56,8% acham que filhos influenciam decisões de Bolsonaro no poder
Segundo pesquisa CNT/MDA, 75% creem que parentes não devem interferir. 38,9% aprovam Governo, taxa que só supera a de Dilma e FHC em segundo mandatos. 57,5% apoiam pessoalmente o presidente
Com quase dois meses de idade, o Governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL) é avaliado como ótimo e bom por 38,9% dos brasileiros. Em 20 anos, o índice de apoio sem reparos à gestão de extrema direita só supera as taxas obtidas por Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e por Dilma Rousseff (PT), no começo de seus segundos mandatos. Em 1999, o tucano obteve aprovação de 27% dos brasileiros, enquanto que a petista, em 2015, não superou os 11%. Os dados foram registrados por seguidas pesquisas da Confederação Nacional dos Transportes, que usou três institutos diferentes para fazê-las, o que as torna um termômetro, ainda que não completamente comparáveis. A mais recente delas, de responsabilidade do MDA e publicada nesta terça-feira, mostra que a reprovação à gestão Bolsonaro é de 19%, ainda que seu apoio pessoal chegue a 57,5%.
Bolsonaro foi eleito com 56% dos votos válidos (cerca de 39% do eleitorado total) e num contexto de intensa polarização política na sociedade. A situação difere da de Luiz Inácio Lula da Silva, que detém o recorde de aprovação em início de mandato, em 2003. Na ocasião, de acordo com os dados da CNT, 56% dos brasileiros aprovavam o seu Governo. A mais rejeitada da série é Dilma, que teve 64% de rejeição, em 2015, quando a crise econômica, a série de escândalos de corrupção e a inabilidade política a estavam levando para sofrer um impeachment, o que, de fato, ocorreu no ano seguinte.
O estudo da CNT/MDA sobre o Governo Bolsonaro mediu o humor da opinião pública a respeito dos principais projetos de Bolsonaro, incluindo a reforma da Previdência. Dos 2.002 entrevistados em 25 Estados brasileiros na pesquisa CNT/MDA, 43,4% disseram que aprovam as mudanças propostas para a Previdência, enquanto que 45,6% a rejeitam. A margem de erro da pesquisa é de 2,2 pontos percentuais.
Um outro levantamento, esse feito pela empresa XP Investimentos, em que o público-alvo eram senadores e deputados federais, ou seja, quem realmente vai decidir quais mudanças ocorrerão para valer, mostrou que quase oito em cada dez congressistas defendem mudanças na Previdência. Na Câmara, 77% dos deputados são a favor de mudanças, e, no Senado, 64% dos senadores. Para aprovação da PEC são necessários os votos de 3/5 dos parlamentares de cada Casa, o que equivale a 60%. Ainda assim, o clima não é de otimismo exacerbado no Legislativo em uma gestão que, até o momento, não conseguiu demonstrar habilidade no trato com o Congresso Nacional – o líder do Governo na Câmara, Major Vitor Hugo (PSL-GO), mal consegue se reunir com os seus pares, o caminho a ser trilhado ainda é longo.
A previsão inicial da gestão Bolsonaro era de que já nesta semana a Comissão de Constituição e Justiça passasse a avaliar a PEC da Previdência. Mas os deputados decidiram que só começarão a dar andamento ao projeto na semana seguinte a do Carnaval, ou seja, depois de 12 de março. Seja como for, os dados da pesquisa CNT/MDA mostram que a batalha pelo apoio da população ao endurecimento das regras não se apresenta fácil. Por isso, o Governo prepara uma nova estratégia de comunicação para tentar convencer parlamentares e a população sobre a importância da reforma. Um dos coordenadores dessa campanha será Carlos Bolsonaro, o vereador-tuiteiro responsável pelas redes sociais do pai na eleição de 2018, e um fator na queda do ministro Gustavo Bebianno da Secretaria-Geral da Presidência.
Visão sobre os filhos
A propósito, a pesquisa CNT/MDA também perguntou os eleitores a respeito da relação de Bolsonaro com seus três filhos também políticos –e sobre Carlos em especial. Para 73,3% dos entrevistados, o vereador do Rio influenciou na queda de Bebianno. Para 56,8%, os filhos do presidente influenciam nas decisões do mandatário no poder. Questionados se parentes, políticos ou não, devem interferir nas decisões de um presidente, 75,1% disseram "não".
O presidente de extrema direita se deparou, em seus primeiros 56 dias no poder, não só com a demissão de um ministro após rusgas públicas envolvendo um filho de Bolsonaro como com a suspeita de que seu partido tenha lançado uma série de candidatas laranjas nas eleições de 2018 e usado dinheiro público para essas campanhas. Há ainda as suspeitas de que um assessor do gabinete de outro filho dele, o senador Flávio Bolsonaro, estivesse arrecadando ilegalmente recursos de outros servidores, mas a pesquisa CNT/MDA não perguntou sobre o assunto.
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