Temer, de 78 anos, é detido quase um ano depois de investigações também da Lava Jato condenarem e levarem à prisão o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Após prender o maior líder popular do país, a megaoperação contra a corrupção iniciada em 2014 agora detém agora um dos principais caciques políticos do MDB, a sigla que esteve ligada a todos os presidentes que governaram o Brasil nas últimas décadas, incluindo o de Jair Bolsonaro.

A prisão de Temer está vinculada a uma investigação sobre o suposto desvio de dinheiro para a construção da usina nuclear Angra 3, no Rio de Janeiro. Neste mesmo caso, a polícia também deteve o ex-ministro de Minas e Energia, Moreira Franco. Assim que a notícia foi divulgada, o índice Ibovespa chegou a cair 2,5% e o real se desvalorizou. A XP Política, braço de análise do grupo de investimento, lamentou as consequências das prisões para a reforma da Previdência já que provocaram, em sua visão, "pânico" na classe política. "Um ambiente mais turvo e quente no Congresso não tem como ser bom para a reforma da Previdência. Judiciário e MP, que hoje prendem Temer, são as mesmas categorias que, junto com outras da elite do funcionalismo, farão pressão pesada contra a reforma no Congresso. Quanto maior o empoderamento fora, maior o poder de fogo dentro das Casas", escreveram os analistas em nota enviada a clientes. 

Temer era o vice de Dilma Rousseff e tomou posse em agosto de 2016, depois do impeachment da sucessora de Lula em um dos capítulos culminantes do terremoto que sacudiu principalmente o Brasil, mas também o resto da América Latina sob a investigação de um enorme esquema de propinas em troca de concessões de obras públicas.

No poder, ele conseguiu por duas vezes barrar as investidas da Operação Lava Jato. Os seu aliados na Câmara barraram dois pedidos de investigação feitos pelo então procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Temer perdeu a imunidade e passou a poder ser julgado não apenas pelo Supremo Tribunal Federal como pelos juízes de primeira instância ao deixar o cargo. A Justiça investiga o ex-presidente em vários casos envolvendo suborno, tráfico de influência e lavagem de dinheiro. O mais grave é sobre o suposto pagamento de propinas nas obras do porto de Santos, em São Paulo.

A prisão de Temer devolve o protagonismo a uma Operação Lava Jato que vinha acumulando derrotas em Brasília, a mais recente quando o Supremo decidiu que o crime de caixa 2 seria julgado pela Justiça Eleitoral. É uma vitória política para o ministro da Justiça, Sérgio Moro, ex-juiz da Lava Jato, que amargava reveses, como a recusa do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, em fazer tramitar o pacote anticrime enviado por ele. 

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